viernes, 13 de noviembre de 2015

BRASIL: Camponeses da Área Bacuri sofrem tentativa de homicídio denuncia a LCP.

 
URGENTE!
Despejos iminentes na Área 10 de maio e no Acampamento Rancho Alegre 2
Camponeses da Área Bacuri sofrem tentativa de homicídio

Jaru/RO, 12 de novembro de 2015

Na noite do dia 11 de novembro de 2015, dois camponeses da Área Bacuri, em Cujubim/RO, sofreram uma tentativa de assassinato. Os dois são vizinhos e tinham acabado de voltar para casa após um dia de trabalho; já estava escuro, um deles saiu para tomar banho, o outro iluminou com a lanterna no rumo de cachorros que latiam, achando tratar-se de algum bicho do mato, foi quando recebeu um tiro. O disparo de espingarda 12 ou 16 quebrou o braço direito do trabalhador e perfurou seu tórax perto do coração, outros chumbos menores atingiram seu pescoço e outras partes. Ele foi operado e felizmente no corre risco de morte.

Após o disparo, dois elementos fugiram pela mata e foram procurados pelos camponeses, sem êxito. Camponeses suspeitam que os autores do crime covarde sejam pistoleiros contratados pela latifundiária Degmar, que se diz a dona de um terço das terras dos posseiros. Hoje pela manhã, 2 vaqueiros dela, circularam pela Área Bacuri perguntando se tinham visto uma mula, mas camponeses suspeitam que na verdade eles queriam conferir se o camponês tinha morrido. Os trabalhadores denunciaram que Degmar está ameaçando de morte o camponês que escapou do atentado e toda sua família.

A Área Bacuri, na linha 105, eram os antigos Burareiros 14, 15 e 16, que somam 630 alqueires. Estas terras estão em processo de cancelamento do título para serem destinadas à reforma agrária, porque os pretensos proprietários Paulo França, Degmar e José Genaro de Andrade não cumpriram cláusulas do CATP – Contrato de Alienação de Terras Públicas, o título provisório que tinham das áreas.

A primeira vez que camponeses tomaram estes burareiros foi por volta do ano de 2010. Sofreram vários despejos, inclusive com destruição de roças e casas feitas pelos trabalhadores. Em novembro de 2014, a partir do pedido de cerca de 60 famílias, a LCP passou a apoiá-las. Os camponeses cortaram as terras por conta, distribuíram os lotes entre si e retomaram a produção, fizeram várias reuniões de negociação com o Incra e acordaram ficar com a parte de mata e deixar o pasto com os pretensos proprietários. Apenas Degmar não aceitou. Ela tem ameaçado tirar os camponeses “na bala” e tem destruído construções dos trabalhadores com seu trator esteira.

Outras denúncias recentes de criminalização da luta camponesa

A LCP e o Incra estão intimados para comparecerem amanhã no quartel da polícia militar de Pimenta Bueno sobre a reintegração de posse do Acampamento Rancho Alegre 2 que pode acontecer a qualquer momento. Desde agosto, cerca de 70 famílias ocupam o lote 88, com mais de 860 alqueires, localizado na linha 45, no mesmo município. As terras também são da União, seu título foi cancelado pelo Terra Legal pelo não cumprimento de cláusulas do CATP, e foram repassadas ao Incra pra criar assentamento. A área é de conflito permanente, pois Genival Azevedo Cavalcante, que se diz o dono, já ordenou o despejo do acampamento em 2002 e 2004, quando mandou destruir casas e plantações dos camponeses, exceto o pasto, que utilizou por todos estes anos. No último dia 14 de agosto, ele e dois homens armados ameaçaram uma acampada.

A Área 10 de maio, em Buritis, pode ser despejada a qualquer momento, mesmo estando na região onde o latifúndio tem cometido os maiores crimes, memso a justiça tendo dado ganho de causa para o Incra contra o latifundiário Caubi Moreira Quito, em 2004.

Camponeses das Áreas Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2, em Ariquemes, denunciaram que pessoas estranhas estão rondando a área, fazendo perguntas sem sentido. Eles temem ser pistoleiros a mando de latifundiários a procura de lideranças combativas, como ocorreu em agosto último, quando um chefe de pistolagem de Jaru esteve nestas áreas dizendo procurar terra para comprar.

No último dia 05, numa mega operação, policiais militares de Theobroma e do GOE – Grupo de Operações Especiais e do Núcleo de Inteligência de Jaru prenderam o camponês José Geraldo, conhecido como Pernambuco, por envolvimento com tomadas de terra (fotos em anexo). Não houve punição alguma para policiais denunciados por humilhações, agressões, torturas e ameaças de morte contra camponeses em luta pela terra, na mesma época, na mesma região.

Lutar contra a criminalização da luta pela terra

Nada disto é novidade! É interminável a lista de violências do latifúndio e do velho Estado contra os camponeses, especialmente os que ousam lutar pelo sagrado direito à terra de forma combativa; e nenhum destes crimes recebe punição. Para denunciar este absurdo, estamos organizando, juntamente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB, na manhã do próximo 14 de dezembro uma audiência pública, no campus da Unir e à tarde uma manifestação pelas ruas de Porto Velho. Todos trabalhadores, movimentos e entidades democráticas da cidade e do campo estão convidados.

O camponês quer terra, não repressão!
Lutar pela terra não é crime!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

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