A greve na Universidade Federal de Rondônia – Unir, deflagrada em 14 de setembro, conta com a ativa participação de estudantes, professores e funcionários. Ela já se estende pelos campi de Rolim de Moura, Porto Velho, Guajará Mirim, Ji-Paraná e Vilhena.
Estudantes aprovam
greve geral na universidade
A greve geral na Unir, a maior da sua história, colocou em xeque todos os graves problemas da universidade: sua defasada infraestrutura, as faculdades que sofrem com a falta de professores efetivos, laboratórios, equipamentos, acervo bibliográfico, entre outros. A falta de democracia na universidade, a ausência de prestação de contas e de dados sobre o orçamento da instituição, a falta de respeito por parte da reitoria para com as instâncias de decisão da universidade e as sucessivas denúncias de irregularidades administrativas na aplicação de recursos do programa de expansão de vagas (Reuni).
O movimento exige o afastamento imediato do reitor José Januário de Oliveira Amaral. O reitor "foi denunciado no Ministério Público Federal por inúmeras irregularidades em sua gestão, citando o caso do fechamento da Fundação RIOMAR por improbidade administrativa" [fonte: tudorondonia.com].
Na manhã de 5 de outubro, estudantes da universidade ocuparam o prédio da reitoria da Unir. Duas semanas exatas depois, um oficial da Justiça Federal foi até o local com uma ordem de reintegração de posse expedida pelo juiz federal Rodrigo de Godoy Mendes e, segundo o oficial de justiça, essa ordem seria cumprida no dia seguinte às 9 horas da manhã.
Na tarde do dia seguinte, 21 de outubro, segundo nota publicada pelo comando de greve, agentes da Polícia Federal, sem qualquer identificação, faziam registros de imagens dos grevistas na reitoria ocupada quando ocorreu um estouro de fogos de artifício no pátio da garagem da universidade. Essa foi a motivação para que os dois supostos agentes federais invadissem as dependências da Unir, e subissem a escadaria da entrada principal do prédio, onde se encontravam vários professores e alunos.
Em seguida, os dois homens, ainda sem se identificarem, ‘detiveram’ o Professor Valdir Aparecido da Silva, docente do curso de História no campus de Porto Velho, acusando-o de ter explodido os fogos. Eles exigiram ao professor que apresentasse seus documentos. Nesse mesmo instante, um outro suposto policial, também à paisana, apropriou-se indevidamente e com brutalidade da máquina fotográfica do professor Narcísio Costa Bigio. Essa máquina continha o registros da ação truculenta dos policiais. [fonte: comandodegreveunir.blogspot.com]
Na sequência dos acontecimentos, outros policiais chegaram ao local e deram voz de prisão ao professor Valdir, sem sequer esclarecerem porque ele estava sendo preso. O Deputado federal Mauro Nazif (PSB), que estava no local, também foi agredido com um cassetete pelos policiais quando tentava impedir a prisão arbitrária do professor.
Professor é detido
no campus Porto Velho
Professores e estudantes que estavam no local protestaram e um dos policiais sacou a arma e apontou contra os grevistas.
Em nota, o comando de greve dos estudantes da Unir dirige-se à comunidade acadêmica e à população esclarecendo:
"Obviamente, não é de interesse do REItor da UNIR e dos seus comparsas que os estudantes permaneçam ocupando a reitoria, visto que no interior do prédio existem provas documentais que comprovarão os crimes cometidos pelo Sr. Januário do Amaral. Provas e processos estes que serão facilmente manipulados, caso os estudantes desocupem o prédio da UNIR.
Nossa greve tem como apelo a defesa irrestrita da UNIR enquanto universidade pública, gratuita, de qualidade e verdadeiramente democrática, comprometida com a formação profissional e intelectual dos filhos do povo.
A ocupação da reitoria da UNIR se constituiu neste momento, em uma trincheira do povo, composta de estudantes e professores, que gritam em uníssono: BASTA!
Defenderemos com unhas e dentes nosso legítimo direito de permanecer com a Reitoria ocupada, até que se proceda ao afastamento do Reitor da UNIR, para que nossa instituição possa novamente encontrar o fio de sua existência, da formação acadêmica de excelência, do pleno desenvolvimento científico.
Responsabilizaremos diretamente o REItor José Januário do Amaral por eventuais danos a integridade física dos estudantes que hoje ocupam a Reitoria da UNIR.
Responsabilizaremos o Secretário de Educação Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa – que em reunião em Porto Velho havia se comprometido com a não desocupação da Reitoria – em caso de agressão a qualquer estudante por parte da Polícia, que historicamente, atua com truculência e violência na repressão e criminalização das justas lutas estudantis!
Não retrocederemos!"
Apesar da repressão e das perseguições, a greve continua. A ocupação da reitoria já ultrapassava as terceira semana no fechamento dessa edição de AND.
Em 24 de outubro, o reitor José Januário Oliveira Amaral convocou a imprensa para uma entrevista coletiva e cometeu um discurso atacando os grevistas e ocupantes da reitoria, taxando-os de "bandidos dignos do Urso Branco" (nome do famigerado presídio de Porto Velho, uma masmorra semifeudal condenada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e alvo de um pedido de intervenção pelo o Supremo Tribunal Federal devido às denúncias de violação de direitos dos detentos). Em seu ataque contra a greve, Januário tenta criminalizar os ocupantes da reitoria por cobrirem seus rostos, mas ele mesmo se trai, pois afirma que justamente os alunos que ocupam a reitoria "serão os maiores prejudicados".
O comando de greve dos estudantes da Unir respondeu ao reitor: "Os verdadeiros bandidos da UNIR não escondem os rostos" e ainda afirmou que "quem está sendo investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e acusado de apropriação indébita, formação de quadrilha e falsidade ideológica pelo Ministério Público Estadual e tem dezenas de denuncias de irregularidades no âmbito da universidade é o REItor e seu grupo." (ver box)
E sobre o fato de cobrirem seus rostos na ocupação o comando de greve dos estudantes respondeu: "Desde o início de nossa greve a Polícia Federal tenta nos intimidar com filmagens, abordagens intimidatórias, querendo saber quem são os estudantes mais empenhados na luta e etc. Alguns estudantes, inclusive que apareceram na TV dando entrevistas, foram intimados pela PF numa clara tentativa de reprimir a organização da greve. Pessoas ligadas a REItoria tentaram e tentam sabotar o prédio da UNIR-CENTRO para culpabilizar a Greve, fotografam e filmam os estudantes para depois fazer retaliação e perseguir dentro da instituição. Alguns estudantes que foram vistos na Greve tiveram suas bolsas de estágio canceladas. Somos perseguidos, ameaçados, processados, retaliados e criminalizados por lutar por uma universidade melhor. Cadê nosso direito de fazer greve e de nos organizar livremente? Por esses motivos alguns estudantes tomaram a livre decisão de esconderem seus rostos para não sofrerem estas perseguições e represálias."
A greve e a ocupação da reitoria, questionadas em seu início por alguns professores, estudantes e pais de alunos, tem demonstrado, através de suas ações, a sua justeza. A truculência policial e as sucessivas denúncias de corrupção contra o reitor José Januário Oliveira Amaral têm contribuído ainda mais para o crescimento do movimento, que ganha novos apoiadores a cada dia. A greve prossegue, por tempo indeterminado, até a saída do reitor e que as reivindicações de estudantes, professores e funcionários sejam atendidas.
"Operação magnífico" investiga quadrilha ligada a reitor
A página na internet rondôniagora.com noticiou, em 17 de outubro de 2011, denúncia sobre a Fundação Rio Madeira, entidade de apoio à Universidade Federal de Rondônia. Segundo a matéria, a fundação tem servido "primordialmente para a prática de crimes. Esta é a constatação do Ministério Público de Rondônia, através de investigação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado".
"Dentre as várias irregularidades detectadas estão o pagamento de diárias, ajudas de custo, suprimentos de fundos e viagens sem comprovação da legalidade, funcionários fantasmas, utilização de "laranjas", bem como compras e serviços superfaturados ou simplesmente não executados, contratados junto a empresas de fachada criadas especialmente para isso.
Alguns dos suspeitos eram responsáveis por captar projetos que gerassem convênios com verbas para a Universidade Federal de Rondônia. A Fundação era utilizada para receber as verbas, sob o pretexto de agilizar e desburocratizar os trâmites legais, o que na verdade facilitava o desvio.
Quase todos os envolvidos são pessoas ligadas ao reitor José Januário Oliveira Amaral, também suspeito de envolvimento no esquema. Uma das peças-chave da organização criminosa, segundo testemunhas, era Oscar Martins Silveira, ex-diretor da Fundação e que já está com seus bens bloqueados por determinação da Justiça estadual, a pedido do Ministério Público.
Várias ações já foram ajuizadas pelo Ministério Público de Rondônia, mas as investigações devem prosseguir além do previsto em razão da grande quantidade de irregularidades descobertas, inclusive a criação de mais uma Fundação, para qual migraram vários dos suspeitos, o Instituto de Pesquisa de Rondônia." [fonte: rondoniagora.com]
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