viernes, 18 de abril de 2025

BRASIL: ABRAPO E CEBRASPO DENUNCIAM GRAVES VIOLAÇÕES DOS DIREITOS DOS CAMPONESES EM RONDÔNIA - maxima solidaridad

 

 

ABRAPO - Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta e o  CEBRASPO - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos vêm denunciar e  repudiar a ação de agentes do Estado em conjunto com pistoleiros, a soldo do latifúndio,  na Área Gedeon José Duque, localizada em Machadinho d’Oeste, em Rondônia. 

Segundo denúncias do Jornal Resistência Camponesa, veiculadas no Jornal A Nova  Democracia, confirmadas pela Missão de Solidariedade realizada pelo CEBRASPO no  último fim de semana, 12 e 13 de abril de 2025, e relatos de pessoas que vistoriaram o  local, um consórcio de latifundiários, em ação combinada entre a Polícia Militar de  Rondônia e a pistolagem, que seria chefiada por Gesulino Cesar Travagine Castro, vem  praticando todo tipo de violência e arbitrariedades contra os ocupantes da área,  aparentemente, com a garantia de impunidade, e, inclusive, de forma audaciosa,  divulgando suas ações nas redes sociais. 

Esse personagem de nome Gesulino é figura conhecida e é acusado de ser o assassino e  mandante da conhecida “Chacina de Jacinópolis1”, onde 6 (seis) pessoas foram  vitimadas em 20122

Conforme relatos dos camponeses, no dia 9 de abril, dezenas de pistoleiros,  acompanhados pela Polícia Militar, chegaram atirando. Homens, mulheres e crianças  tiveram que correr pelo mato adentro para não serem mortos. Todos os seus barracos e  pertences foram queimados, os animais mortos a tiros e suas plantações destruídas.  Saíram da área apenas com a roupa do corpo, perdendo o pouco que tinham para  sobreviver.  

Foto: Pistoleiros e Policiais Militares de RO atearam fogo nas casas e produção dos Camponeses em RO. 

Conforme o Jornal Resistência Camponesa, na notícia veiculada em 14 de abril de 2025  no portal de notícias do Jornal A Nova Democracia3:

Desde o dia 9, máquinas e tratores estão derrubando a mata de reserva localizada dentro  da Área Gedeon, enquanto grupos de pistoleiros agindo em bandos seguem destruindo  os pertences das famílias e caçando as famílias, inclusive um grupo de mulheres e  crianças segue cercado pelos pistoleiros. Enquanto o bando armado de Gesulino faz o  serviço sujo, a Polícia Militar sobrevoa a Área Gedeon com helicóptero e a Polícia Civil  e Militar de Machadinho d’Oeste e de Cujubim seguem atuando por terra em  coordenação com os pistoleiros que estão em grupos na mata. 

Ainda segundo o jornal: 

A ação da Polícia Militar e dos pistoleiros tem se expandido para as áreas vizinhas  embora não haja nenhuma operação de reintegração de posse expedida pelo judiciário de Rondônia contra essas áreas.4 

Não bastasse: 

No dia 10, pistoleiros fizeram arrastão e invadiram a casa de camponeses na Área  Gonzalo, ameaçando e agredindo vários moradores, chegaram a agarrar no pescoço de  um casal de idosos, ameaçando de morte logo em seguida caso não deixassem seu lote  imediatamente. Também no dia 10, a Polícia Militar invadiu uma parte da Área  Revolucionária Valdiro Chagas sob a justificativa de procurar camponeses que teriam  saído da Área Gedeon e que supostamente estariam sendo escondidos por outros  moradores da área vizinha. 

Até o momento nenhuma autoridade dos ditos poderes Executivo, Legislativo e  Judiciário de Rondônia se pronunciou sobre o caso. Enquanto isso, Gesulino segue  postando seus crimes em suas redes sociais, como o Instagram. No último dia 30, foi  postado um vídeo em que ele destruía a entrada da AR Gedeon, incendiando a estrutura  de vigilância da área e as faixas colocadas pela Liga dos Camponeses Pobres. Em outro  vídeo, Gesulino se vangloria da rapidez na construção de uma cerca na parte da Área  Gedeon por ele invadida. 

Camponeses também identificaram um dos pistoleiros que baleou um camponês da  Área Gedeon no dia 31, de nome Diógenes, e que seria um dos gerentes de Gesulino. O  veículo utilizado no ataque esteve junto a Polícia Militar durante a prisão do  comerciante local e segue circulando na área. Até o momento nenhuma prisão dos  autores desse crime foi realizada. 

Camponeses da região denunciam que a apreensão de armas e munições de integrantes  do grupo “Invasão Zero”, realizada pela Polícia Militar no dia 09 de abril, teria sido  apenas uma encenação, enquanto acobertavam os pistoleiros que estão na mata. Diante  de uma frota de mais 15 caminhonetes com latifundiários e capangas armados até os  dentes, o resultado da ação policial foi a apreensão de apenas 6 armas de fogo e  algumas dezenas de munições.5 

No dia 11 de abril, ocorreu outra megaoperação policial a serviço do latifúndio contra o  acampamento São Francisco, localizado na região de Nova Mutum em Porto Velho  (RO) onde foram presas pela Polícia Militar 26 pessoas, entre elas uma mulher grávida.

A operação teve início ao meio-dia e assim como na área Gedeon, não apresentaram  qualquer ordem de reintegração de posse e contou com mais de 6 (seis) viaturas, um  helicóptero e mais de 20 (vinte) policiais. Segundo os camponeses, os latifundiários  acompanharam a operação e deram ordens sobre quem deveria ser preso e quais itens  deveriam ser levados pelos policiais. As mulheres que ficaram na área foram obrigadas  a cozinhar para os policiais. No mesmo dia, os camponeses foram libertados pela ação  imediata dos advogados da ABRAPO.  

Por esse estado de coisas, vimos denunciar a escalada da violência perpetrada pelas  polícias locais e por grupos paramilitares armados, atuando como milícias privadas dos  latifundiários, situação essa que vem se verificando não só em Machadinho d’Oeste/RO, mas em várias outras regiões de Rondônia e do País, sem que os poderes constituídos  tomem as medidas cabíveis, numa omissão consciente e deliberada, consorciada com os  desígnios de grandes latifundiários do agronegócio e da extrema-direita, contra os  interesses legítimos do povo que luta por terra para nela viver e trabalhar. 

Importante, ainda, destacar que o caso não é isolado; pelo contrário, faz parte de um  movimento mais amplo de ofensiva reacionária contra camponeses em prol do  latifúndio. Nesse sentido, em 11 de abril de 2025, "Ao menos 26 pessoas, entre elas uma  mulher grávida, foram presas pela Polícia Militar (PM) de Rondônia durante uma  megaoperação policial a serviço do latifúndio contra o acampamento São Francisco,  localizado na região de Nova Mutum em Porto Velho (RO)"6. 

Na última segunda-feira, dezenas de advogados da ABRAPO e representantes do  CEBRASPO se reuniram em caráter de urgência e decidiram denunciar e levar estas  denúncias para todas as instâncias de defesa de direitos humanos nacionais e  internacionais. 

Desse modo, conclamamos todos os democratas, entidades, coletivos e pessoas  comprometidas com a luta do povo por terra, a repercutirem essas denúncias com a  finalidade de vermos cessadas essas agressões violentas, a fim de se evitar tragédias  maiores. 

ENVIE SUA DENÚNCIA AOS SEGUINTES ÓRGÃOS: 

1. CONSELHO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS: 

cndh@mdh.gov.br 

2. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL: 

prro-gabprdc@mpf.mp.br 

3. DEPARTAMENTO DA OUVIDORIA AGRÁRIA NACIONAL: ouvidoria.agraria.nacional@mda.gov.br 

Cobramos dos órgãos acima a apuração destas graves denúncias de violações a direitos  humanos. 

PELO FIM DOS CRIMES DO LATIFÚNDIO!



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CEBRASPO
Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos
www.cebraspo.blogspot.com.br

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