Monopólio da imprensa
segue escondendo crimes do latifúndio e do Estado contra o povo no Vale do
Jamari
O Bom Dia Brasil (“noticiário” da
Rede Globo de abrangência nacional no horário da manhã) exibiu reportagem no
último dia 03 de maio de 2016 sobre o terror no Vale do Jamari praticado por
“milícias” contratadas por “fazendeiros” que atiram e invadem casas dos
camponeses, param camponeses nas estradas, agridem com coronhadas, apontam
armas interrogando, e que estão impedindo que circule o ônibus escolar que leva
as crianças para a Escola.
Quem não acompanha o que ocorre
na região poderia até pensar que por serem tão graves, escandalosos e absurdos,
estes acontecimentos não poderiam deixar de ser denunciados nem pelo principal
instrumento do monopólio da imprensa da burguesia e do latifúndio a serviço do
imperialismo.
Mas não é disso que se trata.
Além deste tipo de reportagem servir como preparação para outras que virão
atacando o movimento camponês (e aí os ataques mentirosos seriam legitimados
porque o monopólio de imprensa também teria divulgado a “ação das milícias” dos
“fazendeiros”), ela acoberta os criminosos (o Estado e o latifúndio, que não
são citados em nenhum momento na “reportagem” como autores dos crimes, e vamos
demonstrar isso mais a frente) e também a imprensa porca da região, que inverte
os fatos e promove um verdadeiro massacre de informações para que a população
local não tenha como denunciar os ataques que vêm sofrendo.
Quando a Rede Globo afirma que
estes grupos de pistoleiros foram contratados pelos próprios “fazendeiros” ela
engana quem assiste a reportagem, porque sugere que fazendeiros seriam os
pequenos e médios, ou seja, que estes pequenos e médios camponeses precisariam
de “segurança” contra os “sem-terra”. É mentira! Em Rondônia os fazendeiros são
os latifundiários, e é essa minoria de ladrões de terras públicas que precisa
da “segurança” da pistolagem e do Estado para garantir sua posse fraudulenta e
corrupta, conseguida e sustentada na bala e na corrupção de cartórios, juízes e
funcionários do INCRA. Mas a Rede Globo não fala que as terras do
Vale do Jamari são terras públicas griladas pelos latifundiários.
E sempre acompanham estas
“reportagens” da Globo uma enxurrada de lixo nos sites de Rondônia
criminalizando, demonizando e culpando os camponeses que lutam pela terra como
os responsáveis pela “insegurança” na região.
Logo no dia
04-05-2016, no jornaleco “Bronca da Pesada” (exibido no Canal 35 em Ariquemes pelo
boca suja, porta-voz do Coronel Enedy e pseudo jornalista Ricardo Schwantes), o Deputado Adelino Follador atiçou a repressão contra os
camponeses que lutam por um pedaço de terra. Histérico, o deputado atacou:
“As pessoas envolvidas são
bandidas e não querem a terra para cultivar, mas para criar o pânico na região
e que é preciso separar o joio do trigo. Espero que a Secretaria de Segurança e
a Secretaria de Educação do Município de Ariquemes tomem providências para
acabar com este problema que vem se arrastando há anos”.
No dia seguinte o mesmo sitio eletrônico relata a ação policial na
região:
“... mas a informação que
surpreendeu as equipes que pensavam que o distrito estava sendo assolado pela
ação de grupos ligados ao Movimento Sem Terra, esclareceu que os elementos são
“jagunços” que trabalham para um fazendeiro...”
É assim que acontece a PM se faz
de besta, como se não soubesse do que se trata, e esta imprensa porca promove o
terror contra os camponeses. Quando foram presos dois dos PM´s que participaram
do assassinato dos jovens Ruan e Alisson na Fazenda Tucumã, as fotos que
ilustravam as reportagens eram de camponeses presos.
Quanto a este bando de
pistoleiros que vêm aterrorizando a população do Vale do Jamari de forma
ostensiva nos últimos 4 meses, a partir da nomeação do Tenente Coronel Enedy
para o Comando da PM de Rondônia, eles têm nome e sobrenome. São grupos de
extermínio compostos por pistoleiros e policiais militares.
Foram eles que assassinaram os
companheiros Enilson e Valdiro em Jaru no dia 23-01-2016. Foram eles que
assassinaram os jovens Alysson Henrique Lopes e Ruan Hildebrandt Aguiar na
Fazenda Tucumã no dia 31-01-2016, queimaram o corpo de um deles e sumiram com o
corpo do outro jovem. Foram eles que atacaram e incendiaram o acampamento Hugo
chaves do MST em Cacaulândia no dia 05-04-2016. São eles que estão atacando os camponeses
do Assentamento Terra Prometida. Foi a PM desta região que, mesmo sem ordem de
reintegração de posse, tentou despejar as famílias do Acampamento 10 de Maio.
Foram eles que destruíram as benfeitorias da Fazenda Fluminense e assinaram o
nome da LCP.
É desse grupo que faz parte o
Sargento Moisés, que já era foragido do presídio quando inexplicavelmente fugiu
ao ser abordado em flagrante com outros pistoleiros deste grupo com uma
caminhonete carregada com um arsenal de guerra na Fazenda Tucumã no dia
03-02-2016.
Dois PM´s e um latifundiário
estão presos pelos crimes na Fazenda Tucumã, mas o Sargento Moisés, que já
tinha sido preso em outras ocasiões e foi solto por “ordens de cima”, continua
foragido.
E vejam como a PM respondeu aos
repórteres diante desta que é a segunda reportagem da Globo(a primeira foi em
05/02/2016) sobre a ação da pistolagem contra os camponeses do Assentamento
Terra Prometida:
“... o subcomandante do 7º Batalhão Capitão Faria informou
que a polícia tem conhecimento de fatos isolados que teriam ocorrido na região
e de um grupo armado que estaria extorquindo moradores naquela localidade...”
A situação é gravíssima. Há
poucos dias os pistoleiros sequestraram o ônibus escolar e torturaram o
motorista, assaltaram um grupo de camponeses que estavam em um bar e
metralharam a casa de um camponês (na reportagem da Globosóapareceu uma porta
com três perfurações de bala). E tudo isso é só a ponta do iceberg. Centenas de
motos de camponeses, o principal meio de transporte na zona rural, estão
presas. Os camponeses estão vivendo em um verdadeiro Estado de Sítio. Enquanto
os grupos de extermínio compostos por pistoleiros e policiais militares
aterrorizam a população e agem livremente, as reportagens ensejam operações
oficiais da PM em que os camponeses são presos. E quando isso não ocorre, todos
que se arriscam a registrar ocorrência de agressões e ameaças de pistoleiros
são depois “visitados” por outros pistoleiros. E a imprensa completa o cerco
com um massacre de desinformação.
Tudo isso e muito mais já foi
denunciado na Carta Aberta CONTRA A PERSEGUIÇÃO, AMEAÇAS E ASSASSINATOS DE
CAMPONESES E SUAS LIDERANÇAS, publicada no site Resistência Camponesa em 29 de
fevereiro de 2016 e que tem sido distribuída em debates por todo o país.http://www. resistenciacamponesa.com/ noticias/807-carta-aberta- contra-a-perseguicao-ameacas- e-assassinatos-de-camponeses- e-suas-liderancas
Conclamamos a todos os
verdadeiros democratas e apoiadores da luta camponesa a aumentar a mobilização
para desmascarar o cerco do monopólio da imprensa que acoberta a ação criminosa
do Estado e do latifúndio em Rondônia!
Viva a Revolução Agrária!
Morte ao latifúndio!
Terra para quem nela vive e trabalha!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
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