Foto: Reprodução
Papuas indígenas
rebelados após décadas de opressão protestaram em 30 cidades da
Indonésia, incluindo a capital Jacarta, no último dia 19 de agosto, após
a circulação de vídeo de grupos paramilitares que assediaram
racialmente estudantes da província de Papua. Os manifestantes queimaram
um edifício do parlamento em Manokwari e uma prisão em Sorong. O
governo indonésio censurou a internet em Papua e mobilizou centenas de
tropas para reprimir os protestos.
Os vídeos, que
provocaram os protestos, mostram paramilitares indonésios detendo 43
estudantes de Papua em Surabaya, no dia 17/08, por supostamente terem
queimado a bandeira da Indonésia no Dia da Independência. Dezenas de
paramilitares e oficiais militares cercaram o dormitório dos estudantes,
chamando-os de "macacos", enquanto a polícia local invadiu o local para
prendê-los. As “milícias” usaram insultos raciais e assédio semelhantes
em Malang e Semarang.
Foto: Sevianto Pakiding/AFP
Após a circulação dos
vídeos, milhares de manifestantes atearam fogo em lojas e veículos,
derrubaram placas de rua e jogaram pedras em prédios do governo, de
acordo com um repórter da AFP no local.
Papua é uma ex-colônia
holandesa que declarou-se independente no início dos anos 1970, mas a
vizinha Indonésia assumiu o controle da região rica em recursos naturais
após um referendo de independência patrocinado pela Organização das
Nações Unidas (ONU) que foi amplamente visto como uma farsa. A luta pela
libertação nacional acontece há décadas no país, levada a cabo pelo
Exército de Libertação Nacional de Papua Ocidental, e, um mês antes dos
protestos de agosto, dois policiais indonésios haviam sido mortos pelos
revoltosos, demonstrando a raiva das massas pelo braço armado do velho
Estado e a sua vontade de se libertar. A região de Papua conta com a
maior mina de ouro do mundo.
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