lunes, 20 de abril de 2020

Quem manda no Bolsonaro? Un artigo de José R. da Silva (Quixemobim prensa)

Bolsonaro echa a su ministro de Salud mientras crecen las muertes por
 
Quem manda no Bolsonaro?
José R. da Silva Maramonhanga 

Bolsonaro provoca controvérsias e polariza os embates na sociedade, em meio a aguda pandemia da Covid-19 que ceifa milhares de vidas. Dia a dia, propaga arengas polêmicas e, até coloca na linha de tiro o seu próprio ministro da Saúde, mesmo com o crescente número de vidas ceifadas pela “gripezinha”. Os canais da monopolizada imprensa, particularmente as manipuladas “redes sociais”, reverberam a sua polêmica atuação. Suas atitudes e pronunciamentos são defendidas por uns enquanto outros tantos pedem sua renúncia. Ao mesmo tempo, o governo Bolsonaro - hegemonizado por militares de alta patente – baixa medidas de precarização e de eliminação dos direitos trabalhistas, maximiza a exploração da força de trabalho, não adota as medidas necessárias para conter o alastramento da pandemia, faz demagogia com falsa assistência aos mais pobres, enquanto concede mais privilégios aos setores abastados da sociedade, ao grande capital, particularmente aos bancos.

A imprensa, de modo geral, realiza massacrante e parcial cobertura da epidemia, foca no reacionarismo maquiavélico de Bolsonaro/generais/cúmplices, nas querelas palacianas e do podre parlamento e, deliberadamente, não mostra os malefícios embutidos nas medidas aplicadas em meio à crise; buscam ocultar que estas medidas do governo são para favorecimento dos grandes grupos econômicos através do acirramento da exploração e do massacre sobre os operários e demais setores empobrecidos da população. Cinicamente, apresentam essas medidas como “defesa de empregos”, “garantia de emprego e renda”. Até medidas como a precarização total de direitos de jovens que entrarem para o mercado de trabalho e também para os trabalhadores com 55 anos ou mais, – a chamada “carteira verde-amarela” - recentemente aprovada na Câmara dos Deputados; é apresentada cinicamente como “oportunidade de emprego para os mais jovens e os idosos”.

Dia a dia, o monopólio de imprensa através da Rede Globo, demais emissoras de televisão e outros meios, lança um bombardeio de mentiras sobre toda a população, confinada em suas moradias para tentar evitar a contaminação e sobre os trabalhadores forçados a continuar em seus postos de serviço. Bombardeia uma infinidade de informações superficiais e elaboradas mentiras, transforma brigas palacianas em sensação do momento, cria “heróis”, tudo astuciosamente misturado a maciça veiculação de vídeos pueris e outros abertamente racistas e fascistas nos grupos de mensagens.


Bolsonaro segue “o manual”

O comportamento de Bolsonaro, pode parecer errático e irracional; entretanto persegue fins determinados. Para desviar a atenção, aplica manobras ensinadas nos manuais militares, como “diversão”, “inquietação” e “guerra psicológica”. Em meio a essas manobras, o governo com a cumplicidade do Congresso Nacional, STF, partidos políticos e centrais sindicais, executa um grande ataque aos direitos trabalhistas, aumenta a exploração, promove e financia demissões, a redução de salários e o corte de direitos, enquanto beneficia as corporações monopolistas.

Segundo o manual militar:
“DIVERSÃO - Ação realizada com o propósito de distrair o inimigo, ocultando alguma outra ação, geralmente de maior envergadura.”
“INQUIETAÇÃO – Ação realizada com o propósito de ocasionar baixas, perturbar o inimigo, com a finalidade de abater-lhe o moral.”
“GUERRA PSICOLÓGICA – Emprego de ações psicológicas destinadas a gerar emoções, atitudes ou comportamentos em grupos inimigos e hostis, com o objetivo de combalir seu ânimo, destruir o moral ou levá-los à rendição...”.

Outra fonte reacionária, onde bebem Bolsonaro e generais é Maquiavel, um dos primeiros ideólogos da burguesia. Em sua obra, O Príncipe, Maquiavel destaca cinicamente:

“... Há dua maneiras de combater: uma com as leis, outra com a força. A primeira é distintiva do homem; a segunda, da besta. Porém como frequentemente a primeira não basta, é necessário recorrer a segunda. Um príncipe deve saber então comportar-se como besta e como homem... “; “ao comportar-se como besta, convêm que o príncipe se transforme em raposa e leão...”; “Há que saber disfarcar-se bem e ser ser hábil em fingir e em dissimular. Os homens são tão simples e de tal maneira obedecem as necessidades do momento, que aque que engana encontrara sempre quem se deixe enganar”.

Ironias da história, o título do capítulo XIV deste livro de Maquiavel é: “Dos deveres de um príncipe para com a mílicia”. E o do capítulo XVII: “Da crueldade e a clemência; e se é melhor ser amado que temido, ou ser temido que amado”.

Causou grande estardalhaço, mas não significou um afastamento informal de Bolsonaro, a movimentação do general Braga Neto para acumular o posto de “Estado-Maior do Planalto” junto com o de ministro-chefe da Casa Civil. Isso visou dar mais suporte ao capenga governo e controlar o excesso de incontinência verbal e virtual de Bolsonaro, que pode atrapalhar os planos da burguesia de intensificação da extração de mais valia, Ocupando os principais cargos do governo, o exército brasileiro, sob as ordens desses generais fascistas, norte-americanizados, mostra que continua a cumprir caninamente o papel de verdugo do povo. Não descartam agora o tosco e “banana” Bolsonaro, porque todos eles se locupletam, nutrindo a mesma podre e fascista ideologia de serviçais do grande capital, do latifúndio e do imperialismo. Avaliam que é mais “operacional” esse defensor de “milicianos” e admirador de ignóbeis torturadores e assassinos, como seu par e finado coronel Carlos Ustra, ex-chefe do DOI-CODI, centro de torturas e execuções do II Exército. Como cópia descarada do genocida Hitler, as atitudes de Bolsonaro mostram que nenhuma consideração de caráter moral ou cientifico o detém. O psicopata, por ser no momento o instrumento para as perfídias e crimes em execução pela burguesia, é mantido no cargo, assim como aconteceu com o então combalido e criminoso Michel Temer, mesmo pairando sobre ele as ameaças de “impeachment”, que são mais para ajustar as rédeas.


O capital acima de tudo”


O genocida Bolsonaro não esconde sua missão de proteger os interesses do capital a qualquer custo. "O que precisa ser feito? Botar esse povo para trabalhar, preservar os idosos, preservar aqueles que têm problema de saúde. Mais nada além disso. Caso contrário, o que aconteceu no Chile vai ser fichinha perto do que pode acontecer no Brasil. Se é que o Brasil não possa ainda sair da normalidade democrática que vocês [imprensa] tanto defendem." - afirmava na manhã de quarta-feira, dia 25 de março. Sua facciosa e mentirosa ação se reveste também de roupagem religiosa, mancomunado com milionários pastores-empresários, donos de igrejas evangélicas, como RR Soares, Silas Malafaia, Edir Macedo, Marco Feliciano e Luiz Hermínio, entre outros, aproveitadores da boa fé das pessoas e da ignorância.

É só pesquisar quem se beneficia com a crise agudizada pelo novo coronavírus para descobrir quem manda no Bolsonaro: a oligarquia financeira. O Palácio do Planalto, Ministério da Economia, o Banco Central e outros órgãos do governo, emitem várias medidas que favorecem principalmente o capital financeiro. Os grandes monopólios da burguesia, como a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Confederação Nacional do Comércio (CNC), entre outros, comandam e estimulam a cínica campanha de “preservação das atividades econômicas”, dizem que “o fechamento dos bancos, indústrias e comércio geraria um caos na economia brasileira” e a “necessidade do imediato funcionamento/reabertura das empresas”. São esses monopólios que determinam o receituário de medidas antipovo.

Essa mesma oligarquia e monópolios utilizaram outros gerentes à seu tempo, como Temer, Dilma, Lula, FHC, Itamar, Collor, Sarney, generais do regime fascista de 64 e etc. As medidas que Bolsonaro aplica hoje são a continuidade da política de “reformas” trabalhista, previdenciária, universitária, sindical, tributária, entre outras, aplicadas à conta gotas nos governos anteriores, e agora de forma mais impactante e brutal. Salta aos olhos, o comportamento mesquinho e cruel dos ricaços capitalistas e a essência nazi-fascista do governo Bolsonaro/generais exposta cada vez mais. A crise expõem a completa falência política e moral desse sistema, da gerência Bolsonaro/generais, dos partidos eleitoreiros e do peleguismo. Os oportunistas bajulam Bolsonaro e várias de suas medidas, como o “orçamento de guerra” foram aprovadas à toque de caixa e por videoconferência por praticamente todos deputados e senadores. Lula, de tão calado que está nos últimos tempos, parece até que morreu. E os paladinos pelegos das centrais e sindicatos, em público fazem discursos de combate a Bolsonaro e a patronal, mas depois assinam todos acordos de cortes de salários e outros direitos dos trabalhadores.


Capitalismo Fascista ou Revolução?

A crise aguça a luta de classes, mostra as verdadeiras intenções das classes dominantes e dos governantes, mostra os alicerces podres do sistema capitalista e serve para aguçar a visão e elevar a consciência dos explorados. Fica evidente que a humanidade necessita, urgentemente, superar a bancarrota e a brutalidade do capitalismo. Este sistema que está em seu estágio final de parasitismo e decomposição, o imperialismo, que agudiza as catástrofes e promove desgraças, agressões e guerras por todo o mundo. Cresce a consciência de que é necessário estatizar os avarentos monópolios privados, como os da área da saúde, que é necessário conquistar e estabelecer a propriedade social dos meios de produção. Ao contrário da anarquia na produção, da concentração populacional nas grandes cidades e com o povo em precarissimas condições de vida, é necessária uma economia planejada, com o bem estar das pessoas em primeiro lugar e a repartição da terra para quem nela trabalha, com a destruição do latifúndio.

O governo Bolsonaro estimula o caos para militarizar ainda mais a sociedade, única forma da oligarquia financeira impor a sua macabra e escravizante exploração. Para impor ainda mais os seus interesses, a oligarquia financeira joga o país para o fascismo aberto, assim como acontece tambem em outros países. Cabe a classe operária e demais setores explorados do povo, organizar e preparar a resistência. O fascismo, essa força reacionária que tenta preservar, por meio da violência, o velho mundo, o que deve ser feito com os fascistas? Discutir com eles? Tratar de convencê-los? Isso não teria, absolutamente, nenhum efeito. A experiência histórica mostra que os trabalhadores e o povo devem se preparar para responder com violência à violência; fazer todo o possível para impedir que a ordem agonizante os esmague, não permitir que algeme as suas mãos, estas mesmas mãos que demolirão o sistema apodrecido. O fascismo apesar de sua ferocidade é fragil pois se sustenta em bases podres.

Mais do que nunca, retumba a conclamação: “Proletários de todos os países e nações oprimidas, uni-vos! E ecoam ainda mais fortes os versos de Eugène Pottier, feitos sob a inspiração da gloriosa Comuna de Paris (1871): “ Avante, párias da Terra! De pé, famélica legião! Trovoa a razão em marcha, é o fim da opressão. Do passado, há que fazer em pedaços, legião escrava, em pé a vencer, o mundo vai mudar de base, os nada de hoje tudo hão de ser. Nem em deuses, reis nem tribunos, está o supremo salvador. Nós mesmos realizemos o esforço redentor. Para fazer que o tirano caia e o mundo servo libertar, sopremos a potente fornalha que o homem livre há de forjar! Agrupemo-nos todos,na luta final. O gênero humano é a Internacional! ”

                                                                                                           Quixeramobim, 15 de abril de 2020




1 comentario: