Neste artigo imos assinalar algumhas grandes
mentiras burguesas sobre a “democracia” e as eleiçons, que nem sequer o
mais radical reformista de qualquer parlamento se atreverá a expor
publicamente e muito menos contrariar. Trata-se dumha soma de lugares
comuns que sostenhem o pensamento burguês desde o liberalismo. Uns
lugares comuns que dominam aos reformistas, que os justificam e, tamém,
som a base que os transforma em instrumentos úteis para o nosso inimigo,
o poder político da oligarquia espanhola e da burguesia galega, o
Estado Espanhol.
Marx ensinou-nos o importante feito de que nom só as
pessoas, mas tamém as instituiçons e as organizaçons tenhem um carácter
de classe; aliás, as próprias ideias e posiçons tenhem um carácter de
classe. Nos tópicos que repetem as pessoas, ainda pertencentes a
diferentes classes sociais, repetindo as mesmas ideias da burguesia,
vemos tamém a evidência de que só o proletariado consciente pode ter
independência política numha sociedade capitalista moderna como a
galega.
Nas ideias burguesas sobre o mundo, as pessoas, a
democracia, a policia, etc; está o poder político da classe dominante. A
maioria dos obreiros dumha sociedade capitalista repete de maneira
espontânea as ideias burguesas. Podem falar sobre a palavra “democracia”
da mesma maneira que é pronunciada polos deputados (tamém da esquerda
do sistema político burguês) com grandes vozes. Uns deputados que desde o
mais podre oportunismo se podem chamar mesmo de “comunistas”. Nada mais
afastado da realidade: som parte substancial do mesmo sistema.
Tanto fai como seja o nome dum determinado partido (BNG,
FPG, MGS, ISCA, PCPE, PCE), nengum destes entrará a fazer umha crítica
científica às próprias ideias burguesas, que som precisamente a essência
da hegemonia política da burguesia (no nosso caso da oligarquia
espanhola e da burguesia galega). Debulhemos estes lugares comuns, co
intuito de favorecer o esclarecimento desta questom no seio da vanguarda
na Galiza, aproveitando a enésima cita eleitoral.
Primeira mentira: “Os votos som importantes,
transcendentais, conscientes e definitórios. Os votantes sabem o que
defenderám os deputados, conhecem a quem votam e conhecem o seu
programa”.
Pola cabeça de todas as votantes passou algumha vez a
ideia de que o seu voto individual “nom vale nada”. Fixo falta muita
propaganda para ocultar este pensamento espontâneo do povo.
A lógica do parlamentarismo é o intento de que participe
o suficiente número de pessoas numhas determinadas votaçons. Nom busca
que as pessoas sejam donas das suas vidas, que tenham consciência do
mundo, nem nada parecido. O que se lhe pede ao cidadao é que vote, que
depois eles já se ocuparám do demais. Esta é a razom de que o voto seja
secreto. Porque o segredo (neste contexto) é o mesmo que anónimo e
anónimo (como todos sabemos) é o mesmo que sem responsabilidade. O
estado burguês nom quer um voto informado, consciente, responsável do
presente e do futuro, nom. Os estados burgueses dizem-lhe aos seus
cidadaos que nom se preocupem com os complicados problemas que tenhem
que solucionar os membros eleitos das instituiçons do estado, porque
estes membros em longas jornadas esgotadoras resolverám os problemas e
criarám um futuro ideal para todas. De maneira que para esta lógica o
voto secreto, o anonimato, a irresponsabilidade que está associada ao
anonimato, som a única opçom possível. Frente a esta está a opçom da
repressom massiva sobre a povoaçom. Opçom muito pior, menos prática,
mais custosa, e por isso sempre desaconselhável salvo necessidade.
Numhas eleiçons aos parlamentos (sejam estatais ou
autonómicos) muitos votantes nom conhecem nem os nomes das pessoas que
se apresentam pola sua circunscripçom, nem o seu programa eleitoral.
Aliás resulta que os programas eleitorais realmente nom som mais que
umha lista (mais ou menos longa) de generalidades sem concretar, polo
que nom clarifica que farám os representantes na realidade da
organizaçom dos aparatos do estado.
Segunda mentira: “O que afirma a maioria é o justo e o verdadeiro”.
Sem dúvida que a errada ideia de que o que defende a
maioria é a verdade ademais de ser a opçom justa, tem detrás o poder
político da burguesia. Mas naturalmente, na prática, a burguesia nom tem
nengum problema em ir nom só contra os interesses da maioria, mas em ir
contra a opiniom da maioria da povoaçom. É precisamente esta ideia de
justeza e verdade da maioria um dos alicerces da esquerda, que se
combina (sem soluçom de continuidade) com o despreço para cos votantes
que nom lhe derom o seu voto. Os votantes nom som mais que as vítimas da
sociedade capitalista aos que o revisionismo acaba por achacar e
responsabilizar de todos os males dumha sociedade capitalista. O
revisionismo fai desta maneira um inestimável serviço à oligarquia,
desde o momento em que culpam a umha suposta “vontade popular”, duns
males que som o simples resultado da própria lógica dumha sociedade
capitalista.
Terceira mentira: “Se nom utilizas os parlamentos e os
meios de comunicaçom burgueses é impossível chegar e influenciar as
massas”.
As diferentes burguesias do mundo com os seus estados
tenhem experiência avonda para saber como impedir que os seus meios de
comunicaçom se transformem em tribunas para a revoluçom. O mesmo podemos
dizer de qualquer instituiçom local, das que nom tenhem reparos em
expulsar e encarcerar a qualquer suspeitoso de sair-se do seu rego.
Nunca no mundo puido ser levada a termo umha revoluçom
social empregando os meios de comunicaçom do inimigo. Na história vemos
como as massas influenciadas polas forças revolucionárias criam os seus
próprios meios de comunicaçom. Nas sociedades capitalistas desenvolvidas
os meios de comunicaçom dizem o que é razoável e o que nom. Decidem o
que pensa a maioria da povoaçom e contam-no. De maneira que som os meios
de comunicaçom os que criam o conceito e os que expressam o que quer a
“opiniom pública”.
Quarta mentira: “Mediante as instituiçons do estado é
possível mudar a legislaçom de maneira que acabemos por lograr umha
mudança substancial do estado de cousas (a independência nacional, o
socialismo, o que for)”.
Na história nom há exemplos de partidos que conseguissem
coa participaçom nas instituiçons ir mudando a legislaçom dum estado
que pratica a opressom nacional sobre outro pais até poder conseguir a
sua independência. Todos os exemplos que se nos passem pola cabeça:
China, Cuba, Filipinas, Vietname, Irlanda, Índia, Angola, Moçambique,
Argélia, Cosovo, etc, nom conseguírom a independência mediante emendas e
ponéncias no parlamento. Onde se deu este tipo de processos
“curiosamente” sempre se deu o caso de que num referendo de
autodeterminaçom, saiu a continuaçom da opressom nacional, (exemplos:
Quebec, Escócia). Porque (como é lógico) quem fai o referendo tamém toma
as medidas necessárias para que ganhe a sua opçom. E o mesmo em caso
contrário (caso da dissoluçom da Uniom Soviética, em que os votantes
diziam seguir coa URSS mas a decissom foi a contrária, a já tomada pola
burguesia “soviética”). Os votos valem o que valem nestes casos: nada.
Quinta mentira: “A “democracia” e o estado som entes politicamente neutrais aos que os partidos dam um carácter político”.
Na realidade todos os estados som um instrumento co que a
classe social dominante consegue manter o seu domínio político sobre
outras classes, mantendo desta maneira umha certa estabilidade social,
impedindo mediante o monopólio da violência polo estado o derrube do seu
poder político.
Para o revisionismo o estado é um ente politicamente
neutral (ainda que renegue de palavra desta ideia) de maneira que som os
partidos que chegam ao poder os que lhe dam um carácter de classe, mas a
realidade é que o estado tem um caráter de classe intrínseco que marca
toda a sua existência.
O que nom pode entender toda a esquerda é que o seu
próprio “sentido comum” é um sentido, umha lógica, burguesa. Que as suas
ideias e práticas que as acompanham, fam que um obreiro alienado nom
poda ser independente politicamente, senom que se transforma numha
caricatura dum burguês.
A independência política do proletariado exige a
consciência. Esta realidade é a que nos obriga a delimitar, si ou si, a
nossa linha política coa do oportunismo. Igualmente é a que nos obriga a
elaborar a teoria revolucionária, dumha maneira que esta elaboraçom ao
transformar-se numha prática coletiva cria a primeira condiçom para
poder estender a consciência entre as massas.
Sexta mentira: “Os deputados som seres autónomos e representam os interesses dos seus votantes”.
Os deputados na realidade som atores aos que os seus
assessores adestram para realizar um espetáculo. Por outro lado os
favores a quem financiou as campanhas eleitorais e dos meios de
comunicaçom burgueses afins a cada um dos eleitos, obriga a estar sempre
disposto a lamber-lhe a mao a quem lhes dá de comer. Isto é a mesma
“natureza” do próprio sistema. Quanto aos grupos mais na esquerda do
espectro político burguês (as organizaçons que hoje se puderem
apresentar chamado-se “revolucionárias” ou “comunistas”) os seus
eleitos, de os ter, deverám obediência ao aparato (os seus liberados, os
seus sindicalistas, os seus advogados e técnicos..), expressom da
aristocracia obreira e a pequena burguesia.
Sétima mentira: “Os resultados eleitorais que se fam públicos som reais”.
Todo o revisionismo foge de denunciar a fraude eleitoral
quando ganha a direita conservadora, se esta denúncia se da numhas
condiçons nas que poda deslegitimar ao estado. Tanto tem que seja em
Miami, ou na Venezuela, em Escócia ou na Alemanha.
No estado Espanhol houvo um claro caso de fraude
eleitoral nas Europeias em que se apresentou a candidatura de
“Iniciativa Internacionalista”, mas o mesmo revisionismo que depois
acabou apoiando a EH Bildu nom denunciou esta fraude.
Oitava mentira: “As pessoas que nom votam estám de acordo com os resultados e nom é tenhem legitimidade para protestar”.
Qualquer pessoa que o pense detidamente pode entender a
realidade. Se tu tes a intençom de participar numha competiçom de 100
metros lisos, les as regras, decides participar e perdes segundo as
regras, podes protestar demostrando ser um mal perdedor. Mas se vendo as
regras optas por nom participar estás livre de denunciar que a carreira
era um trampa, como é fácil de entender. Ainda é mais absurdo afirmar
que quem nom participou nesta carreira amanhada está de acordo com o
resultado. De novo este ponto tem o seu correlato nas organizaçons mais a
esquerda: tu, obreiro no desemprego, tu, obreira sem recursos avondos,
nom votaste em X, como ousas protestar? Ter-nos votado! De novo
culpabilizaçom da vítima por parte dos nossos bem-queridos
progressistas. A máxima é: o povo temos o que merecemos!
Nona mentira: “O trabalho da oposiçom institucional é um trabalho político”.
Política hoje é a organizaçom dos recursos do estado
burguês, dos seus dinheiros, das suas leis, polícia, juizes, cárceres.
Política tamém é a organizaçom da luita contra a existência e os
recursos deste estado. Só há duas políticas: a burguesa e a
revolucionária (a proletária)
O trabalho dos reformadores fracassados, dos múltiplos
projeitos de reforma, das emendas da oposiçom que nom servem para nada;
isso é política burguesa de terceira divisom.
Décima mentira: “Sem passar por ganhar à maioria da
sociedade nas eleiçons e nos sindicatos é impossível o fortalecimento
das forças do proletariado revolucionário”.
O comunismo jamais tivo a maioria num parlamento em
nengum caso da história. Em Rússia em 1917 os Bolcheviques eram a
minoria na Assembleia Constituinte, iogual que nos sindicatos onde os
mencheviques eram a maioria. De feito em nengumha revoluçom da história
foi decisivo o trabalho dum sindicato.
Desde os sindicatos jamais se construiu um partido
comunista tal como o entendia V. Lenine. Ademais de que se vemos a
história descobrimos que em situaçons de paz, foi excepcional na
história (em periodos mui curtos) que os comunistas dum povo contem coa
simpatia de parte importante do sindicalismo. Destarte, era a esquerda
reformista antes e hoje é a esquerda do sistema (plenamente burguesa)
quem conta co apoio da maior parte do sindicalismo e das organizaçons
sectoriais e legais da mesma natureza (contra a opressom da mulher,
contra as desfeitas ambientais…).
A justas e necessárias luitas sindicais nom servem para
construir o partido do proletariado. Menos ainda serve para derrubar um
estado burguês. Com estas aclaraçons nom tentamos desanimar as justas
revindicaçons imediatas de obreiras e obreiros, senom clarificar-lhe um
feito histórico ao proletariado mais adiantado politicamente.
Evidentemente nas sociedades onde o povo está armado, dando-se umha
guerra popular, a actividade sindical pode ter uns referentes partidário
e armado que podem transformar qualitativamente esta actividade, ate
dar-lhe um carácter revolucionário como um instrumento da guerra do
povo. O mesmo podemos dizer doutros tipos de organizaçons setoriais
populares. Mas evidentemente e por desventura esta nom é a nossa
situaçom.
Em nengum lugar se deu, ou dará, umha revoluçom social
se para fazê-lo for necessário que o proletariado consiga a maioria
parlamentar. Por esta raçom a crítica do parlamentarismo e das ilusons
reformistas deve ser um trabalho constante.
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