Companheira Remís: presente na luta!
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Reproduzimos a seguir as notas
do Movimento Feminino Popular (MFP) e do Movimento Estudantil Popular
Revolucionário (MEPR) em homenagem a companheira Remís Carla, militante
revolucionária e estudante de pedagogia, covardemente assassinada em
dezembro de 2017
Companheira Remís: este crime não ficará impune!
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada,
Esperança de vingança.
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta,
Capoeira.
Desde o dia 17 de dezembro, a
companheira Remis Carla estava desaparecida, após ser vista pela última
vez na casa de seu ex-namorado, Paulo César, no bairro Nova Morada, em
Recife. No dia 19 de dezembro, quando completou-se 48 horas de seu
último contato telefônico com sua mãe, a família de Remis, após muita
insistência, conseguiu registrar o Boletim de Ocorrência. Já havia se
iniciado, então, uma forte campanha por parte de seus familiares,
companheiras e amigos em busca de notícias sobre o seu paradeiro. Hoje,
dia 23 de dezembro, encontramos seu corpo enrolado em um lençol,
enterrado numa cova localizada a 10 metros de distância da casa de seu
ex-namorado, que, no início da noite, foi preso e confessou esse crime
covarde.
A companheira Remis, cursava o 10º
período de pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e
estava muito próxima de concluir sua graduação. Como uma estudante do
povo, já trabalhava com educação infantil em duas creches da cidade, era
muito comprometida e assídua em seus trabalhos e super querida pelas
crianças. Remis tinha 24 anos, era uma jovem muito alegre, tinha um
sorriso cativante, que era sua marca registrada. Ela adorava música,
sabia de cor uma lista quase infinita de letras, sobretudo de Rap.
Apesar de muito tímida, Remis adorava teatro e era uma excelente atriz.
Ela viveu intensamente sua juventude e deixa muitos amigos e amigas,
espalhados por todos os cantos da Região Metropolitana de Recife. Remis
foi uma grande filha, companheira de sua mãe, Dona Ruzinete, conselheira
de seu pai, senhor Carlos, e querida amiga de sua irmã Juliete. O vazio
que a morte de Remis nos causa é imenso e não há um só lugar nesta
cidade que não nos faça recordar de seu sorriso e de seu olhar
transbordante de vivacidade.
A companheira Remis era militante do
MFP (Movimento Feminino Popular), do MEPR (Movimento Estudantil Popular
Revolucionário) e uma importante ativista do Coletivo Bagaço. Além
disso, atuava com muito empenho na ExNEPe (Executiva Nacional de
Estudantes de Pedagogia) e era considera a “fã número 0” da Banda
Palafitas. Remis iniciou sua militância em 2012, quando conheceu o
Jornal A Nova Democracia numa banquinha no hall
do Centro de Educação da UFPE. Neste mesmo ano, ingressou no MEPR e no
MFP. No início de 2013, passou a compor a Coordenação Regional do
movimento e atuou de forma muito intensa na eleição e na gestão
“Pedagogia em Movimento” do Diretório Acadêmico (DA) de Pedagogia. Nas
jornadas de junho, que em Recife se estenderam até novembro daquele ano,
Remis teve uma destacada atuação, estando sempre na linha de frente das
manifestações, cobrindo seu rosto e nunca temendo enfrentar as forças
repressivas do velho Estado.
Em 2014, participou ativamente da
eleição e gestão “Pedagogia em Movimento – A luta continua” e esteve na
linha de frente da campanha de boicote à farsa eleitoral daquele ano.
Remis era uma militante de poucas palavras mas de muita disposição e
capacidade de ação. Quem a conheceu apenas nos corredores da
universidade, talvez não imagine que aquela jovem foi quem comandou uma
das maiores campanhas de pichação de nosso movimento. Quem tiver a
oportunidade de passar pela avenida Caxangá, perto do terminal da
integração, ainda poderá ler: Não votar! Viva a revolução! MEPR, ali está registrada a caligrafia da nossa pedagoga revolucionária, a para sempre companheira Remis Carla.
Em 2015, a companheira Remis encabeça,
pela primeira vez, a eleição do DA da Pedagogia, na gestão “Ânimo de
Luta”. Ela sempre teve uma posição firme de luta contra o oportunismo no
movimento estudantil, sustentando com decisão as bandeiras do
classismo, da independência e da combatividade. Remis teve também uma
participação destacada nos 34º, 35º e 36º ENEPes (Encontro Nacional de
Estudantes de Pedagogia), realizados em Recife, Curitiba e Porto Velho.
Em 2016, a militância de Remis se
concentra, principalmente, fora da universidade, particularmente no
apoio à luta camponesa e em defesa da moradia. Remis participou do
início da luta dos posseiros da chamada “Zona 6” da Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE), atuando como dirigente da Associação de
Moradores e como apoiadora do escritório da advogada do povo, a Drª
Maria José do Amaral. Na luta pela terra no campo, Remis apoiou
diretamente a construção das Escolas Populares nas áreas da LCP (Liga
dos Camponeses Pobres). Também atuou diretamente na resistência
camponesa às reintegrações de posse, como se deu no ano passado, quando
passou mais de quinze dias junto aos camponeses da Área Revolucionária
Renato Nathan, em Messias – Alagoas.
Ao longo de sua prática
revolucionária, a companheira Remis avançou na sua condição de militante
comunista, defensora da ideologia científica do proletariado: o
marxismo-leninismo-maoismo e das contribuições de valor universal do
pensamento gonzalo. A última atividade política que Remis participou foi
de um estudo da entrevista, recém-publicada, da camarada Laura,
comandante do EPL (Exército Popular de Libertação) e dirigente do PCP
(Partido Comunista do Peru).
A morte da companheira Remis é uma
dura perda para o movimento revolucionário de nosso país,
particularmente num momento tão decisivo da luta de classes no Brasil. O
seu assassinato e a ocultação de seu cadáver provocou em nós uma forte
dor que não nos paralisou, ao contrário, impulsionou nossa ação. A
campanha “Cadê Remis?”, foi decisiva para a solução desse crime. A
mobilização dos estudantes na universidade e no bairro Nova Morada foi
chave para a prisão desse assassino covarde. A pressão feita pela
reitoria da UFPE junto ao governo do estado foi um importante fato
político que revelou o descaso desse velho Estado nas buscas de uma
estudante do povo desaparecida.
A conduta do delegado do caso foi
indigna! No dia 20 de dezembro, uma equipe com cães farejadores, foi
enviada à casa do assassino, mas esses cachorros sequer foram utilizados
para a busca do corpo de nossa companheira que estava enterrada apenas a
10 metros do local. Depois de se convencer da inocência do assassino, o
delegado de homicídios passou a colher o depoimento dos familiares e
amigas de Remis numa investigação que parecia apontar que a própria
companheira era responsável por seu desaparecimento. O levantamento de
todos os indícios que comprovavam que Remis havia sido assassinada por
seu ex-namorado, foram levantados por seus companheiros, como o
ferimento na mão esquerda do canalha e o tapume construído para
dificultar a visibilidade do local de ocultação do corpo.
A partir da mobilização no bairro,
feita no dia 22 de dezembro, com a colagem de cartazes da campanha “Cadê
Remis?”, o cerco contra o assassino começou a se fechar. Na madrugada,
do dia 23 de dezembro, uma denúncia apontava para um possível local onde
poderia estar o corpo de nossa companheira. A partir dessa informação,
um grupo de policiais civis, que não eram os oficialmente responsáveis
pelo caso, chegou ao bairro e junto com companheiros da Associação de
Moradores conseguiu encontrar o local onde estava o corpo de Remis. Em
pouco tempo, chegou uma equipe do IML e à noite já havia sido confirmada
a identidade do corpo.
Um mês antes, no dia 23 de novembro, a
companheira Remis havia registrado uma ocorrência na Delegacia da
Mulher denunciando agressões de seu ex-namorado. Como era de se esperar,
o tratamento das autoridades policiais foi deplorável. Chegaram a
perguntar-lhe se os roxos no braço não eram tinta de caneta! As medidas
protetivas prometidas pela Lei Maria da Penha, mais uma vez não se
efetivaram. E este é um fato que tem se repetido inúmeras vezes por todo
o país ao longo dos últimos anos: mulheres denunciam agressões
domésticas, não recebem proteção e, em seguida, são assassinadas. Mais
uma legislação populista, que promete resolver o problema da opressão
contra a mulher, mas que em muitos casos agrava as situações de
violência. Não podemos nos iludir, esse velho Estado nunca irá proteger
as mulheres trabalhadoras! A opressão sexual contra a mulher é parte da
base econômica desse sistema capitalista, pois a dupla jornada do
trabalho familiar feminino compõe uma importante soma dos lucros da
burguesia, que não se vê obrigada a remunerar o invisível trabalho
doméstico.
A verdadeira emancipação da mulher
será obra da revolução proletária! Neste ano em que perdemos Remis,
completaram-se 100 anos da Grande Revolução Socialista de Outubro. A
revolução russa, inaugurou uma nova era na história da humanidade, sob a
direção de Lenin e Stalin, em poucos anos, as mulheres proletárias e
camponesas alcançaram êxitos nunca antes atingidos. Com a revolução
chinesa, avança-se incrivelmente na industrialização e socialização do
trabalho doméstico, na Grande Revolução Cultura Proletária, sob a
liderança do Presidente Mao e da camarada Chiang Ching a luta pela
emancipação da mulher atinge altos cumes. Esse é o caminho da
companheira Remis Carla, nesse caminho persistiremos como única forma de
manter viva sua memória e impedir que crimes como este voltem a
acontecer. Embora essa seja nossa única perspectiva estratégica,
seguiremos lutando duramente pela punição imediata de crimes como esse.
Exigiremos punição, mas depositamos nossas verdadeiras esperanças na
justiça das massas e não desse apodrecido judiciário.
Companheira Remis Carla, Presente na Luta!
Abaixo o velho Estado burguês e latifundiário!
Paulo César assassino, você vai nos pagar!
Nota: Dende Dazibao Rojo amosamos o noso pesar e enerxica condea do crimen da camarada Remís activista do Movimento Feminino Popular (MFP) e do Movimento Estudantil Popular
Revolucionário (MEPR).
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