viernes, 17 de octubre de 2014

Por qué está ignorando o mundo a Revoluçom Kurda em Síria? Un artigo de David Graeber para The Guardian.



No médio da zona de guerra síria, um experimento democrático está sendo Enmig de la zona de guerra síria un experiment democràtic està a ser amachucado polo Estado Islámico. Que o mundo nom seja consciente é umha vergonha.
No 1937, o meu pai vai ir de voluntário a luitar com as Brigadas Internacionais na defesa da Revoluçom española. Um golpe de estado feixista fora temporalmente contido por umha revolta obreira, encabeçada por anarquistas e socialistas e na majoria da Espanha tivo lugar umha verdadeira revoluçom social, levando a ciudades enteiras directamente à gestom democrática, as industrias baixo o control obreiro, e ao empoderamento radical das mulheres.
Os revolucionários espanhois esperavam criar umha vissom dumha sociedade libre que o mundo poidesse seguer. Pola contra, os poderes mundiais declararon umha política de “nom intervençom” e mantiverom um rigurosso bloqueio sobre a república, inclusive depois de que Hitler e Mussolini, começaram a suministrar tropas e armas para reforçar o bando feixista. O resultado vam ser anos de guerra civil que acabarom com a supressom da revoluçom e com um dos mais sanguinentas masacres dum século sanguinhento.
Nunca pensei que eu veria, durante a minha vida, a mesma situaçom repetir-se. Obviamente nengum acontecemento histórico ocorre duas vezes. Há milheiros de diferências entre o que passou no 1936 em Espanha, e o que está a passar em Rojava, as tres províncias majoritariamente kurdas do norde de Síria, hoje. Mas algumhas das similitudes som tam impactantes, e tam anguriantes, que sento que me incumbem, como alguem que medrou numha familia cuja política era definida em moitos aspectos pola revoluçom española, ou seja: nom podemos deixar que remate do mesmo jeito outra vez.
A regiom autónoma de Rojava, como existe a dia de hoje, é um dos poucos fachos, de certo um moi reluzente, que emergiu da tragedia da revoluçom síria, Expulsando aos agentes do régime de Assad no 2011, e mália a hostilidade da majoria dos seus vizinhos, Rojava nom só mantivo a sua independencia, senom que é um experimento democrático remarcavel. As assembleias populares fôrom criadas como órgaos de toma de decissom finais, os conselhos seleccionados com coidado equilibrio étnico (a cada concelho, por exemplo, os tres principais conselheiros tenhem de incluir um kurdo, um árabe e um cristiam asírio ou arménio, e quando menos um deles tem de ser mulher), há conselhos da mocidade e de mulheres e, cum notável eco das milicias Mujeres Libres de España, um exército feminista, a milicia YPJ Estrela ( a uniom das mulheres livres, a estrela fai referencia à antiga deusa mesopotámica Ishtar), que tenhem desenrolado umha boa parte dos combates contra o stado Islámico.
Como ode acontecer algo assim e ademais ser ignorado practicamento pola comunidade internacional, e inclusive, dum jeito amplo, pola esquerda internacional? Sobretodo, semelha ser, porque o partido revolucionário de Rojava, o PYD, é aliado do Partido dos Trabalhadores Kurdos (PKK), um movimiento guerrilheiro marxista que desde o 1970 esá numha longa guerra contra o Estado turco. A OTAN, a UE eos USA clasificam-nos de organizaçom “terrorista”. Mestres que a esquerda chamam-lhes estalinistas.
Mas, de feito, o PKK mesmo deixou de ser algo que se asemelhe nem um chisco ao antigo partido leninista e vertical que algum dia foi. A sua evoluçom interna, e a conversom intelectual do seu fundador, Abdullah Ocalan, prisioneiro numha ilha turca desde 1999, levarom-nos a trocar enteiramente os seus objectivos e tácticas.
O PKK declarou que nom procura um Estado kurdo. Em troques, inspirado em parte pola visom do ecólogo social e anarquista Murray Bookchin adoptou a visom do “municipalismo libertário”, chamando aos kurdos à criaçom de comunidades livres e autónomas, baseadas nos principios de democracia directa, que logo se uniriam mas lá das fronteiras nacionais, que com o tempo perderiam o seu significado. Neste sentido, propugerom que a luita kurda poderia converter-se num modelo para um movimiento mundial de cara a umha auténtica democracia, economía cooperativa, e a dissoluçom gradual do burocrático estado-naçom.
Desde o 2005, o PKK, inspirado na estratégia dos rebeldes zapatistas de Chiapas, declarou um alto o fogo unilateral com o estado turco e começou a ocncentrar os seus esforços a desenvolver estructuras democráticas nos territórios que controlavam. Alguns tenhem questionado quanto de sério era todo esto. De certo, quedam elementos autoritários. Mas o que passou em Rojava, onde a revoluçom síria dou aos radicais kurdos a oportunidade de levar à realidade estes experimentos num amplo territorio contíguo, sugire, que nom é fachada.Tenhem-se criado conselhos, assembleias e milicias populares, as propiedades do régimen tenhem-se entregado a cooperativas gestionadas polos trabalhadores, e todo esso, mália os ataques contínuos polas forças da extrema dereita do Estado Islámico. Os resultados cumprem com qualquer definiçom de revoluçom social. No Oriente Médio, como mínimo, estes esforços tenhem-se notado: sobre todo depois de que o PKK e as forças da Rojava intervissem abrindo-se camino com éxito ao través do territorio do Estado Islámico no Iraq para rescatar a milheiros de refugiados Yezedis atrapados no monte Sinjar logo que os Peshmerga locais fugiram. Estas acçons vam ser amplamente celebradas na regiom, mas “curiosamente” quase nom chamarom a atençom na prensa europeia e norde-americana.
Agora, o Estado Islámico voltou com dúzias de tanques feitos nos USA e artilheria colhida das forças iraquis, para se vingar das mesnas milícias revolucionárias de Kobanê, declarando a sua intençom de masacrar e escravizar – si, literalmente escravizar - a toda a povoaçom. Mentres, o exército turco mantem-se na frontera evitando que os reforços ou a muniçom poidam chegar aos defensores, e os avions dos USA pasando por riba fazendo ataques puntuais, simbólicos e ocasionais – polo que semelha, só para dizer que vam intentar apoiar aos defensores dum dos maiores experimentos democráticos do mundo.
Se há um paralelismo melhor que os assassinos falanxistas, devotos superficiais de Franco, quem senom o Estado Islámico? Se há um paralelismo com as Mujeres Livres de España, quem poderiam ser senom as valentes mulheres que defendem as barricadas em Kobanê? Será o mundo, e mas escandalosamente, a esquerda internacional – de verdade cómplice em deixar que a história volte a se repetir?

David Graeber
theguardian.com, Mércores 8 Outubro 2014

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