General Braga Neto "Chefe do Estado-Maior do Planalto". Foto: Banco de Dados AND
Alto Comando cerca Bolsonaro e impõe general como ‘presidente operacional’
O general Braga Neto, oficialmente
ministro-chefe da Casa Civil, é o novo presidente do Brasil. Pelo menos
de fato. Caberá a ele dirigir e centralizar pessoalmente toda a condução
do governo, “pelo menos enquanto durar a crise”, decisão que Bolsonaro e
seu grupo tiveram que aceitar em uma negociação. As informações foram
difundidas pelo site militar Defesanet.
O site diz: "A nova 'missão informal' [de
Braga Neto] foi produto de um 'acordo por cima', envolvendo ministros e
comandantes militares e o próprio presidente da República". E admite:
"Para muitos, 'a missão' de Braga Neto nada mais é que uma intervenção
ou uma junta militar coordenando o governo". Bolsonaro poderá discordar e
manifestar-se contrariamente às decisões e o general Braga Neto poderá
abertamente corrigi-lo, assim prevê o acordo segundo o site.
A informação de "troca de funções" já foi
passada – “com os devidos cuidados” – aos ministros e principais
"autoridades", especialmente do legislativo e judiciário. Braga Neto
teria sido apresentado como "presidente operacional". Entre os
militares, o cargo está sendo chamado de "Chefe do Estado-Maior do
Planalto".
O site diz ainda que a mensagem do
comandante do Exército, general Edson Pujol, foi interpretada como se
fosse destinada ao coronavírus. O site sugere outra interpretação: “O
gesto do Braço Forte e da Mão Amiga mostrado no vídeo e a frase de
encerramento tirada da canção do Exército têm significados
transcendentes: ‘Lutaremos sem Temor!’. A frase ‘talvez seja a missão
mais importante da nossa geração’ foi traduzida como a luta ao Covid-19.
Para os mais atinados a mensagem foi clara”. Em tom de ameaça,
prossegue: “O Exército Brasileiro estará de prontidão e pronto para
defender o Estado Brasileiro e as Liberdades Democráticas e acima de
tudo a Nação”, termina.
De fato, o governo militar secreto formado por generais nos postos-chaves do Planalto, fato que o AND denuncia
desde a posse da chapa Bolsonaro/Mourão, já estava ditando toda a
política do governo, pelo menos nos aspectos fundamentais. Agora, porém,
há uma mudança importante: os generais consolidaram na mesa de
negociações com Bolsonaro as vitórias políticas que acumularam após um
longo trabalho, isto é, o isolamento tão significativo de Bolsonaro no
meio político e também militar e seu inegável desgaste na opinião
pública. Esse foi o trabalho de meses coordenado pelo Alto Comando das
Forças Armadas, pela direita civil e pelo monopólio de imprensa,
explorando ainda a centro-direita para tal fim. Essa conquista é
precisamente governar de forma direta, sem necessidade de manejar
cautelosamente Bolsonaro.
Embora tenha sido imposto a essa condição,
Bolsonaro não se submeteu completamente do ponto de vista político e
buscará impor-se. Continuará, sabe-se lá até quando, tentando recuperar
terreno. Contra ele pesa a chantagem de prisão contra seu filho e os
laços escusos que o bolsonarismo possui com “milícias” (paramilitares).
Resta saber como serão as próximas semanas e meses.
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