martes, 3 de febrero de 2009

O Desfile. Poema de Pablo Neruda.


O Desfile
Pablo Neruda
Diante de Mao TseTung

o povo desfilava.

Não eram aqueles

Famintos e descalços

que desceram as áridas gargantas,

que viveram em covas,

que comeram raízes,

e que quando baixaram foram vento de aço,

vento de aço de Ien-an e do Norte.

Hoje outros homens desfilavam,

decididos e alegres,

pisando fortemente a terra libertada

da pátria mais larga.
E assim passou a jovem orgulhosa,

vestida de azul operário,

e junto a seu sorriso,

como uma cascata de neve,

quarenta mil bocas têxteis,

as fabricas de seda que marcham e sorriem,

os novos construtores de motores,

os velhos artesãos do marfim.

andando, andando

diante de Mao,

toda reunida a China,

grão a grão,

de férreos cereais,

e a seda escarlate palpitando

no céucomo as pétalas enfim conjugadas

da rosa terrestre,

e o grande tambor pesava

diante de Mao,

e um trovão escurodele subia saudando-o.

Era a voz antigada China,

voz de coro,

voz do tempo enterrado,

a velha voz, os séculoso saudavam.

E então como uma árvore

de flores repentinasos meninos,

aos milhares,

saudaram,

e assimos novos frutos e a velha terra,

o tempo, o trigo,

as bandeiras do homem por fim reunidas, ali estavam.
Ali estavam,

e Mao sorria

porque lá das alturas

sedentas do Norte

nasceu este rio humano

porque das cabeças de moças

cortadas pelos norte-americanos

(ou por Chiang Kai-Check, seu lacaio)

nas praças,

nasceu esta vida enorme.

Porque do ensinamento do Partido,

com pequenos livros mal impressos,

saiu esta lição para o mundo.

Sorria, pensando nos ásperos anos passados,

a terra cheia de estrangeiros,

fomenas humildes choças,

o Yang Tsé mostrando em seu lombo

os répteis de aço

encouraçados dos imperialistas invasores,

a pátria saqueadae hoje, agora,

limpa a terra, a vasta China límpida

e pisando o seu chão.
Respirando a pátria

desfilavam os homens diante de Mao

e com sapatos novos

golpeavam a terra,

desfilando,

enquanto o vento nas bandeiras vermelhas

brincava e no alto

Mao TseTung sorria.

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