Mais
crimes do latifúndio no Vale do Jamari: líderes assassinados e
camponês desaparecido
Jaru,
23 de novembro de 2015
Na
noite do dia 22 de novembro Terezinha Nunes Maciano e Anderson
Mateus André dos Santos, foram assassinados em casa, na Área
Élcio Machado, na linha C 30, no município de Monte Negro. Segundo
vizinhos, 3 homens chegaram de moto, invadiram a casa e deram cerca
de 16 disparos de arma de fogo, matérias divulgaram que a polícia
encontrou cartuchos deflagrados calibres 12 e 38 e que Terezinha foi
golpeada de machado na cabeça e Anderson levou golpes de foice pelo
corpo. Uma filha e duas netas de Terezinha estavam em casa na hora do
ataque mas conseguiram fugir pela mata.
Eles
lideravam ocupações de terra na região e é possível que foram
vítimas de bandos fortemente armados a mando da associação de
latifundiários recém-criada no Vale do Jamari para frear as tomadas
de terra que tem pipocado em todo o estado.
Com
o título “Líder
da LCP e
seu amásio são mortos a tiros em Monte Negro”,
a
página de internet
Rondônia Vip,
aproveitou para divulgar
várias mentiras sobre a luta camponesa e a LCP. Apresentaram
as vítimas como
bandidos desmatadores, grileiros, quadrilha armada e a LCP como
criminosa, que fatura muito vendendo terra e
que ameaça de morte fazendeiros.
Como sempre, não
apresentaram
prova alguma.
A
imprensa marrom não diz
uma palavra sobre os
latifundiários que
grilam terras públicas
destinadas à reforma
agrária. Rondônia
Vip nunca disse nada também sobre
o depoimento do latifundiário Caubi Moreira Quito confessando ter
contratado
10 policiais militares para fazerem serviço de pistolagem. Tampouco
divulgou em suas páginas o
relatório da polícia reconhecendo que pistoleiros,
agentes penitenciários
e policiais fortemente armados são contratados para realizar
segurança privada nas fazendas da região de Buritis, sob o comando
de um oficial da PM e de um ex-comandante do 7º Batalhão da PM
(Ariquemes).
Os latifundiários são os
maiores bandidos no Vale do Jamari, a imprensa marrom, as polícias e
a “justiça” a serviço deles não tem moral alguma para acusar
qualquer camponês. As massas é que devem, em assembleias populares
democráticas, eleger e expulsar suas lideranças da forma e quando
julguem necessário.
Camponês
Valdecy está desaparecido, latifundiário Alencar é o principal
suspeito
Desde
a manhã do dia 11 de novembro está desaparecido o camponês Valdecy
Padilha, morador da Área 10 de maio, no município de Buritis.
Seu lote faz divisa com a fazenda do latifundiário Alencar, dono de
uma loja de materiais de construção na cidade e que está tentando
grilar as terras dos camponeses. Após o desaparecimento de Valdecy,
vizinhos ouviram muitos tiros na direção da fazenda do
latifundiário Alencar, por isso temem que ele tenha sido
assassinado. Em setembro, ele e sua família foram atacados no lote
por pistoleiros fortemente
armados, conforme
denunciamos
(http://www. resistenciacamponesa.com/ noticias/766-urgente-lutar- para-impedir-mais-um-despejo- de-camponeses-na-regiao-de- buritis).
Depois
de expulsar a família de suas terras, Alencar mandou fazer uma
picada cortando o lote de Valdecy ao meio. Pistoleiros deixaram uma
cruz feita com cartuchos calibre 12 e espalharam panos vermelhos em
toda a divisa.
Mais
ataques de pistoleiros e policiais contra camponeses
No
dia 4 de novembro, cerca de 25 camponeses, homens e mulheres,
acampados na fazenda Santo Antônio,
de cerca
de 2000 alqueires, no município de Ariquemes, foram atacados
por 8 pistoleiros fortemente armados e encapuzados. Os criminosos
invadiram o acampamento, destruíram 2 carros e 3 motos dos
camponeses, bateram com um pau grosso, facão e arma de fogo,
inclusive nas mulheres, e depois mandaram-nos beijar as armas. Um
camponês quebrou duas costelas, vários ficaram com escoriações
pelo corpo (foto em anexo).
Os
pistoleiros atacaram camponeses vizinhos do acampamento, invadindo
casas, abordando na estrada, roubando e ameaçando de morte quem não
contasse onde as famílias acamparam depois de serem despejadas por
eles. Roubaram R$ 200 de um camponês que vende picolé nas casas,
quando ele passou em frente a fazenda. Outro camponês abandonou o
sítio depois que sua casa foi invadida duas vezes, com medo das
ameaças. E um terceiro, quando foi denunciar estes crimes, ouviu do
delegado que a polícia estava na área.
Quem
se diz o dono da fazenda é Caio Brito, que trabalha com arames Belgo
e mora em Ji Paraná. O acampamento localiza-se perto do Assentamento
Terra Prometida, onde os líderes Tonha e Serafim foram assassinados
em 2003.
Camponeses
do Acampamento 13 de agosto localizado na linha C-110,
travessão B-40, município de Alto Paraíso, têm sido atacados por
policiais e pistoleiros. Segundo os camponeses, quando tomaram a
fazenda Paraíso, ela estava abandonada, com muita capoeira, sem
sede, nem curral, as poucas cabeças de gado estavam alongadas no
mato. Francis Gutemberg da Silva que se diz o dono já explorou toda
a madeira de lei, derrubou as matas ciliares do rio Jamari e juntou
no processo judicial apenas um documento do Idaron e um requerimento
do Terra Legal.
Acampados
denunciaram que 20 homens fortemente armados de fuzil, pistola,
espingarda 12, com máscaras, roupa camuflada e colete, atiraram
várias vezes contra o acampamento e trancaram porteiras em estradas
fora da fazenda. Eles seriam na maioria policiais militares de
Ariquemes, amigos da namorada do latifundiário Francis Gutemberg,
que é agente penitenciária na mesma cidade. Um oficial de justiça
esteve na área depois de denúncias de vizinhos e teria presenciado
os policiais armados e fora de sua função.
No
dia 12 de novembro, quase 30 camponeses, inclusive mulheres e
crianças, do Acampamento Luiz Carlos, no município de Monte
Negro, foram despejados pela PM e GOE – Grupamento de Operações
Especiais. O ex-prefeito Jair Mioto, que se diz dono da área, esteve
presente e ameaçou matar quem ficasse nas terras. Comenta-se na
região que ele é responsável por vários homicídios, inclusive o
de Luiz Carlos, desaparecido em dezembro de 2014.
A
PM marcou para o dia 30 de novembro o despejo de cerca de 60 famílias
do Acampamento Rancho Alegre 2, no município de Pimenta
Bueno, em favor do policial reformado Genival Azevedo Cavalcante. O
mais absurdo é que o título desta
área já foi cancelado para fins de reforma agrária, segundo
o Incra (documento
em anexo).
A
Área de posseiros Terra Boa, no antigo
Burareiro 20, de 420 alqueires, localizado na linha C-100, no
município de Rio Crespo, está novamente ameaçada de despejo. Desde
2007, 36 famílias vivem e trabalham em seus lotes (fotos
em anexo). Elas
tiveram acesso a uma planilha do Terra Legal que consta que o título
destas terras está cancelado, ou seja, ele tem que ser destinado
para reforma agrária.
Funcionários
do Incra que sempre garantiram aos trabalhadores que eles tinham
grande chances de ganhar a terra, agora estão negando tudo. Há
cerca de 40 dias um oficial de justiça esteve na área, escoltado
por policiais militares. Três dias depois, uma comissão de
moradores reuniu-se em Porto Velho com o Ouvidor Agrário Estadual
Erasmo, o superintendente Luiz Flávio e o advogado Dr. Maguis,
representando o pretenso proprietário, não identificado. O advogado
disse que o Incra nunca apresentou uma proposta de compra da terra e
por isso seu cliente não se interessa mais em negociá-la com o
órgão. Este advogado é o mesmo que defende o latifundiário Caubi
Moreira Quito, que se diz o dono das terras da Área de Posseiros 10
de maio, acusado de vários crimes contra camponeses.
LCP – Liga dos Camponeses
Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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