viernes, 19 de agosto de 2011

Galiza: FILHO DUM DEBATE COM UN DESCRESCIMENTISTA. Un artigo de Ugio Stajánov para Ateneu Proletário Galego



FILHO DUM DEBATE COM UN DESCRESCIMENTISTA.


Certos debates tenhem a virtualidade de colocar no centro do debate as questons fulcrais, principais. Porém, na maior parte dos casos encontramo-nos debates superficiais e sem substáncia. Quando debatemos politicamente com um pequeno-burguês o normal é ter que superar umha barreira infranqueável: o seu idealismo e subjectivismo.
Este é o caso cos decrescimentistas em geral. O último exemplo temo-lo em Manuel Casal Lodeiro. Com el tivemos um debate em Boiro organizado pola Escola Popular Galega. Filho deste debate encontramos estes dias um artigo publicado no blogue deste senhor. Este artigo pode exemplificar bem a profunda inconsistência e o carácter reaccionário destas posturas.
Esse artigo defende três teses básicas, que serám as que contestemos:
- que a civilizaçom actual é de todos e todas nós por igual. O consumo individual iguala-nos e é o que nos caracteriza na sociedade (portanto nega ou como mínimo relega as classes sociais e o seu papel contraditório e antagónico);
- que é papel de todos e todas as humanas, como consumidoras individuais, a responsabilidade de consumir menos para assi salvarmos o planeta (a salvaçom polo ascetismo);
- que nesse caminho pola salvaçom do planeta a consigna deve ser: decrescede!
Pretender que está nas maos da “cidadania”, dos consumidores, deter a irracional fugida cara nengures do capitalismo, é nom entender nada. Os interesses que temos os “consumidores” variam e contradim-se dependendo da nossa situaçom na produçom (a nossa classe social). Nom existe nem existirá nunca essa cidadania nem esses consumidores como agente político unitário, como sujeito político. A sociedade continua a estar dividida em classes, e sem entender isto e o que implica significa que nom poderemos entender nem a sociedade nem os seus mecanismos de mudança, evoluçom e revoluçom. As classes exploradoras vivem do trabalho das exploradas, marcam as regras do jogo, regem o sistema económico e imponhem os valores e modos de vida ao resto da sociedade. O problema nom está em quem realiza um determinado tipo de consumo, senom em quem o fomenta e impom.
O nosso querido decrescimentista di-nos que o decrescimento é a única opçom possível ante o colapso da “nossa civilizaçom industrial”. Esta civilizaçom, que ele chama industrial, como se a indústria fosse algo negativo em si mesma, nom é nossa. Igual que os obreiros nom temos pátria, porque no-la roubárom (e continuam a roubar), tampouco temos civilizaçom. Esta civilizaçom nom é nossa, é dos capitalistas. Nossas nem som as cadeias que nos atam à produçom embrutecedora e ao consumo irracional. As políticas, as decissons, nom as tomamos nós, senom a oligarquia. A classe obreira nom somos responsáveis da irracionalidade do capitalismo. Ao contrário, somos os maiores prejudicados deste sistema explorador e assassino.
Nom está nas maos do nosso povo porque ainda nom temos o poder político e portanto nom podemos impor as políticas racionais que beneficiem à maioria e nom a umha ridícula minoria. Qualquer consigna que nos aparte deste objectivo é errada e reaccionária. Por isso qualquer alternativa que nom tenha como objectivo a consecuçom do poder político por parte da maioria social mediante a luita de classes é contrária às nossas necessidades. Fugir da questom do poder político por parte dos decrescimentistas leva-nos a nom questionar o sistema de produçom capitalista e com ele as bases do sistema. Vem o hiper-consumo como algo individual e cultural, que hai que convencer à gente para mudarem os seus hábitos por outros menos prejudiciais para o meio, e implorar à burguesia umha substituiçom dos seus meios de produçom por outros mais respeitosos ecologicamente.
O senhor Casal estranha-se em que insistamos em que decresçam os ricos. Em que mundo vive este homem? Por muito que pretenda mudar o mundo a base de consignas desligadas dos interesses imediatos do povo, a realidade é um muro co que baterá e baterá sem remédio. A realidade nom muda com consignas. Muda coa mente, os braços e os fusis. Se nom se discute o poder à burguesia, se nom nos erigimos em contra-poder, qualquer consigna fica reduzida à mais absoluta intrascendência. Ante as nossas perguntas, no debate de Boiro, de como poderiam implementar a sua “revoluçom decrescimentista”, este senhor só podia responder algo parecido a um: suplicando à burguesia! (a burguesia nom se sacrifica se nom se vem obrigados). Mil vezes reaccionário, mil vezes sem sentido prático nengum! As consignas só servem para tentar centrar o debate público onde nos interessar, pôr o foco nas contradiçons mais sangrantes, mais ferintes, da nossa sociedade, e assi poder fortalecer os movimentos populares. E isto só se consegue com trabalho organizativo e consignas acertadas.
A nossa sociedade é de seres humanos, nom de baleas nem protozoos. E os nossos maiores problemas, ainda que nom lhe entre na cabeça a quem come quente e dorme bem, som o desemprego, a falta de vivenda, as desigualdades, a injustiça, a miséria, a fome… Insistir numhas consignas tam pouco úteis para mudar a sociedade como as suas claro que é reaccionário. Reaccionário e absurdo. Levam quarenta anos avisando-nos da fim iminente do petróleo, umha das teimas obsessivas do autor do artigo. Temos que esperar que se esgote? Encarecerá-se, acabará por esgotar-se a longo prazo, mas a indústria nom desaparecerá. Se nom existem alternativas que permitam um aumento contínuo da produçom o capitalismo poderá cair nas suas próprias contradiçons, mas nom mudará o substancial. Nós continuaremos a ser os produtores escravizados e os consumidores do que nos dêem. O problema segue a ser o mesmo: quem decide, quem tem o poder político.
Ele que insista nas suas consignas e verá como algum outro pequeno-burguês lhe fai caso. Mas, e a classe obreira, a maioria da sociedade galega, fará caso a umhas consignas tam longe das suas necessidades? Nom cremos necessário respostar, pois já o fai a experiência histórica.
O capitalismo quer um proletariado submisso como produtor e compulsivo como consumidor. As organizaçons obreiras em geral, e comunistas em particular, sempre destacárom polos seus altos valores morais. Fai parte da nossa melhor tradiçom a vida consciente, desalienada, em que os fetichismos nom dominem a nossa vida nem o consumo irracional e egoísta os nossos actos. Estes novos ascetas da pequena-burguesia nem nos descobrem nada novo nem tenhem legitimidade nengumha para pontificar moralmente nada ao proletariado galego. As nossas contradiçons superaremo-las nós, coas nossas organizaçons, coas nossas forças, e defendendo os nossos interesses como classe explorada, oprimida e dominada polo capitalismo.
Insistimos na nossa consigna: que decresçam os ricos, porque som os ricos os que se beneficiam deste sistema, porque nós nom temos o poder dentro deste sistema. E esse é o cerne do assunto. Os obreiros nom somos livres para escolher a nossa vida. É de um subjectivismo que fede a liberal, a Esperanza Aguirre e a galiciabilingüe! Este senhor, como os seus amigos, seguro que nom se atrevem a culpabilizar as mulheres que som vítimas dumha violaçom. Seguro que nom fam sisudos tratados de como devem vestir, falar, andar, para nom ser violadas e mesmo assassinadas. Porém, os decrescimentistas atrevem-se a insultar a nossa dignidade e inteligência querendo responsabilizar-nos às vítimas dos desmáns e abusos do agressor.
Os comunistas temo-lo claro: os problemas ecológicos que está a causar o capitalismo só tenhem soluçom se o proletariado do mundo, junto coas demais classes interessadas numha superaçom do capitalismo, tomam o poder e construem o socialismo. Umha economia planificada, racional, com controlo democrático, é a única garantia para a salvaguarda do nosso planeta. No entanto, o movimento decrescimentista é incapaz de plantejar um outro modelo de sociedade, a sua alternativa som quatro lugares comuns, princípios morais, súplicas à burguesia e mudanças parciais e superficiais ao sistema capitalista.
Vivemos certamente tempos de crise civilizacional. O capitalismo senil e decadente está a agonizar, e de passo fai-nos agonizar aos povos do mundo e pom em risco a mesma sobre-vivência da espécie humana. E tamém impom o medo à pequena-burguesia, aterrorizada pola sua proletarizaçom, aterrorizada porque o seu mundo feliz está a tambalear-se. Resultados desta situaçom psicológica som o fascismo, os milenarismos, as “saídas” místicas e reaccionárias à crise, etc. A nós nom nos importam se estes resultados som produto de boas intençons ou nom, senom o papel que jogam objectivamente na manutençom dum sistema social injusto e opressivo.
Acabamos esta pequena contestaçom respondendo a umhas palavras do Casal Lodeiro: já sabemos que nom vas denunciar aos “plutocratas”, porque nem queres nem podes.
Ugio Stajánov

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