Greve Geral : Campo e
cidade se levantam em lutas!
No dia 28 de abril importantes mobilizações, paralisações e protestos
combativos se levantaram em todo o país agitando a consigna da Greve Geral
contra as “reformas” de Temer e sua quadrilha. Barricadas em chamas, cortes de
rodovias e manifestações massivas no campo e na cidade deram o tom da Greve
Geral que mobilizou centenas de milhares de operários, camponeses, professores,
servidores e estudantes contra os ataques à Previdência e à CLT, contra as
terceirizações e em defesa de direitos históricos criminosamente atacados pelo
gerenciamento Temer. Em diversas regiões, a reportagem de AND e os comitês de
apoio acompanharam as mobilizações.
Camponeses aderem à Greve Geral
No Norte de Minas
Gerais, camponeses, com o apoio de
operários e trabalhadores de várias categorias, bloquearam as rodovias BR-365,
251, 135, MG-122 e 451 e com pneus, paus, fogo demonstraram muita disposição
para lutar contra as “reformas” da Previdência e Trabalhista, contra o governo
vende-pátria e antipovo de Temer/PMDB/PSDB, sua quadrilha e sua política
entreguista e de subjugação nacional. O fogo ardeu nas rodovias de sete
cidades: Montes Claros, Bocaiuva, Olhos d’água, Pirapora, Mirabela, Porteirinha
e Salinas.
A
Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Norte de Minas e Sul da Bahia, junta a
vários sindicatos de trabalhadores rurais, levantou mais uma vez suas bandeiras
vermelhas e a consigna de ‘Morte ao Latifúndio!’ e ‘Viva a Revolução
Agrária!’, distribuindo milhares de panfletos e defendendo que a saída para
a crise é a Greve Geral e tomar todas as terras do latifúndio.
Na
BR-251, importante rodovia de integração regional que dá acesso a BR-116
(Rio-Bahia), os camponeses de Manga, Pedras de Maria da Cruz e Varzelândia
realizaram o bloqueio com um grupo de educadores e sindicalistas de Francisco
Sá e Montes Claros.
Quando
os ativistas espalharam os pneus na rodovia, a polícia rodoviária apareceu e,
por pouco, não teve o carro incendiado, pois os camponeses não vacilaram na
hora de atear o fogo, mesmo com a viatura em cima dos pneus. Durante o
bloqueio, a juventude camponesa deixou pintado nas muretas da ponte as
consignas de ‘Cleomar vive! Morte ao Latifúndio!’ e ‘Viva a Revolução
Agrária!’.
Policiais
militares ameaçaram os camponeses, que bloqueavam a via, apontando pistolas
contra os manifestantes, o que não impediu o protesto. Decididas, as massas
sustentaram o bloqueio. Durante a manifestação foi promovida uma vigorosa
panfletagem em meio aos carros que se concentravam. Muitos motoristas
manifestaram apoio ao protesto.
No
carro de som, as lideranças se revezaram na argumentação em defesa da Greve
Geral, das tomadas de terras e repudiaram os ataques contras os camponeses e a
luta pela terra, como em Colniza, no Mato Grosso, e tantos outros em Rondônia e
por todo o país.
Já
na manifestação da cidade de Montes Claros, oportunistas (“Frente Popular
Brasil” e outros) tentaram fazer o seu carnaval com fanfarra, apitos e narizes
de palhaço, mas um bloco combativo se destacava em meio aos 5 mil
manifestantes, chamando atenção de todos por sua organização, firmeza e
combatividade. Eram os camponeses pobres que, em colunas, gritavam suas
palavras de ordem contra a farsa eleitoral e pela Revolução Agrária. Esse grupo
compacto marchou pelas ruas de Montes Claros com altivez e foi ouvido pela
população e demais manifestantes. Milhares de panfletos foram distribuídos,
assim como várias edições do jornal A Nova Democracia.
Muitas
pessoas queriam tirar fotos ao lado da faixa da Revolução Agrária e algumas
aderiram às colunas. Os trabalhadores dos Correios, que decretaram greve,
uniram-se aos camponeses na manifestação pela Greve Geral.
No
estado de Rondônia, a LCP também agitou o 28 de abril. Numa rodovia
federal entre os municípios de Jaru e Ariquemes houve queima de pneus com corte
parcial das vias. Além disso, foi feita uma vibrante panfletagem em apoio aos
camponeses das áreas Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2 no protesto em
Ariquemes, que correm o risco de serem despejados. Numa rodovia federal entre
Ouro Preto do Oeste e Ji-Paraná, pichações foram feitas também em apoio aos
camponeses dessas áreas. Em Colorado do Oeste houve distribuição de cerca de
400 exemplares do jornal A Nova Democracia na manifestação, que contou
com 200 pessoas, com concentração em frente à sede da Receita Federal.
Segundo
a página do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no interior do Maranhão
ocorreram mobilizações em pelo menos 53 municípios e os camponeses bloquearam
todos os acessos à capital São Luís e ao Porto de Itaqui. Em Pernambuco
foram 34 bloqueios de estradas. Houveram cortes de estradas, rodovias e
paralisações também nos interiores de São Paulo, Paraíba, Mato Grosso do Sul,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Paraná, Piauí, Pará,
Goiás, Bahia, Tocantins, Alagoas, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Santa
Catarina.
Greve Geral e manifestações nas cidades
No Rio de Janeiro, o dia amanheceu com vários cortes de vias nas cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e em diversos pontos da capital, como na Zona Portuária, Ponte Rio-Niterói, no acesso ao aeroporto Santos Dumont e outras regiões. Em Niterói, houve confronto entre grevistas e a polícia enquanto trabalhadores bloqueavam a entrada das barcas.
Na parte da tarde, milhares de trabalhadores grevistas e estudantes se
concentraram em frente à Assembleia Legislativa, no Centro da capital, de onde
partiram em direção à Cinelândia com inúmeras faixas, cartazes, bandeiras e
palavras de ordem. Um bloco vermelho e combativo composto por dezenas de
militantes do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), da Unidade Vermelha – Liga da Juventude Revolucionária
(UV-LJR), do Movimento Feminino Popular (MFP), do Movimento Classista
dos Trabalhadores em Educação (Moclate) e da Frente Revolucionária de Defesa
dos Direitos do Povo (FRDDP) levantou uma enorme faixa com as inscrições: Abaixo
Temer e suas reformas antipovo! Viva a Revolução de Nova Democracia!
Ainda na concentração, a Polícia Militar atacou os manifestantes com
muitas bombas de efeito moral e balas de borracha. A partir daí, teve início um
grande confronto pelas ruas e, em resposta à violência policial, a Juventude
Combatente atacou agências bancárias e grandes lojas localizadas na Avenida Rio
Branco. As ruas da região central do Rio viraram uma praça de guerra. O
confronto durou horas e, no início da noite, os PMs lançaram bombas na
Cinelândia cancelando um comício que seria realizado. A rebelião popular
terminou com pelo menos oito ônibus e um carro do metrô incendiados.
No município de Teresópolis, na Região Serrana do
estado, o Comitê de Apoio ao AND acompanhou as mobilizações do Comitê
Municipal de Lutas Contra as “Reformas”. Todas as agências bancárias foram
paralisadas e apenas 10% da frota de ônibus circulou. As manifestações
criticaram também o gerenciamento municipal de Mario Tricano/PP.
SP: Revolta popular ataca casa de Temer
Durante as grandes mobilizações nacionais da Greve Geral, 70 mil pessoas
lotaram o Largo da Batata contras as reacionárias “reformas” da Previdência e
Trabalhista levadas a cabo pelo gerenciamento federal. No acesso à residência
oficial de Temer, manifestantes não recuaram diante do enorme aparato policial
e tentaram seguir com a marcha. Policiais atacaram o protesto com bombas e
tiros de bala de borracha.
Cansado de arrocho e opressão, o povo não arredou pé das ruas e
enfrentou as tropas de repressão do velho Estado com pedras, paus, fogos de
artifício e barricadas, que foram erguidas por todo o Centro. Os maiores bancos
do Brasil, que só ano de 2016 lucraram 10 bilhões com a agonia do povo
brasileiro, tiveram suas fachadas devastadas pela fúria das massas no rastro da
repressão policial.
Os ativistas do MTST, Juracy, Luciano e Ricardo
foram presos por participarem da greve de 28 de Abril. Em 2 de maio, eles foram
encaminhados do 63º DP para o Centro de Detenção Provisória Vila Independência,
na Vila Prudente. Os três, presos por motivos claramente políticos, são
acusados de incitação ao crime, incêndio e explosão.
MG: Bloco combativo em Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, o ato da Greve Geral, que aconteceu sob forte chuva,
reuniu milhares de trabalhadores no Centro. Desde a madrugada, os trabalhadores
demonstraram muita disposição e, por volta das 8 horas da manhã, partiram rumo
à concentração do ato. Por volta das 11 horas, todos se concentraram na Praça
Sete e realizaram atos em diversos pontos da região, que contaram com vários
carros de som e blocos de operários, camponeses, indígenas, professores,
estudantes e intelectuais honestos.
O bloco classista e combativo formado pela Liga Operária e outros
movimentos populares agitou a multidão com uma dupla de operários da construção
civil que entoaram palavras de ordens contra a gerência Temer e suas
contrarreformas reacionárias, contra a farsa eleitoral e em defesa da luta
combativa e independente. Minas Gerais teve mais de 60 atos no dia da Greve
Geral.
Na REGAP (Refinaria Gabriel Passos), no município de Betim, um ônibus
particular da montadora Fiat, que tentava coagir seus funcionários a trabalhar,
foi incendiado e colocado como barricada na Rodovia Fernão Dias, e outro ônibus
foi incendiado no bairro São Caetano.
PR: Bloco vermelho na Greve Geral
Militantes e ativistas da UV-LJR e outras
organizações revolucionárias participaram, em Curitiba (PR), da manifestação
contras as “reformas” antipovo e vende-pátria de Temer e pela Greve Geral. Com
faixas da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo (FRDDP)
defendendo a Revolução Agrária e em ‘Defesa da Vida e Saúde do Presidente
Gonzalo’ (campanha internacional em curso), eles percorreram as principais ruas
do Centro da cidade. Durante todo trajeto foram acompanhados pela Polícia
Militar e também por bate-paus da CUT/PT e sindicatos pelegos, que, fazendo
coro com a reação, chegaram a usar o carro de som para pedir que os
manifestantes combativos retirassem a cobertura do rosto.
A Greve Geral paralisou o transporte coletivo da
capital e toda região metropolitana, escolas, universidades, bancos e todos os
serviços públicos.
Operários das montadoras Renault, Volvo e da
Petrobras atearam fogo em pneus e fecharam rodovias por horas em São José dos
Pinhais, Araucária e na Cidade Industrial (em Curitiba). Também as atividades
do porto de Paranaguá, um dos principais da América Latina, foram paralisadas.
Em todo o interior ocorreram paralisações de estudantes, professores e demais
funcionários públicos, principalmente em Ponta Grossa, Cascavel, Guarapuava,
Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá.
GO: Juventude vai às ruas
Em Goiânia, mais de 30 mil manifestantes concentraram-se na região
central da cidade no 28 de abril. O ato teve início de manhã em frente a
Secretaria Municipal de Educação (SME) com uma assembleia deliberativa que
discutiria a greve da rede pública municipal de educação.
Após a assembleia, os mesmos marcharam para o Centro da cidade até a
Praça do Bandeirante, onde se encontraram com bancários, motoristas de ônibus,
profissionais da saúde, servidores públicos, estudantes, camponeses e outros
que participavam da Greve Geral. O ato das centrais sindicais começou na
Assembleia Legislativa e, logo em seguida, no fim da manhã, seguiu para a Praça
do Bandeirante.
O bloco das centrais sindicais pelegas foi marcado por carros de som
usados como palanque por políticos. Em paralelo, o bloco classista e combativo
formado por professores, estudantes e movimentos populares independentes entoou
suas palavras de ordem.
Durante a marcha, a PM atacou brutalmente a manifestação com cassetetes,
balas de borracha e gás lacrimogêneo. O estudante de Ciências Sociais da
Universidade Federal de Goiânia (UFG), Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos,
foi agredido brutalmente pelo capitão da PM Augusto Sampaio com uma paulada na
testa. O impacto foi tão forte que o cassetete chegou a partir ao meio e o
rapaz ficou com traumatismo cranioencefálico e múltiplas fraturas. Até o
fechamento desta matéria, em 5 de maio, Mateus, embora tivesse acordado do
coma, permanecia internado em estado grave na UTI do Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO).
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