Pistoleiros causam mais destruições,
mortes e terror
no Vale do Jamari
Jovem é assassinado e outro está
desaparecido, sub metralhadora é apreendida, policiais trocam tiros
Jaru, 04 de fevereiro de 2016
No Vale do
Jamari, pelo menos 3 ataques brutais foram cometidos por bandos de pistoleiros
fortemente armados, incluíndo um policial militar, pelo menos, no período de
apenas 5 dias. Mais provas irrefutáveis do que sempre denunciamos. Mas não se
viu gritaria alguma do ouvidor nacional dos latifundiários Gercino da Silva,
nem do governador Confúcio Moura / PMDB, muito menos do comandante geral da PM
coronel Ênedy e da imprensa marrom, como fazem quando camponeses invadem
latifúndios como pressião pela reforma agrária falida, fazem manifestações,
interditam estradas ou resistem a despejos. Ao contrário, mentem para enganar
os incautos de que os camponeses em luta pela terra são os responsáveis pelo
terror que tem vigorado na região.
Mas contra
fatos não há argumentos. Vamos a eles.
Acampamento
Paulo Justino e Assentamento Terra Prometida
No dia 27
de janeiro, 15 pistoleiros armados invadiram o sítio de um camponês do
Assentamento Terra Prometida, localizado na linha C 60, no município de
Ariquemes, ameaçaram-no, espancaram-no com um facão, jogaram seus pertences
para fora de casa e destruiram, inclusive uma moto e dois carro. Seus familiares não foram agredidos porque conseguiram se esconder.
Este foi
mais um crime a mando do latifundiário Antônio Carlos Faitaroni e da recém
criada Associação de latifundiários do Vale do Jamari que tem aterrorizado a
região, desde novembro de 2015, quando 25 camponeses tomaram a fazenda Santo Antônio (antiga fazenda Pedra Bonita), situada na
Gleba 06 de Julho, no município de Alto Paraíso, de 2000 alqueires que
Faitaroni alega ser sua. Depois que os trabalhadores foram brutalmente
despejados por pistoleiros, acamparam provisoriamente num lote cedido por um
trabalhador do Assentamento Terra Prometida, num ato de solidariedade. É longa
a lista de crimes deste latifundiário, seus pistoleiros e policiais: despejo,
agressões, tortura, ameaças, roubos e assassinatos bárbaros de Enilson
e Valdiro, líderes do Acampamento Paulo Justino, no dia 23 em Jaru (acompanhe
na página resistenciacamponesa.com).
Mas nada disto é encontrado na imprensa mercenária que
mostra os latifundiários como se fossem homens de bem, produtores rurais, a
nata da sociedade e esconde que eles são os verdadeiros bandidos e terroristas
de Rondônia. Como o jornaleco Rondônia Vip, que aproveitou para caluniar
a LCP mais uma vez, acusando-a dos crimes cometidos pelos pistoleiros neste
último ataque no Assentamento Terra Prometida.
E como já é tradição, eles mesmos se contradizem. No
título nos acusam: “Homens da LCP invade (sic) fazenda a procura de
ex-companheiro para matá-lo e causa tiroteio e destruição”. Mas no corpo da matéria dizem
que um “grupo rival” da LCP provocou a destruição: “os sem-terras da LCP se
correram (sic) para o mato, (...) os 'inimigos' aproveitaram a
falta de resistência: reviraram toda a casa, quebraram os vidros de uma picape
branca com uma marreta, e por fim, furaram o tanque de uma moto e cortaram o
banco, além de queimarem o veículo Gol roubado, com placas de Jaru, que teria
sido utilizado pelo bando que representaria a Liga”. E as contradições não
param por aí. No começo da matéria, dizem que o ataque aconteceu num sítio do
Assentamento Terra Prometida, mas mais à frente, afirmam que foi na fazenda
Pedra Bonita.
Rondônia
Vip
mente que não somos um movimento de luta pelo sagrado direito à terra e que
nossa nova modalidade de atuação é “a invasão de propriedades rurais
pequenas, tanto para ocupação quanto o roubo ou furto de diversos objetos e
equipamentos agrícolas.” Mentem que conseguiram informações de que é “uma prática corriqueira a fuga de prisioneiros para acampamentos
localizados em assentamentos rurais ou em fazendas invadidas.”
Rechaçamos essas mentiras odiosas. Afirmamos
categoricamente que a LCP não extorque, rouba ou ataca camponeses e demais
trabalhadores. Ao contrário, enfrentamos todos os perigos para destruir o
latifúndio, cortar suas terras em lotes pequenos e entregá-los a camponeses
pobres sem terra ou pouca terra, para avançar a produção cooperada e para que o
povo decida através das Assembleias Populares tudo o que lhes diz respeito. Nem
somos os causadores do terrorismo que impera no Vale do Jamari, como afirmou
Rodolfo Jacarandá, Presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB de Rondônia, durante audiência pública que organizamos
em dezembro de 2015 na UNIR: “de 88 áreas identificadas pelos órgãos do Estado
como 'áreas de conflitos' [nós
chamamos de áreas onde os latifundiários acobertados pelas forças policiais do
Estado e pelo judiciário cometem mais crimes contra a população], no máximo
em 26 destas foram identificadas a participação de 'movimentos sociais' [nós
chamamos de movimentos políticos de organização do povo para lutar pela terra,
e política não é ficar nesse jogo eleitoreiro de PT X PSDB e Cunha x Dilma não].”
Só se engana quem não conhece a realidade dos campones de Rondônia.
Acampamento
na linha C 114, no município de Cujubim
Camponeses invadiram a fazenda Tucumã, localizada
na linha C 114, no município de Cujubim, também conhecida como fazenda do
Japonês. No dia 28 de janeiro eles foram despejados. No dia 31, 5 ex-acampados
foram de carro buscar alguns pertences que tinham deixado na fazenda.
Estacionaram próximo e concluíam o deslocamento a pé quando foram atacados a
tiros por pistoleiros fortemente armados, que estavam numa caminhonete. Os
jovens conseguiram fugir e se abrigar na mata e ao tentar retornar ao carro, foram novamente
atacados a tiros, desta vez por mais pistoleiros e mais uma caminhonete. Na
fuga, os jovens se separaram, um deles viu quando Ruan Hildebran Aguiar, de 18
anos, caindo ao solo. Ele e Alysson Henrique Lopes, de 23 anos, estão
desaparecidos. 3 conseguiram chegar numa vila e pegar uma carona até Cujubim,
onde chegaram por volta da 1 hora da madrugada. Se eles não tivessem
sobrevivido e denunciado, seria mais um crime jogado nas costas dos camponeses,
como briga de grupos rivais.
Moradores
da região relataram que viram vários pistoleiros fortemente armados, com roupas
camufladas, em duas caminhonetes, abrigados na sede da fazeda Tucumã. Os
criminosos abordaram vários camponeses perguntando pelos invasores de terra e
pelo jovem desaparecido. Certamente não queriam deixar testemunhas. No dia 1º
de fevereiro a polícia localizou um corpo carbonizado dentro de um carro
Santana queimado.
No dia 3 de fevereiro, policiais que estariam
procurando pelo desaparecido abordaram uma caminhonete com 4 pistoleiros: o 3º
sargento PM Moisés Ferreira de Souza, Cristovão Rodrigues, Valdemir Pires dos
Santos e Daniel Francisco dos Santos. A polícia apreendeu armas de grosso
calibre e vários equipamentos bélicos na caminhonete
Chevrolet S 10, placa OHU-1290 e na fazenda. O arsenal apresentado pelos
policiais foi: uma submetralhadora 9mm, três espingardas 12, uma espingarda 28, uma
espingarda 16, um revólver 38, mais de 300 munições intactas de diversos
calibres, carregadores, coletes balísticos, capuzes, um rádio transmissor, celulares
e documentos de outra caminhonete Amarock.
Zombando
da inteligência da população, a polícia disse que o sargento pistoleiro
conseguiu fugir, após agredir um policial no pé, quando era colocado na
viatura! Ele se juntou a vários pistoleiros que
estavam escondidos na mata e que começaram a disparar contra os policiais.
Neste
caso, também se pode ver dois pesos e duas medidas dos porta-vozes do
latifúndio e do velho Estado fascistas. O jornaleco Rondônia Vip omitiu
de forma muito conveniente mais um PM atuando como pistoleiro e sua fuga
milagrosa. Disse que os bárbaros pistoleiros como “suspeitos” de serem
“seguranças das fazendas” contratados para “proteger contra invasões dos
sem-terras”. Apresentou o terror
cometido pelos criminosos como “troca de tiros”. Da mesma laia, o Canal 35
chamou os pistoleiros de “peões de fazenda”. Já um suposto ataque à fazenda
Fluminense que teria sido cometido por camponeses no último dia 3 foi chamado
de “Terror e destruição”.
Esses
ataques da imprensa não é só mau jornalismo, fazem parte de um plano maior dos
quadros do latifúndio e do velho Estado, comandado pelo coronel Ênedy para
criminalizar, demonizar e exterminar lideranças e ativistas da luta combativa
pela terra, especialmente da LCP. É urgente que se levante uma ampla e ativa
campanha de defesa dos camponeses, seus líderes combativos e da luta sagrada
pela terra.
Terra para quem nela vive e trabalha!
Lutar pela terra não é crime!
Fora Confúcio e Ênedy fascistas!
LCP - Liga dos
Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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