O Desfile
Pablo Neruda
Diante de Mao TseTung
o povo desfilava.
Não eram aqueles
Famintos e descalços
que desceram as áridas gargantas,
que viveram em covas,
que comeram raízes,
e que quando baixaram foram vento de aço,
vento de aço de Ien-an e do Norte.
Hoje outros homens desfilavam,
decididos e alegres,
pisando fortemente a terra libertada
da pátria mais larga.
E assim passou a jovem orgulhosa,
E assim passou a jovem orgulhosa,
vestida de azul operário,
e junto a seu sorriso,
como uma cascata de neve,
quarenta mil bocas têxteis,
as fabricas de seda que marcham e sorriem,
os novos construtores de motores,
os velhos artesãos do marfim.
andando, andando
diante de Mao,
toda reunida a China,
grão a grão,
de férreos cereais,
e a seda escarlate palpitando
no céucomo as pétalas enfim conjugadas
da rosa terrestre,
e o grande tambor pesava
diante de Mao,
e um trovão escurodele subia saudando-o.
Era a voz antigada China,
voz de coro,
voz do tempo enterrado,
a velha voz, os séculoso saudavam.
E então como uma árvore
de flores repentinasos meninos,
aos milhares,
saudaram,
e assimos novos frutos e a velha terra,
o tempo, o trigo,
as bandeiras do homem por fim reunidas, ali estavam.
Ali estavam,
Ali estavam,
e Mao sorria
porque lá das alturas
sedentas do Norte
nasceu este rio humano
porque das cabeças de moças
cortadas pelos norte-americanos
(ou por Chiang Kai-Check, seu lacaio)
nas praças,
nasceu esta vida enorme.
Porque do ensinamento do Partido,
com pequenos livros mal impressos,
saiu esta lição para o mundo.
Sorria, pensando nos ásperos anos passados,
a terra cheia de estrangeiros,
fomenas humildes choças,
o Yang Tsé mostrando em seu lombo
os répteis de aço
encouraçados dos imperialistas invasores,
a pátria saqueadae hoje, agora,
limpa a terra, a vasta China límpida
e pisando o seu chão.
Respirando a pátria
Respirando a pátria
desfilavam os homens diante de Mao
e com sapatos novos
golpeavam a terra,
desfilando,
enquanto o vento nas bandeiras vermelhas
brincava e no alto
Mao TseTung sorria.
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