miércoles, 10 de junio de 2015

O comunismo antirrevissionista: entender e transformar o mundo. Un documento dos camaradas do Ateneu Proletário Galego.


Antirrevissionismo


Índice
1 Introduçom.
2 As relaçons sociais.
3 O caráter de classe.
4 As grandes tendências históricas.
5 A Grande Depressom económica e a ofensiva capitalista.
6 A indepedência de classe.
7 A contradiçom social hegemónica.
8 A origem do nacionalismo.
9 A origem das naçons.
10 Transformar o mundo.

1-Introduçom
Muitas som as perguntas que temos que fazer. Muitos os temas que aclarar. Desde as questons mais gerais e decisivas que giram a volta da nossa própia existência como comunistas galegas e sobre os enimigos do povo trabalhador, como outras mais concretas.
A origem e desenvolvimento da naçom, das classes, da luita entre as classes, do estado, do nacionalismo, etc. Sem esquecer as problemáticas metodológicas que formam a base do Marxismo.
Um dos importantes temas em discussom é a relaçom entre a opressom nacional coa sua luita de libertaçom e as contradiçons entre as classes com a revoluçom proletária. Ou sobre o estilo e método de trabalho, a teoria revolucionária, a linha política, etc.
Nos nossos artigos temos intentado responder a estas e outras questons. O necessário trabalho para isto obrigou-nos a estudar em fundura a origem das naçons, das classes sociais, dos nacionalismos. Tamén a relaçom entre as ideias e práticas políticas concretas e os sujeitos históricos que som as classes sociais.
O trabalho que levamos realizado como destacamento comunista deu como fruito a nossa linha política.
Nesta publicaçom que tes aqui queremos dar um visom geral de alguns dos principais pontos da nossa linha política. Desejamos que vos seja útil para entender o mundo, para transformalo e que favoreça na luita de duas linhas entre a vanguarda proletária.
Empregando o Marxismo -o Materialismo Histórico- é impossível crer que detrás da autodeterminaçom nacional que proclamam umhas determinadas pessoas e organizaçons nom estejam os interesses dumhas classes sociais reais. Crer que os partidos som um conglomerado de ideias abstratas, Pensar que as grandes decisons políticas, que os grandes feitos históricos, se devem a vontades individuais de determinadas pessoas, provoca que sejamos incapazes de entender nada da história. O que ademais fará que nom podamos atuar conscientemente.
Estudar as luitas revolucionárias de outros povos sempre foi um dos nossos objetivos. É de estas experiências históricas reais de onde aprendemos. Neste aspeto temos que destacar que ademais das mais afamadas revoluçons (Rússia, China, Cuba, Vietname), é muito interessante analisar tanto os processos revolucionários que estam triunfando (Índia, Filipinas, Turquia)., como os fracassos de outros processos que no seu dia forom muito importantes (Peru, Colômbia, O Salvador, Nepal). Particularmente interessante neste momento parece-nos o caso do Brasil, onde o movimento revolucionário está medrando com grande força.
2-As rerlaçons sociais
Marx once teses sobre Feurbath, Tese VI:
Mas a essência humana nom é algo abstrato e inato da cada pessoa. É na realidade o conjunto de relaçons sociais”.
Tese VIII: “Todos os mistérios que descarrilam a teoria em direiçom ao misticismo, tomam soluçom na prática humana e na comprenssom de essa prática”.
Foi precisamente este descobrimento de Marx o que deu origem a autêntica ciência social. Como as relaçons sociais som objetivas, mediante o estudo do comportamento social destas podemos topar as chaves da realidade. Graças a isto foi que Marx puido identificar aos sujeitos históricos: as classes sociais.
O segredo das sociedades humanas é que som relaçons sociais objetivas. A riqueza, o poder político, as religions, etc, nom som mais que relaçons sociais. Nom é o ouro por ele mesmo, nem a natureza, nem a psicologia, nem qualquer outra cousa. A natureza nom é quem lhe da um valor económico ao ouro, ou ao dinheiro, etc, senom a sociedade. O mesmo passa com todas as formas de propriedade, de poder político, etc. O feito de que as pessoas protejam, sirvam, trabalhem, obedeçam, ataquem, prendam, etc, a outras pessoas é o que cria o valor de troca, o poder político, a riqueza, a sanidade, os estados, etc.
Ademais como as relaçons sociais som objetivas podem quantificar-se, medir-se, como qualquer outro fenómeno objetivo, é dizer ao margem das opinions que tenham as pessoas que intervirem num fenómeno social e à margem do observador externo.
3-O caráter de classe
Umha das questons que temos que ter mais claras é que numha sociedade dividida em classes sociais todas as práticas políticas (a atividade do estado e a luita contra el), assim como qualquer ideia política, tem um caráter de classe no seu interior. Isto quer dizer que o estado, a democracia, todas as instituçons, partidos, etc, nom podem existir sem este caráter de classe. Por tanto nom pode haver democracia pura, nem justiça pura, nem instituçom que nom seja o instrumento dumha classe social, devido a que a hegemonia desta contradiçom condiciona toda a existência das pessoas.
Sucede ademais que como todas as práticas e ideias políticas tenhem um caráter de classe, tamén as organizaçons tenhem um caráter de classe. O que nos obriga a plantejar: que é o que marca o caráter de classe dumha determinada organizaçom? O que marca o caráter de classe dumha organizaçom é o seu programa político, junto com as suas práticas políticas e nom a sua composiçom social. É precisamente este feito o que clarifica a realidade histórica que nos rodeia. Feito que serve para entender a complexidade das relaçons sociais. Assim umha organizaçom pode ter umha composiçom inter-classista mas nom umha prática política inter-classista, nem um programa inter-classista. Umha organizaçom pode estar formada por obreiras e obreiros mas ter um caráter burguês e incluso fascista.
Se umha organizaçom política operária, de esquerda, reivindicativa e supostamente comunista, na realidade só busca reforçar as mentiras sobre a suposta democracia, ou reformar as instituçons do estado espanhol para que funcione melhor, polo que nom se enfrenta ao estado, senom a determinadas práticas dum determinado governo. Neste caso temos que ter claro que é umha organizaçom burguesa à margem da sua composiçom social.
4-As grandes tendências históricas gerais
Se há um feito chave para entender a realidade mundial atual é a caída dos estados obreiros, que culminou nos anos 1989-1991. A caída da URSS e demais estados operarios deveu-se a fatores internos (as classes sociais destas sociedades que som os sujeitos históricos) e nom a fatores externos (ao imperialismo). A URSS e o Estado Popular Chinês, nunca forom derrotados, nem militar, nem económica, nem tecnologicamente. Nom foi a tam criticada “carreira armamentista”, nem a “carreira espacial”, nem nada disto. Os estados obreiros tinham realizado tanto grandes avances tecnológicos, como demonstrado as maiores taxas de eficácia no aproveitamento de recursos para criar bem-estar social. tamén demonstraram os maiores índices de medre económico.
A desapariçom da URSS supunha-se que era o fim da guerra fria, das reservas de foguetes nucleares intercontinentais, dos grandes gastos militares, etc. Mas o que sucedeu foi a criaçom de dous grandes blocos imperialistas (USA-UE, China-Rússia). Despertando umha crescente tendência ao enfrentamento entre estes dous blocos imperialistas que os dirige à guerra, abrindo a porta às burguesias de cada naçom para buscar alianças com um ou outro.
Podemos estar seguros que si a atual Grande Depressom económica capitalista se prolonga a tendência ao enfrentamento entre os dous blocos imperialistas, levará a humanidade a umha nova guerra mundial.
5-A Grande Depressom económica e a ofensiva capitalista
A partir do 2008 vivemos numha Grande Depressom económica mundial que afeta dumha maneira diferente em cada naçom. As burguesias iniciarom umha ofensiva contra as condiçons de vida do povo trabalhador conseguindo diminuir a parte da riqueza social coa que quedam as classes trabalhadoras, como meio para aumentar os seus ganhos. A disminuçom dos gastos do estado burguês em sanidade, educaçom, pensions, prestaçons sociais, etc. A baixada dos salários, o aumento do desemprego, dos gastos familiares e individuais em sanidade, educaçom, etc. O empioramento das condiçons de vida do povo trabalhador dam-se em maior ou menor medida em todo mundo.
Em este processo assistimos a depauperaçom do proletariado, a proletarizaçom da aristocracia obreira e a ruína da pequena burguesia.
Outro efeito secundário foi a perda de influência das pessoas que ocupam cargos no estado e do conjunto das instituçons “públicas” ou privadas. O que origina esse clima de indignaçom social tam pressente. Assim, nas sociedades modernas (enquanto a enfrentar-se ao estado) o habitual é que primeiro mudem as suas condiçons de vida e depois mude a sua mentalidade.
Mas a indigmaçom social nom é suficiente para cobater de umha forma eficaz ao estado e as ilusions nas reformas. A isto somam-se as múltiplas derrotas que sofreu o movimento comunista internacional. Ao mesmo tempo tamém fai que destaquem as luitas que si que estamos ganhando. Como passa em Turquia (TKP/ML, TIKKO ), em filipinas (CPP, NPA), na Índia (CPI (maoist), EGLP), ou em Manipur (PC de Manipur – maoista).
6-A independência de classe
Um estado moderno só pode ser burguês ou proletário. Só estas classes sociais podem ter umha alternativa de sociedade moderna e polo tanto de estado, etc. Estas som as duas únicas classes que podem ter umha autêntica independência. As demais classes e setores sociais em última instância tenhem que somar-se, que aliar-se, a umha das duas únicas alternativas, ou a burguesa ou a proletária.
7-A contradiçom social hegemónica
No interior de cada sociedade há um grande número de contradiçons diferentes. Contradiçons como a de género entre homens e mulheres, os diferentes projetos nacionais, a descendência e os progenitores, alunos e mestres, campo e a cidade, etc.
Mas o que sucede nas sociedades modernas é que a contradiçom entre as classes traspasa qualquer barreira, transformando a natureza das outras até o ponto que as restantes contradiçons sociais tenhem umha entidade diferente nas pessoas segum a classe social a que pertençam. De maneira que esta contradiçom -entre as classes- obtém um caráter ao que chamamos hegemónico. E outorgamos-lhê esta categoria para deixar claro que nom se trata dumha simples diferença quantitativa entre esta contradiçom e o resto, senom que esta contradiçom condiciona todas as demais.
Daí que umha obreira galega nom sofre por um lado a contradiçom de classe, por outro a de género e por outro a nacional.
Podemos entende-lo melhor se vemos os efeitos práticos. Ou seja que na realidade a obreira galega nom tem umha luita comum de género com a mulher burguesa. Nem a obreira galega tem umha luita de libertaçom nacional em comum com um burguês galego. Trata-se por tanto dumhas alianças que nom tenhem sentido.
O que pode suceder é simplesmente que determinadas medidas do poder político burguês favoreçam as mulheres burguesas e as obreiras, ou tamém que estas medidas favoreçam ou solucionem a opressom nacional. Mas estas contradiçons na sociedade estam “contaminadas” da contradiçom entre as classes, pois esta é a que se atopa necessariamente na própria natureza da existência de qualquer poder político na sociedade.
8-A origem do nacionalismo
Primeiramente gostaria-nos que clarificar um ponto que nom foi estudado em demasia. Quando Marx e Engels analisarom as sociedades humanas no século XIX e incluso nos primeiros anos do século XX os estudos em antropologia social, etnografia e etnologia eram mui escassos. Em essa época era aceitado polos historiadores a hipótese de que as sociedades nacionais nascem com o capitalismo. Na idade meia a maioria das bandeiras representavam a famílias reais, os militares juravam lealdade ao rei ou rainha, as cidades tinham aduanas que impunham aranzéis, os estados eram territórios semi-independentes dominados por umha família aristocrática que se comprometia a enviar forças militares se lho pedia um aristocrata mais poderoso com o que tinham umha aliança, etc. Polo que foi coa burguesia como se unificarom os territórios em estados formados por umha ou mais naçons. Ademais nesta época deram-se outros dous feitos fundamentais, como som que amenta-se o número de pessoas alfabetizadas e o nascimento histórico do nacionalismo.
O nacionalismo nasceu coa classe burguesa como instrumento de legitimaçom (ante a rutura coas anteriores tradiçons aristocráticas e clericais) em substituto da religiom, como a falsa consciência que justificava o sistema social existente.
O Estado Espanhol sustenta-se com o nacionalismo espanhol. Por essa raçom a crítica a este nacionalismo é umha obriga para as comunistas e os comunistas de qualquer naçom do estado. Sem que a classe obreira se livre do nacionalismo espanhol é impossível que adquira consciência.
9-A origem das naçons
Ainda que Marx e Engels nom puderam ver os datos que o demonstram, hoje é muito maior os estudos de sociedades primitivas, polo que o materialismo histórico tem suficientes elementos para poder afirmar que a existência das naçons -como identidade e como relaçom social objetiva das pessoas- nom só é pré-capitalista, senom pré-classista.
A primeira sociedade de homo sapiens sapiens nom utilizou umha língua neutra que deu origem a todas as demais. Senom que a primeira língua (da nossa espécie) já tinha tanto normas gerais que ainda existem nas nossas línguas, como particularidades, significantes, exceiçons, etc, que som únicas, que som características dum determinado idioma.
Temos que entender que as primeiras naçons eram sociedades nómadas polo que se desplazavam por um território segum as condiçons do ecossistema. tamém temos que ter claro que os povos nom som algo eterno senom que nascem e desaparecem dumha maneira digamos “natural”, entendido como um fenómeno ou atividade espontâneo e habitual, (se é que se pode empregar “natural” para referir-se um fenómeno das sociedades humanas). Isto até o momento em que aparecerom os estados (é dizer as classes sociais). Circunstância a partir da cual as classes sociais dominantes utilizam os mecanismos dos mesmos para destruir certos povos, basicamente recorrendo ao genocídio, a repressom e a assimilaçom.
Umha naçom é umha relaçom social objetiva entre umhas pessoas, que pode criar umha identidade própria e concreta destes sujeitos: linguística, psicológica, de hábitos, económica, etc.
A contradiçom e a luita de classes dá-se dentro da sociedade nacional, entre as partes (as classes) que a formam. Ao mesmo tempo desde a apariçom do capitalismo imperialista, ao gerar-se umha economia mundial, com um comercio mundial, umha divisom do trabalho mundial e por tanto uns interesses políticos mundiais, tamén aparece umha luita de classes a nível mundial.
Este tem que ser um critério do Marxismo moderno, frente a um Marxismo dezimonónico que nom entende o método comunista e que requer dumha cita de Marx para poder existir.
Numha sociedade dividida em classes todos os conceitos, toda teoria social, todas as organizaçons tenhem umha pegada de classe. Habitualmente tenhem os prejuízos das classes dominantes e excecionalmente da classe ascendente que se enfrenta a estas.
Desde qua nossa espécie existe todas as pessoas temos umhas caraterísticas nacionais. Nunca existiu um obreiro abstrato, universal, sin unhas características nacionais. Caraterísticas que de formas distintas estam pressentes em nós, formado parte de todas as pessoas que existirom no nosso planeta.
A ideia da naçom e da pátria nom pode escapar da divisom social que significa ser de umha classe com uns interesses determinados. De maneira que na unidade social objetiva com umha dinâmica interna própria que é a naçom, os interesses de cada classe som antagónicos. Desta forma seguindo a Lenine podemos afirmar que “em cada naçom há duas naçons”. Por um lado está a naçom dos exploradores e polo outro a naçom dos explorados. Na naçom dos explorados podemos topar toda a beleza, toda criatividade, toda ternura, das camponesas, marinheiros e obreiras que formarom e formam o povo trabalhador galego. Mas tamén podemos topar com todos os prejuízos reacionários que a aristocracia, o clero e a burguesia galega tenhem difundido em toda sociedade.
Numha sociedade capitalista a pátria, a propriedade “pública”, as salas de reunions, as ruas, etc, estam ao serviço da burguesia. A naçom e a pátria som ideias que na boca dum burguês estam a prestança dos interesses da sua classe. Deste modo, se um obreiro repete estas mesmas ideias burguesas está servindo aos interesses da burguesia. Pois as ideias políticas burguesas estam em primeiro lugar para ocultar o caráter de classe do estado e de toda a sociedade.
Nem a pátria, nem qualquer outra cousa pode escapar da contradiçom entre as classes.
Ademais na maior parte da história de todos os povos o interno é o fundamental e o externo o secundário. Ademais o externo atua a traves do interno. Daí que o poder político externo acaba transformando-se num conflito entre sujeitos históricos da sociedade. É neste processo como a luita de livertaçom nacional galega acabará transformando-se numha guerra civil revolucionária.
Nom podemos deixarnos enganar pola burguesia galega. Nem no estado espanhol, nem em um estado burguês galego existem os interesses nacionais, nem a pátria, nem a propriedade social. A nossa pátria construira-se quando o povo trabalhador galego possua o poder político, construira-se com um estado proletário galego, sobre a base da propriedade social e do autogoverno das massas que formam o povo trabalhador, com critérios científicos e democráticos. Sobre esta base criaremos as novas relaçons entre as pessoas, essa será a nossa verdadeira pátria socialista galega.
Umha parte desta pátria socialista galega já existe agora, -porque o novo nasce do velho- está nas pessoas, nos hábitos mais avançados.
Etnogênese
A etnogênese é a busca da origem das diferentes sociedades humanas. Como se produz a sua apariçom e a sua desapariçom como sociedade. Como as naçons se transfomam em outras ao longo do tempo. A etnogênese leva ocupando a ciência social desde há mais de 150 anos.
A continuaçom vejamos o que dizem alguns dos primeiros autores que trataram este tema. (1) : “…A agregaçom de casas forma a tribo. A agregaçom de tribus forma a naçom (commonwealth).” H J Sumner Maine (1861).
Em um período posterior a uniom de tribos em um território, como naçom, substitui à confederaçom de tribos que ocupavam espaços independentes. Esta foi a organizaçom substancialmente universal da sociedade antiga.” L H Morgan (1877).
Tamén F Engels em “A origem da família, da propriedade privada e do estado”, tratou este tema. (1884): “Em certas comarcas tribos que eram parentes na sua origem, que se separarom depois, reunirom-se de novo em federaçons permanentes dando desta maneira o primeiro passo na formaçom da naçom.”
Particularmente interessante parece-nos o caso dos guaranis.
Um povo composto por 8 milhos de pessoas, que habita nos estados de Brasil, Paraguai, Bolívia, Uruguai e Argentina. A arqueologia afirma que os guaranis existem como povo diferenciado (separando-se do tronco Tupiguarani) desde como mínimo mil anos Antes da Nossa Era (Noelli [1993], Soarez [1997]).
Sendo um dos povos indígenas com mais estudos etnográficos, arqueológicos e literatura científica. Autores como : Oliveira (1976), Noelli (1993) , Barth (1998), etc.
Noelli demostra que os guaranis buscam o “Nhande Reko”, umha “maneira de ser” autenticamente Guarani. Umha “maneira de ser”, “O que nós fai ser nós”, “o que nós somos”, “o que somos todos nós” “o jeito de ser”, “o nosso jeito”, som algumhas das expressons com que se traduz esse conceito que define a identidade Guarani. (ver nota *). Umha identidade que tem mais peso nas zonas onde os conflitos com outros grupos som mais frequentes.
Proto-patriotismo
Na relaçom dos guaranis com outros povos deu-se o perigo de perder a sua identidade, o que os levou a reafirmar-la, até o ponto de provocar umha auto-afirmaçom, criar um conceito, que se transforma numha frase, depois esta frase transforma-se numha expressom, mais tarde esta frase recortou-se até ser um nome com duas ou umha palavra (Nhande Reko).*
Este “Nhande Reko” é um fenómeno social do que podemos topar a sua existência em outros povos. Trata-se dum conceito, dumha atitude, que nom só é passiva e conservadora -como poderíamos supor- Senom que implica reivindicar a identidade própria dando-lhe protagonismo e importância a elementos (comportamentos, frases, decoraçom, roupa, rituais, costumes, dieta, etc), que antes nom tinham nengumha transcendência. Ademais esta nova transcendência produz umha predisposiçom a recalcar certos componentes culturais dumha determinada sociedade. Assim que umha decoraçom, umha determinada prenda de vestir, umha frase, ou um determinado hábito; de repente volve-se mais marcado. Pode que um motivo decorativo ganhe protagonismo, colhendo um novo significado, volvendo-se de maior tamanho. Que umha costume ritual dure mais tempo (saudos, despedidas, festas, etc), ou que um determinado objeto passa a ter umha importância simbólica, etc.
O “Nhande Reko” é a maneira como o povo guarani reivindica a sua identidade em diferentes circunstâncias da vida.
O que demonstra a etnologia (ou antropologia social) é que há casos em que incluso povos sem classes, nos que se da umha relaçom de enfrentamento com um estado e com colonos, num primeiro momento produze-se umha convivência das costumes tradicionais deste povo e das novas costumes, mas quando as novas costumes som tam habituais e significativas que lhe dam umha nova identidade a estas pessoas, provoca que apareça umha reaçom contrária -em determinados indivíduos- deste povo. O que leva a umha reafirmaçom da sua identidade nacional. Umha reafirmaçom nacional que busca remarcar simbolicamente a sua identidade. O que cria a consciência de que é necessário afirmar-se como membro dumha comunidade que é fruito dum legado ancestral. Algo que nom representavam anteriormente nengum dos usos, dos objetos, etc, que desde esse momento formam parte de esta revindicaçom nacional.
Temos que entender que nom é o mesmo reconhecer-se como membro dumha comunidade, que ter umha expressom que afirma que umhas formas, usos e costumes, som as próprias e que devem de ser generalizadas. De maneira que ao fim o “Nhande Reko” é umha subjetividade que se transforma em comportamentos, em relaçons sociais, tendo como premissa que os guaranis tenhem o dever de ser guaranis. Polo que podemos dizer que estamos ante umha praxe autenticamente proto-patriótica ou proto-nacionalista. Este proto-patriotismo de sociedades sem classes sociais é algo diferente ao nacionalismo das sociedades classistas. De nengumha maneira podemos confundir este feito, mas o importante é a constataçom de que espontaneamente o enfrentamento com o elemento externo, pode levar a umha toma de consciência, a umha revindicaçom nacional e a apariçom dumha resistência espontânea contra o estado opressor, incluso em povos mui primitivos como o guaranis. Povos que na sua língua nem tam sequer tinham umha definiçom, umha palavra para descrever ao estado.
10-Transformar o mundo
A teoria revolucionária é o fruito do estudo das experiências da prática social ao longo da história de cada povo.
O destacamento comunista é em primeiro lugar um organismo criado especifica e conscientemente para a elaboraçom coletiva e metódica da imprescindível teoria revolucionária. Conta com um método de análise e um método de trabalho.
A funçom do destacamento comunistas é: elaborar, proclamar (publicar, estender), defender (luita de duas linhas) e aplicar (mobilizar): a teoria revolucionária.
Elaborar, proclamar, defender e aplicar: a teoria revolucionária.
O destacamento comunista é um instrumento específico dumha parte da vanguarda proletária dum determinado povo. Deve ser organizado para realizar um trabalho coletivo de estudo crítico da prática histórica concreta. De maneira que o destacamento tem que organizar-se na prática para este estudo coletivo. Tem que organizar-se para a elaboraçom, publicaçom, divulgaçom e agitaçom, da guia para a açom que é o socialismo científico Mediante o método de trabalho da crítica e auto-crítica coletiva, Utizando a formula de praxe-crítica-praxe da realidade e sobre a realidade social.
O partido proletário de novo tipo é umha relaçom social objetiva que une a teoria revolucionária e o movimento revolucionário, ou o que é o mesmo a vanguarda e as massas.
Umha relaçom social objetiva é algo real, que pode ser medido. Nom é um sentimento, umha opiniom. De nada vale que un gran grupo de comunistas nos unamos. Se nom podemos ligar esa teoría aun movimento real. Se nom podemos elevar as massas até que tomen como guia a teoria revolucinária.
Som as grandes massas que formam o povo trabalhador as que fam a história. Mas se nom conseguimos que estas massas tomen como guia a teoria revolucinária fusionando-se com a vanguarda, se nom logramos fundir esta teoria a un movimento revolucinário real, por mui boas intençons que tenhamos, por muitos comunistas que nos juntemos, seguiremos sen ter un partido proletário de novo tipo. E temos que ter compreender que só as massas armadas e organizadas conscientemente poden criar os instrumentos de contrapoder revolucinários, desenvolver a guerra popular, acabar com o capitalismo e construir umha sociedade socialista.
No nosso pais vemos como outras organizaçons comunistas ou bem reclamam a independência tendo em maior ou menos medida como base umha falsa imagem de Galiza como umha sociedade colonial, ou bem reclamam estrategicamente a autodeterminaçom.
Nós apostamos estrategicamente pola independência nacional -tendo consciência real da sociedade galega- e taticamente por cada proposta ou processo de auto-determinaçom concreto.
A aposta pola toma do poder polo proletariado galego e a independência como objetivos estratégicos tem umhas bases teóricas: a tese da origem pré-classista da naçom, a conceiçom da sociedade nacional como unidade social dividida em classes -contrários- em luita, a luita de classes nacional com a sua dinâmica interna particular, a luita de classes mundial, a conceiçom do nacionalismo espanhol, do Estado Espanhol como aliança da oligarquia espanhola e da burguesia galega, do caráter hegemónico da contradiçom entre as classes sobre todas as demais contradiçons sociais, a concepçom sobre a transformaçom da luita de libertaçom nacional em guerra civil revolucionária, a caraterizaçom da situaçom histórica como de resistência espontânea do povo trabalhador galego, a guerra popular, etc.
Por essas raçons vemos a a autodeterminaçom nacional -dentro do Estado Espanhol- como algo que nom está na nossa folha de rota. Algo sobre o que decidiremos taticamente em cada momento, se por circunstâncias históricas alheais ao proletariado nos topamos com ela no caminho.
Soma-te a divulgaçom do comunismo antirrevisionista.

Notas
(1)-Sumner Maine (1888-1922), Lewis Henry Morgan (1818-1881), Lewis Henry Morgan (1818-1881)

*há várias maneiras de escrever esta palavra “Nhande Reko” com outras ortografias (Sustituçom de “nh” por “ñ”, tamém todo junto: Nhandereko, Nhandereke, Nhanderek, Nhande Recó).
Nhande pode traduzir-se numha frase por: nós, todas nós, todos nós.
Reko pode traduzir-se numha frase por: ter, conviver, ser, maneira de ser, cuidar, hábitos.
Nhandehegui : “connosco”. Nhande va’e : “nós as pessoas”. Nhande’i va’e : “nós” (os guaranis). Nhandevi (nhandevy) : “a nós”, ou “para nós”. Nhandeaivu (nhandeayvu) : “a nossa lingua”. Nhandegui : “de nós”. Nhandere : “com respeito a nós”, “em nós”. Nhanderuete (nhanderu, nhandejára) : “deus”, “a nossa divinidade”, “o nosso senhor”, “o nosso pai verdadeiro”. Nhandereke’i (nhandereke’y) : “o nosso irmam mais grande”.

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