viernes, 4 de mayo de 2012

BRASIL: Homenagem ao profesor Renato Gonçalves

No dia 30 de abril, mais de 220 pessoas se reuniram em Jaru para prestar homenagem ao Renato Nathan Gonçalves Pereira, assassinado cruelmente pela polícia civil de Ouro Preto D’Oeste no último dia 09. Participaram camponeses de várias áreas, também estudantes, professores, advogados, operários, caminhoneiros e outros trabalhadores de Porto Velho, Ariquemes, Cujubim, Jaru, Ouro Preto, Cerejeiras e Vilhena. Familiares de Renato também estiveram presentes. O ato, organizado pela LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental, contou ainda com a participação do Cebraspo – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, Escola Popular, CPT – Comissão Pastoral da Terra de Rondônia e de Jaru, Núcleo de Assessoria Técnica Popular Dom Antônio Possamai da Diocese de Ji-Paraná, MEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário, DCE – Diretório Central dos Estudantes da Unir, Codevise – Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina, MFP – Movimento Feminino Popular e Unicam – União dos Caminhoneiros de Rondônia. Os 4 cantos de Rondônia estavam representados no ato.

O salão da matriz da Igreja católica estava todo decorado com bandeiras de movimentos populares democráticos, arranjos de flores, bandeiras com o rosto de Renato e um grande painel com uma foto dele. O ato foi aberto com o canto do hino da Revolução Agrária “Conquistar a terra”. Depois foram apresentados vídeo, texto, poesia e músicas lembrando e homenageando a vida e luta de Renato.
Os representantes das entidades presentes se pronunciaram. Em seguida, a viúva do Renato, seu pai e seu irmão receberam uma singela homenagem: flores e quadros do companheiro, ornados com uma fita vermelha. Esta foi uma das partes mais emocionantes de todo o ato.
ato
Em seguida, os participantes realizaram uma vigorosa manifestação pelas ruas de Jaru. Organizados em 4 filas, empunhando faixas, bandeiras e o grande painel com a foto do Renato, gritando palavras de ordem e distribuindo panfletos divulgavam a verdade sobre a vida, luta e morte do companheiro. Os trabalhadores dos comércios, obras e escritórios paravam o trabalho para ver e ouvir a passeata com atenção. Nenhum panfleto ficou no chão. Ex-alunas do professor Renato fizeram questão de carregar faixa e bandeiras com o rosto dele.
Tudo foi muito bonito e organizado. Várias pessoas passaram a noite anterior viajando, outras ficaram acordadas trabalhando nos últimos preparativos. Era bonito ver a disposição dos companheiros, sem nenhuma reclamação, revelando uma consciência elevada sobre a importância da homenagem. Os participantes se dividiram para realizar as taredas de cozinha, segurança, limpeza, organização, decoração e atividades culturais.
O clima entre todos era de muita revolta, tristeza, união, companheirismo, admiração pelo exemplo de Renato, vontade de servir ao povo e consciência da necessidade de continuar sua luta.

A verdade sobre a vida e luta de Renato e seu covarde assassinato
manifestao_jaru_rodoviariaSegundo informações de moradores, a moto de Renato estava em pé, com a seta ligada e com o capacete no guidão, que é o comportamento padrão dos moradores da região diante de uma abordagem policial. No corpo de Renato havia sinais de tortura. Ele foi atingido por um tiro a queima roupa no rosto e dois tiros na nuca. No Boletim de Ocorrência consta que a polícia foi acionada por volta das 5:53 da manhã do dia 10. Mentira, pois nas fotos do corpo do companheiro no local do assassinato é possível ver que ainda estava escuro. No dia seguinte, com a desculpa de avisar parentes, a polícia arrombou a casa do Renato sem ordem judicial e sem a presença de testemunha. Pelo menos 10 policiais civis e militares reviraram seus pertences e cavaram buracos no quintal, enquanto sua obrigação era identificar os assassinos dele. A polícia não chamou a perícia, não procurou cápsulas deflagradas.
O ato cumpriu o objetivo de desmoralizar a polícia, verdadeiros bandidos. A verdade é que a polícia de Ouro Preto assassinou o companheiro Renato sob o manto de proteção do comando do major Ênedy. Desde que este assumiu a PM de Ariquemes oficializou-se uma campanha orquestrada entre latifundiários, aparato repressivo do Estado, judiciário, pistoleiros, bandidos e oportunistas para assassinar os camponeses que resistem em lutas cada vez mais massivas pela terra.
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Após o covarde assassinato de Renato a polícia afirmou que a LCP é responsável por 80% dos assassinatos em Buritis, que a LCP estava vinculada com roubo de madeira e gado, violência e humilhação contra trabalhadores em tomadas de terra. Sem prova alguma, a polícia disse que Renato não era professor e sim pistoleiro e traficante de armas. Mentiras desprezíveis para confundir a população.
O ato resgatou quem realmente foi Renato: por onde quer que tenha passado deixou uma infinidade de amigos pelo seu jeito simples de tratar as pessoas, por sua enorme dedicação ao trabalho, senso de justiça e solidariedade. Também era contagiante sua firmeza, coragem e sua fé inabalável na luta combativa e organizada do povo. Renato tinha 28 anos, era casado e pai de uma filha de 2 anos. Ele não se contentava em ter seu pedaço de terra e cuidar de sua vida, lutava para que todos camponeses pobres conquistassem este direito e lutava para deixar um mundo melhor para sua filha e as futuras gerações.
O ato resgatou quem é a LCP. O latifúndio e o velho Estado têm tanto ódio do movimento camponês combativo porque têm medo que a grande massa de camponeses pobres sem terra ou com pouca terra se organizem, saibam que a luta pela terra é justa, é sagrada e que este direito só será conquistado com luta.

Seguir e ampliar a luta pela punição dos assassinos de Renato
A Abrapo – Associação Brasileira de Advogados do Povo fez uma Carta responsabilizando o governador Confúcio Moura (PMDB) e a presidente Dilma (PT) pelo assassinato covarde de Renato e outros camponeses em luta pela terra. A Carta já conta com quase 200 assinaturas de movimentos e entidades populares democráticas e de Direitos Humanos, advogados, médicos, intelectuais, professores e estudantes, profissionais liberais e outros trabalhadores do Brasil e de vários países. É importante seguir e ampliar esta campanha. É importante unir todos movimentos populares democráticos para defender a luta camponesa combativa, enfrentar e impedir reintegrações de posse de áreas onde camponeses vivem com dignidade, produzem e dão um destino social à terra. É importante seguir a luta e o sonho do companheiro Renato.
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

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