Quem
manda no Bolsonaro?
José R.
da Silva Maramonhanga
Bolsonaro
provoca controvérsias e polariza os embates na sociedade, em meio a
aguda pandemia da Covid-19 que ceifa milhares de vidas. Dia a dia,
propaga arengas polêmicas e, até coloca na linha de tiro o seu
próprio ministro da Saúde, mesmo com o crescente número de vidas
ceifadas pela “gripezinha”. Os canais da monopolizada imprensa,
particularmente as manipuladas “redes sociais”, reverberam a sua
polêmica atuação. Suas atitudes e pronunciamentos são defendidas
por uns enquanto outros tantos pedem sua renúncia. Ao mesmo tempo, o
governo Bolsonaro - hegemonizado por militares de alta patente –
baixa medidas de precarização e de eliminação dos direitos
trabalhistas, maximiza a exploração da força de trabalho, não
adota as medidas necessárias para conter o alastramento da pandemia,
faz demagogia com falsa assistência aos mais pobres, enquanto
concede mais privilégios aos setores abastados da sociedade, ao
grande capital, particularmente aos bancos.
A
imprensa, de modo geral, realiza massacrante e parcial cobertura da
epidemia, foca no reacionarismo maquiavélico de
Bolsonaro/generais/cúmplices, nas querelas palacianas e do podre
parlamento e, deliberadamente, não mostra os malefícios embutidos
nas medidas aplicadas em meio à crise; buscam ocultar que estas
medidas do governo são para favorecimento dos grandes grupos
econômicos através do acirramento da exploração e do massacre
sobre os operários e demais setores empobrecidos da população.
Cinicamente, apresentam essas medidas como “defesa de empregos”,
“garantia de emprego e renda”. Até medidas como a precarização
total de direitos de jovens que entrarem para o mercado de trabalho e
também para os trabalhadores com 55 anos ou mais, – a chamada
“carteira verde-amarela” - recentemente aprovada na Câmara dos
Deputados; é apresentada cinicamente como “oportunidade de emprego
para os mais jovens e os idosos”.
Dia a
dia, o monopólio de imprensa através da Rede Globo, demais
emissoras de televisão e outros meios, lança um bombardeio de
mentiras sobre toda a população, confinada em suas moradias para
tentar evitar a contaminação e sobre os trabalhadores forçados a
continuar em seus postos de serviço. Bombardeia uma infinidade de
informações superficiais e elaboradas mentiras, transforma brigas
palacianas em sensação do momento, cria “heróis”, tudo
astuciosamente misturado a maciça veiculação de vídeos pueris e
outros abertamente racistas e fascistas nos grupos de mensagens.
Bolsonaro
segue “o manual”
O
comportamento de Bolsonaro, pode parecer errático e irracional;
entretanto persegue fins determinados. Para desviar a atenção,
aplica manobras ensinadas nos manuais militares, como “diversão”,
“inquietação” e “guerra psicológica”. Em meio a essas
manobras, o governo com a cumplicidade do Congresso Nacional, STF,
partidos políticos e centrais sindicais, executa um grande ataque
aos direitos trabalhistas, aumenta a exploração, promove e financia
demissões, a redução de salários e o corte de direitos, enquanto
beneficia as corporações monopolistas.
Segundo o
manual militar:
“DIVERSÃO
- Ação realizada com o propósito de distrair o inimigo, ocultando
alguma outra ação, geralmente de maior envergadura.”
“INQUIETAÇÃO
– Ação realizada com o propósito de ocasionar baixas, perturbar
o inimigo, com a finalidade de abater-lhe o moral.”
“GUERRA
PSICOLÓGICA – Emprego de ações psicológicas destinadas a gerar
emoções, atitudes ou comportamentos em grupos inimigos e hostis,
com o objetivo de combalir seu ânimo, destruir o moral ou levá-los
à rendição...”.
Outra
fonte reacionária, onde bebem Bolsonaro e generais é Maquiavel, um
dos primeiros ideólogos da burguesia. Em sua obra, O Príncipe,
Maquiavel destaca cinicamente:
“... Há
dua maneiras de combater: uma com as leis, outra com a força. A
primeira é distintiva do homem; a segunda, da besta. Porém como
frequentemente a primeira não basta, é necessário recorrer a
segunda. Um príncipe deve saber então comportar-se como besta e
como homem... “; “ao comportar-se como besta, convêm que o
príncipe se transforme em raposa e leão...”; “Há que saber
disfarcar-se bem e ser ser hábil em fingir e em dissimular. Os
homens são tão simples e de tal maneira obedecem as necessidades do
momento, que aque que engana encontrara sempre quem se deixe
enganar”.
Ironias
da história, o título do capítulo XIV deste livro de Maquiavel é:
“Dos deveres de um príncipe para com a mílicia”. E o do
capítulo XVII: “Da crueldade e a clemência; e se é melhor ser
amado que temido, ou ser temido que amado”.
Causou
grande estardalhaço, mas não significou um afastamento informal de
Bolsonaro, a movimentação do general Braga Neto para acumular o
posto de “Estado-Maior do Planalto” junto com o de ministro-chefe
da Casa Civil. Isso visou dar mais suporte ao capenga governo e
controlar o excesso de incontinência verbal e virtual de Bolsonaro,
que pode atrapalhar os planos da burguesia de intensificação da
extração de mais valia, Ocupando os principais cargos do governo, o
exército brasileiro, sob as ordens desses generais fascistas,
norte-americanizados, mostra que continua a cumprir caninamente o
papel de verdugo do povo. Não descartam agora o tosco e “banana”
Bolsonaro, porque todos eles se locupletam, nutrindo a mesma podre e
fascista ideologia de serviçais do grande capital, do latifúndio e
do imperialismo. Avaliam que é mais “operacional” esse defensor
de “milicianos” e admirador de ignóbeis torturadores e
assassinos, como seu par e finado coronel Carlos Ustra, ex-chefe do
DOI-CODI, centro de torturas e execuções do II Exército. Como
cópia descarada do genocida Hitler, as atitudes de Bolsonaro mostram
que nenhuma consideração de caráter moral ou cientifico o detém.
O psicopata, por ser no momento o instrumento para as perfídias e
crimes em execução pela burguesia, é mantido no cargo, assim como
aconteceu com o então combalido e criminoso Michel Temer, mesmo
pairando sobre ele as ameaças de “impeachment”, que são mais
para ajustar as rédeas.
“O
capital acima de tudo”
O
genocida Bolsonaro não esconde sua missão de proteger os interesses
do capital a qualquer custo. "O que precisa ser feito? Botar
esse povo para trabalhar, preservar os idosos, preservar aqueles que
têm problema de saúde. Mais nada além disso. Caso contrário, o
que aconteceu no Chile vai ser fichinha perto do que pode acontecer
no Brasil. Se é que o Brasil não possa ainda sair da normalidade
democrática que vocês [imprensa] tanto defendem." - afirmava
na manhã de quarta-feira, dia 25 de março. Sua facciosa e mentirosa
ação se reveste também de roupagem religiosa, mancomunado com
milionários pastores-empresários, donos de igrejas evangélicas,
como RR Soares, Silas Malafaia, Edir Macedo, Marco Feliciano e Luiz
Hermínio, entre outros, aproveitadores da boa fé das pessoas e da
ignorância.
É só
pesquisar quem se beneficia com a crise agudizada pelo novo
coronavírus para descobrir quem manda no Bolsonaro: a oligarquia
financeira. O Palácio do Planalto, Ministério da Economia, o Banco
Central e outros órgãos do governo, emitem várias medidas que
favorecem principalmente o capital financeiro. Os grandes monopólios
da burguesia, como a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban),
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (CBIC), Confederação Nacional do
Comércio (CNC), entre outros, comandam e estimulam a cínica
campanha de “preservação das atividades econômicas”, dizem que
“o fechamento dos bancos, indústrias e comércio geraria um caos
na economia brasileira” e a “necessidade do imediato
funcionamento/reabertura das empresas”. São esses monopólios que
determinam o receituário de medidas antipovo.
Essa
mesma oligarquia e monópolios utilizaram outros gerentes à seu
tempo, como Temer, Dilma, Lula, FHC, Itamar, Collor, Sarney, generais
do regime fascista de 64 e etc. As medidas que Bolsonaro aplica hoje
são a continuidade da política de “reformas” trabalhista,
previdenciária, universitária, sindical, tributária, entre outras,
aplicadas à conta gotas nos governos anteriores, e agora de forma
mais impactante e brutal. Salta aos olhos, o comportamento mesquinho
e cruel dos ricaços capitalistas e a essência nazi-fascista do
governo Bolsonaro/generais exposta cada vez mais. A crise expõem a
completa falência política e moral desse sistema, da gerência
Bolsonaro/generais, dos partidos eleitoreiros e do peleguismo. Os
oportunistas bajulam Bolsonaro e várias de suas medidas, como o
“orçamento de guerra” foram aprovadas à toque de caixa e por
videoconferência por praticamente todos deputados e senadores. Lula,
de tão calado que está nos últimos tempos, parece até que morreu.
E os paladinos pelegos das centrais e sindicatos, em público fazem
discursos de combate a Bolsonaro e a patronal, mas depois assinam
todos acordos de cortes de salários e outros direitos dos
trabalhadores.
Capitalismo
Fascista ou Revolução?
A crise
aguça a luta de classes, mostra as verdadeiras intenções das
classes dominantes e dos governantes, mostra os alicerces podres do
sistema capitalista e serve para aguçar a visão e elevar a
consciência dos explorados. Fica evidente que a humanidade
necessita, urgentemente, superar a bancarrota e a brutalidade do
capitalismo. Este sistema que está em seu estágio final de
parasitismo e decomposição, o imperialismo, que agudiza as
catástrofes e promove desgraças, agressões e guerras por todo o
mundo. Cresce a consciência de que é necessário estatizar os
avarentos monópolios privados, como os da área da saúde, que é
necessário conquistar e estabelecer a propriedade social dos meios
de produção. Ao contrário da anarquia na produção, da
concentração populacional nas grandes cidades e com o povo em
precarissimas condições de vida, é necessária uma economia
planejada, com o bem estar das pessoas em primeiro lugar e a
repartição da terra para quem nela trabalha, com a destruição do
latifúndio.
O governo
Bolsonaro estimula o caos para militarizar ainda mais a sociedade,
única forma da oligarquia financeira impor a sua macabra e
escravizante exploração. Para impor ainda mais os seus interesses,
a oligarquia financeira joga o país para o fascismo aberto, assim
como acontece tambem em outros países. Cabe a classe operária e
demais setores explorados do povo, organizar e preparar a
resistência. O fascismo, essa força reacionária que tenta
preservar, por meio da violência, o velho mundo, o que deve ser
feito com os fascistas? Discutir com eles? Tratar de convencê-los?
Isso não teria, absolutamente, nenhum efeito. A experiência
histórica mostra que os trabalhadores e o povo devem se preparar
para responder com violência à violência; fazer todo o possível
para impedir que a ordem agonizante os esmague, não permitir que
algeme as suas mãos, estas mesmas mãos que demolirão o sistema
apodrecido. O fascismo apesar de sua ferocidade é fragil pois se
sustenta em bases podres.
Mais do
que nunca, retumba a conclamação: “Proletários de todos os
países e nações oprimidas, uni-vos! E ecoam ainda mais fortes os
versos de Eugène Pottier, feitos sob a inspiração da gloriosa
Comuna de Paris (1871): “ Avante, párias da Terra! De pé,
famélica legião! Trovoa a razão em marcha, é o fim da opressão.
Do passado, há que fazer em pedaços, legião escrava, em pé a
vencer, o mundo vai mudar de base, os nada de hoje tudo hão de ser.
Nem em deuses, reis nem tribunos, está o supremo salvador. Nós
mesmos realizemos o esforço redentor. Para fazer que o tirano caia e
o mundo servo libertar, sopremos a potente fornalha que o homem livre
há de forjar! Agrupemo-nos todos,na luta final. O gênero humano é
a Internacional! ”
Quixeramobim,
15 de abril de 2020
Proletários de todos os países e nações oprimidas, uni-vos!
ResponderEliminar