Nota dos companheiros do jornal A Nova Democracia, a respeito do falecimento de um grande companheiro. Unimo-nos ao pesar dos seus companheiros.
DR
Recebemos com profundo pesar a notícia do falecimento do jornalista Paulo Queiroz Bezerra.
Paulo Queiroz era membro do conselho editorial de A Nova Democracia e, desde Rondônia, colaborava com a luta pela imprensa democrática e popular.
Há três décadas o companheiro, paraibano de nascença, vivia e trabalhava em Rondônia. Colaborou com vários veículos de imprensa e foi justamente através da sua valente coluna Política em Três Tempos no Estadão do Norte que travamos conhecimento. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de Rondônia, correspondente do Jornal do Brasil (RJ) na Amazônia, foi articulista político dos jornais O Guaporé, Diário da Amazônia, Estadão do Norte, entre outros. Colaborou também com o portal Tudo Rondônia e era o editor geral da página na internet Rondônia Sim.
Aqueles que encontravam as portas do monopólio da comunicação fechadas para os apelos populares, tinham em Paulo Queiroz um porta-voz militante. Dava voz aos camponeses, operários, estudantes, povos indígenas…
Aos 63 anos de idade, Paulo Queiroz não impunha limites para o seu trabalho. Faleceu na sede do Rondônia Sim. Seu corpo foi encontrado por parentes na tarde de ontem, dia 9 de março, e está sendo velado na sede da Reitoria da Unir desde 12 horas desta quinta-feira.
A Nova Democracia lamenta profundamente a perda do companheiro Paulo Queiroz. Em sua homenagem publicamos uma de suas colunas Política em Três Tempos.
Política em três tempos
por Paulo Queiroz
24 de Agosto de 2008
1 – O POVO UNINDO-SE
“Conquistar a Terra” não é apenas o título do hino da luta pela terra que será entoado nesta sexta-feira (22), a partir das 19h, no campus José Ribeiro Filho, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), em Porto Velho, pelos participantes do 5º Congresso da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), durante o ato que marcará a abertura do evento. É, além da evocação do canto que conclama à transformação do mundo e à luta por uma sociedade justa, a síntese de outras três palavras de ordem sob as quais os que confiam no triunfo dessa justiça vão estar reunidos para fazer um balanço das atividades do movimento, avaliar suas possibilidades, estimar os perigos que os espreitam, inventariar suas forças, gloriar seus mortos e perscrutar os caminhos por onde projetar os próximos passos.
Os que no campus da Unir estarão reunidos neste dia vão, das 19h desta sexta-feira até à noite do dia seguinte (sábado, 23), sob entoações do hino “Conquistar a Terra”, dizer a todos que “A Amazônia é Nossa”, propor aos que têm fome e sede de justiça “Tomar todas as terras do latifúndio” e proclamar a plenos pulmões “Abaixo a criminalização da luta pela terra”.
Passa-se a palavra aos organizadores desse encontro, que falarão diretamente ao leitor por intermédio do texto de apresentação do evento. Som na caixa: “Iniciamos os preparativos para o 5º Congresso da LCP em meio a uma situação extraordinária para a luta camponesa em nosso país. O fato inegável é que os camponeses estão rasgando as ilusões com a reforma agrária falida do governo.”
“Cortar a terra por conta, entregar aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra, desenvolver a produção baseada na ajuda mútua e cooperação e criar a organização do poder político nas áreas tomadas do latifúndio. Esta é a Revolução Agrária que faz estremecer os latifundiários, grandes burgueses e seus amos imperialistas. Os ataques contra os camponeses tentam esconder que os bandidos em Rondônia são os latifundiários que cometem os piores crimes contra o povo.”
2 – CONFLITOS AGUDOS
“A região amazônica assume importância estratégica para os países imperialistas em sua corrida por matéria prima abundante, por novas fontes de energia e apropriação das riquezas da biodiversidade. Tudo para fazer frente ao agravamento da crise geral do capitalismo. Principalmente EUA, Europa e Japão, todos querem a Amazônia.”
“A questão do desmatamento mostra os agudos conflitos interburgueses. Grandes latifundiários plantadores de soja, de cana e criadores de gado, grandes madeireiras, grandes mineradoras e grandes empreiteiras digladiam com ong’s ambientalistas e monopólios da imprensa dos países imperialistas.
São diferentes frações do capital. Todas ligadas ao imperialismo, que disputam a maneira mais conveniente de tomar a Amazônia.”
“Os camponeses, os índios, os ribeirinhos, povo da região são os únicos que podem impedir os planos de ocupação predatórios, desmatamento, roubo de riquezas e venda da Amazônia. São os únicos capazes de defender verdadeiramente o território e a soberania do país, através da sua povoação massiva e ordenada, bem como da exploração racional e em proveito dos filhos do país.”
“O que temos visto é a aplicação de uma política não só de impedimento da ocupação, mas de expulsão destas populações, seja pela falta de qualquer política agrária, de demarcação e regularização de terras, seja pela ação dos bandos armados do latifúndio ou pela repressão e terror do Estado contra o povo. Faz uso da legislação que favorece somente os ricos numa escalada para a criminalização do trabalho dos pequenos proprietários e da luta dos camponeses pobres pela terra.”
“É o caso da operação Arco de Fogo, que fechou centenas de pequenas e médias serrarias, causando desemprego e quebradeira no comércio das cidades que vivem da madeira. Mas as grandes madeireiras vão continuar derrubando com autorização do Ibama, sob a farsa de “planos de manejos” ou a prática corriqueira da corrupção dos agentes fiscalizadores. A forma de legalizar isso é o aluguel de florestas.”
3 – REVOLUÇÃO AGRÁRIA
“As reservas indígenas sofrem pressão do latifúndio para que sejam diminuídas ou desmembradas. Outro caso é o das populações ribeirinhas ameaçadas de expulsão de suas terras pela construção das usinas do rio Madeira e criação de novas Áreas de Proteção Ambiental (Apas).”
“Em Rondônia, existem mais de 100 áreas em conflitos pela terra e o Incra é incapaz de resolver os problemas. Os camponeses cansados de promessa e enrolação abraçam, com entusiasmo, a bandeira da Revolução Agrária. Exemplo disso é a retomada da fazenda Santa Elina, em Corumbiara, 13 anos após o massacre. Tudo isto serve para vermos a importância que vai ganhar a luta pela terra na Amazônia e a necessidade de unirmos todos os camponeses, índios, ribeirinhos e demais trabalhadores da região para a defesa dos nossos direitos.”
“O 5º Congresso da LCP se realiza em meio ao acirramento inevitável da luta pela terra. Estão lançadas as condições para aprofundarmos a Revolução Agrária aplicando com mais decisão a consigna de unir todo o movimento camponês para tomar todas as terras do latifúndio.”
“Convidamos todos os camponeses de Rondônia, do sul do Amazonas, do Acre, do norte do Mato Grosso, enfim, todos que estão acampados lutando por um pedaço de terra, além dos camponeses que já conquistaram suas terras: convidamos os desempregados que estão se preparando para tomar terras, as populações ameaçadas pela construção das hidrelétricas, os povos indígenas da região, os trabalhadores da cidade: convidamos os pequenos e médios comerciantes que apóiam a justa luta camponesa, os simpatizantes, os professores, os estudantes, os intelectuais, jornalistas e artistas honestos.”
“Venham todos participar do 5º Congresso da LCP que será o momento de discutirmos os problemas da região e os rumos da luta camponesa pela conquista da terra, contra a corrupção que assola o poder público em Rondônia e todo país, e por uma Nova Democracia.
Viva o 5º Congresso da LCP! Viva a Revolução Agrária!”
Viva!
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