Liga dos Camponeses Pobres ocupa Incra de Rondônia
Por Resistência Camponesa
Após Ato Público e Manifestação ocorrida em Porto Velho na manhã e tarde de hoje, camponeses organizados pela Liga dos Camponeses de Rondônia e Amazônia Ocidental – LCP/RO dirigiram-se ao INCRA para audiência com o Superintendente do órgão. No local obtiveram a informação que o mesmo encontrava-se fora do Estado. Em reunião com o superintendente substituto os camponeses obtiveram a notícia da impossibilidade de obter informações concretas e soluções plausíveis sobre a situação de áreas ameaçadas de despejo, imediata regularização de posses de áreas que tem até 12 anos sem serem regularizadas. O Ato Público e manifestação trouxe a memória de um dos maiores conflitos agrários da história recente do Brasil: o Massacre de Corumbiara, que neste dia 09 de agosto de 2013, completa 18 anos sem que nenhum mandante fosse punido e nenhuma vítima do conflito fosse indenizada.
Dezenas de mulheres e crianças somam-se a seus esposos nesta ocupação. Entidades de Direitos Humanos, como o CEBRASPO – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, ABRAPO – Associação Brasileira dos Advogados do Povo e a CPT – Comissão Pastoral da Terra acompanham a ocupação para evitar eventuais excessos ou tentativas de despejo contra as famílias por parte da Polícia Federal. Enquanto aguardam, a ocupação é por tempo indeterminado.
“Conclamamos a todos os camponeses e camponesas de todas as organizações camponesas de Rondônia e acampados de áreas sem vinculação a qualquer movimento social a se somarem a esta luta. Diversas áreas camponesas ainda estão pendentes de serem regularizadas, como as áreas Zé Bentão, Renato Nathan (áreas da fazenda Santa Elina, Corumbiara), Canaã, Raio de Sol (região de Jaru e Ariquemes), Jacinópolis (Região de Buritis), Che Guevara (Alto Alegre dos Parecis), são apenas alguns exemplos de inoperância do INCRA. Ao invés disso a Ouvidoria Agrária Nacional investe em repressão contra acampamentos. Famílias inteiras aguardam à beira de estrada uma reforma agrária que não vem. Por isso, defendemos que o povo deve ocupar as terras e cortar por conta própria. Estamos cansados de promessas, de desculpas. Queremos uma resposta concreta. Aguardamos o Ouvidor Agrário Nacional e o Superintendente do INCRA para dar uma resposta concreta”, concluiu uma coordenadora da LCP.
“O INCRA e a Ouvidoria Agrária age como se fossemos bandidos. Não aceitamos mais negociações com a presença de policiais de qualquer patente. Somos trabalhadores e exigimos respeito. Polícia é pra prender político corrupto, não pra reprimir o povo. Seguimos o exemplo da manifestação de jovens e do povo brasileiro que se levantou em todo o Brasil e denunciamos que a reforma agrária do governo Dilma é uma mentira!”, foi enfático um jovem acampado.
Professores e estudantes da UNIR organizam campanha e mobilização para que a população de Porto Velho apoie em vigília esta ocupação do INCRA. “Convidamos os estudantes e a comunidade em geral para apoiar esta ocupação, inclusive para coibir qualquer ação truculenta por parte do Estado. Os camponeses de diversas áreas apoiaram a nossa ocupação da reitoria na greve de 2011. Agora estamos retribuindo o apoio enquanto solidariedade de classe” foi enfático um estudante de Pedagogia acompanhado por colegas de outros cursos.
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