Carlos Eduardo dos Santos Nascimento, desaparecido após ser abordado por PMs. Foto: Redes Sociais
SP: Jovem desaparece após abordagem de militares
Um rapaz chamado Carlos Eduardo dos Santos
Nascimento, de 20 anos, está desaparecido fazem 28 dias. Segundo
familiares e amigos, o jovem estava em um bar, no dia 27 de dezembro de
2019, quando foi abordado e obrigado a entrar em uma viatura com três
policiais militares e, a partir dali, nunca mais foi visto.
O bar que Carlos Eduardo estava fica no bairro Jardim
São Camilo, na periferia de Jundiaí, cidade da Região Metropolitana de
São Paulo. O rapaz estava com mais quatro amigos, porém só o jovem foi
levado. Outro fato importante é que estes quatro amigos de Carlos já
deixaram o bairro que moravam e a Corregedoria da Polícia Militar (PM)
não conseguiu localizá-los. A própria Polícia Civil desconfia que eles
estejam com medo de sofrer uma retaliação dos militares. “Está
prevalecendo a lei do silêncio, porque dizem que os policiais podem
retaliar. Isso tem dificultado muito o nosso trabalho”, afirmou o
delegado responsável pelo caso.
Os militares registraram internamente a abordagem dos
quatro rapazes, mas não há registros sobre a abordagem a Carlos
Eduardo. Até agora os policiais envolvidos no caso foram somente
“afastados”.
A principal suspeita da Polícia Civil e da
Corregedoria da PM é que os três policiais do 49° Batalhão de PM sejam
os responsáveis pelo desaparecimento. Segundo apontam as investigações,
os policiais teriam desligado o GPS da viatura.
Outra questão é sobre o “sigilo” nas investigações. A
família do jovem denuncia que a Polícia Civil tem se recusado a dar
informações sobre o caso, e que eles não sabem o que os policiais estão
fazendo para tentar encontrar o rapaz. “Quando a gente pergunta sobre a
investigação, a resposta que temos é que tudo está em segredo de
justiça. Não sabemos nada sobre o que estão fazendo para tentar achar
meu filho”, diz o pai de Carlos, Eduardo Aparecido do Nascimento, de 50
anos.
E continua: “Não estão deixando nem a mãe ir nas
buscas. Todas as buscas que a polícia faz, se recusam a deixar ir
qualquer pessoa da família”, afirmou o pai.
A desembargadora Ivana David desconfia que a polícia
esteja fazendo uma espécie de retaliação à família, por esta ter levado o
caso à imprensa. “O que estão fazendo é se vingar da imprensa, para que
a imprensa não tenha acesso a nada. Não é assim que funciona. O pai da
vítima, que é o interessado no inquérito, tem que saber que está
acontecendo, está desesperado com o filho desaparecido, tem que saber o
que está acontecendo”, afirmou.
Para o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana (Condepe), ocorreu um “desaparecimento forçado” e uma
grave violação de direitos.
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