martes, 20 de octubre de 2015

BRASIL: NEM UM PASSO ATRÁS! DEFENDER OS 23 É UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO PARA TODOS OS LUTADORES! Un artigo do camarada Igor Mendes.





NEM UM PASSO ATRÁS! DEFENDER OS 23 É UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIO PARA TODOS OS LUTADORES!
15.10.15

IGOR MENDES - Tribuna da impresa.



Às vésperas da abertura do prazo para a publicação das sentenças no processo contra os 23 ativistas políticos da Copa, a Rede Globo, em matéria mentirosa e mal escrita, prepara o terreno para nossa condenação. O site G1 chegou ao ponto de dizer, no texto publicado anteontem, intitulado “MP pede para condenar 18 e absolver 5 por violência em protestos no Rio”, que eu, Igor Mendes, autor dessas linhas, estou preso (!). Também noticiam, com base nas Alegações Finais do Ministério Público, que a companheira Elisa Quadros é apontada como “incentivadora da queima do prédio da Câmara Municipal” –fato “histórico” esse que nunca aconteceu...


Não meus amigos, fiquem tranquilos: fui solto no dia 25 de junho último, por decisão do Superior Tribunal de Justiça, que me concedeu Habeas-Corpus, e também às companheiras Elisa e Karlayne, dentre outros motivos, porque é expressamente ilegal encarcerar alguém por ter exercido o direito de se manifestar politicamente. Isso a Rede Globo, o G1 e seus outros meios não noticiaram com o mesmo destaque com que reverberam as acusações contra nós, por motivos óbvios.


A ausência de provas contra os ativistas, acusados de associação criminosa armada, num contexto em que não há armas, nem quadrilha, nem qualquer crime –no Brasil, ainda, é lícito protestar –é flagrante ao ponto de cinco companheiros terem sua absolvição pedida pelo MP, que diz não poder condena-los apenas com base no depoimento de uma testemunha.


Mas em que, afinal, baseia-se todo esse processo farsante senão que, tão somente, em testemunhos, muitos deles motivados por notórias questões pessoais, outros obtidos sob coação?


Em que se baseia esse processo senão na necessidade da máfia que governa atualmente o nosso Estado, e o País, de intimidar toda a juventude que foi às ruas em junho de 2013 lutar por seus direitos?


Em que se baseia esse processo senão no circo armado pela Rede Globo, sócia dos megaeventos, cúmplice de 21 anos de regime militar que ensanguentaram esse País? Rede Globo implicada, aliás, no escândalo que levou pra cadeia a cúpula da FIFA, acusada de sonegar mais de R$180 milhões de reais referentes ao não pagamento de imposto de renda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.


O processo contra os 23 ativistas nada mais é do que um acerto de contas de todos aqueles que tremem de medo, e de ódio, quando o povo contesta a ordem vigente. Que ordem? A ordem do encarceramento da juventude, a ordem dos autos de resistência, a ordem da repressão ao direito de lutar, a ordem da privatização da cidade, a ordem das remoções.


O mesmo Ministério Público que pediu minha prisão preventiva por eu ter participado de evento cultural no dia 15 de outubro do ano passado na Praça Cinelândia, nada fez para apurar as graves denúncias de violações aos direitos dos presos que fiz em Juízo. A propósito, quantos policiais foram condenados por abusos cometidos nas manifestações, como no caso daquele soldado que comemorou, com direito a foto no facebook, ter quebrado um cassetete no corpo de um professor? Onde estão os assassinos de Cláudia Ferreira da Silva, que teve seu corpo arrastado pelas ruas de Madureira? Em que resultou a investigação da chacina da Maré, de junho de 2013, quando o povo da favela resolveu aderir à onda de manifestações que sacudiu o Brasil, sendo reprimido com balas de aço pela Polícia?


Exatamente porque esses crimes hediondos diariamente cometidos contra o povo não dão em nada, os ativistas precisam ser condenados. Para que sirvam de exemplo. Para que aqueles crimes continuem ocorrendo impunemente. O governo, a Rede Globo e o MP (que pertence ao Poder Executivo Estadual, vale lembrar) deram seu recado, veremos o que dirá o Judiciário.


A minha posição, e creio, de todos os lutadores, está bem resumida na alternativa apresentada por Darcy Ribeiro, há muitos anos atrás: “só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca”.

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