jueves, 7 de agosto de 2008

Debate sobre la Revolución en Bolivia, una nueva respuesta a Echazú


El presente articulo tomado de la publicación brasileira A Nova Democracia es la respuesta de Wilson Enriquez a Jorge Echazú Primer Secretario del PCB-mlm. En una proxima entrada publicaremos el citado documento Para un punto y final...



5 de Agosto de 2008

Resposta ao ponto final de Echazú.
Wilson Enríquez

“Quem não investiga não tem direito a palavra”

A Santa Elina é do povo!

Corte da fazenda, indenização e tratamento de saúde adequado para as vítimas já

!O povo quer terra, não repressão!
Extraído de A situação e nossa política depois da vitória na guerra de resistência contra o Japão.
Presidente Mao Tsetung
Sob o título Para por um ponto final a uma polêmica, Echazú faz uma grande ginástica alusiva a uma série de pontos que mereceriam ser tratados em profundidade. Por isso, nos perguntamos a que polêmica se refere Echazú, se suas últimas palavras se centraram em uma série de veleidades imprecisas, orientadas somente a proteger à própria pele e não a debater idéias, fugiu com o rabo entre as pernas da possibilidade de debate.
Já que as coisas são assim, queremos somente deixar marcadas duas questões que foram objetos de imprecisões de Echazú, a primeira referida à “autodeterminação das nações” e a segunda ao “Problema das classes nas zonas rurais na Bolívia”.
Autodeterminação das nações
Em nosso artigo anterior dizíamos:
(...) queremos ser enfáticos em reiterar a necessidade de considerar o campesinato e os povos indígenas da Bolívia como sujeitos protagônicos da emancipação, como legítima forma de autodeterminação.(...)
Então, é falso que negamos a validade dos acertos do grande Lenin. Echazú pretensiosamente se arvora ao papel de interlocutor válido de Lenin, da maneira mais medíocre, fazendo uma colcha de retalhos de citações de Lenin, típica atitude de um tresloucado revisionismo, que através da velha cantilena de repetir como papagaio fragmentos dos clássicos do marxismo tiram todo o sentido revolucionário de suas palavras. Lenin demonstrou isso da maneira mais contundente ao desmascarar Bernstein e Kautsky no seu sujo tráfico, por meio do emprego hábil de frases de Marx absolutamente descontextualizadas. Evidentemente, esta é a especialidade de Echazú, que gosta de balbuciar e traficar com fragmentos da obra de Lenin, numa verdadeira colagem incompreensível, onde não acrescenta nem uma gota de análise, ou esforço de contextualização e tem o descaramento de inquirir: Responda Enríquez!
Logo Echazú, falando de Lenin, todo solene assinala:
“superando amplamente o eurocentrismo racista e cosmopolita, incorporou à máxima marxista de: ‘Proletários do mundo uni-vos’, a nova: ‘Proletários e nações oprimidas do mundo, uni-vos’”.
Nesse ponto queremos ser enfáticos em assinalar que de nenhuma maneira este aporte de Lenin menosprezava a luta de classes como elemento fundamental para a compreensão e transformação da sociedade.
Recordemos que as contradições de classe e a contradição imperialismo/nações oprimidas são amalgamadas magistralmente na teoria do capitalismo burocrático do Presidente Mao Tsetung. Precisamente, saindo dos marcos do eurocentrismo, Mao Tsetung não só deixou em evidência estes dois tipos de contradições como, através de um profundo estudo, evidenciou os vínculos entre o imperialismo e as classes exploradoras dos países do Terceiro Mundo (frações da grande burguesia e latifundiários). Para nós a contradição principal é imperialismo/nações oprimidas, mas é uma baixeza revisionista, que através de subterfúgios se pretenda menosprezar a análise de classes.
Daí que na tarefa de destruir o capitalismo burocrático, expressado na semicolonialidade e na semifeudalidade, é necessária a compreensão dos aliados e dos inimigos do povo, assim como a compreensão das contradições no próprio seio do povo. Por isso, na Bolívia, não basta só saber quem é indígena, mas quem se encarrega de aprofundar o capitalismo burocrático.
Por outro lado, para chamar-se de leninista não basta transportar as bandeiras de Lenin na Rússia de inícios do século XX para a Bolívia do século XXI, sem a menor investigação, sem a menor análise concreta da situação concreta; esse tipo de extrapolação é próprio de leninistas, mas daqueles que renunciaram ao materialismo dialético, para desbarrancar-se em uma retrógada e medíocre escolástica.
Quando Echazú disse:
“Essas terras foram o habitat milenar de culturas e nações nos Andes, na Amazônia e no Chaco boliviano e não será um senhor ou senhores latifundiários que ‘obsequiarão’ essas terras aos povos originários.”
Demonstra o pouco que investigou sobre as culturas e nações na Bolívia. Para começar, de maneira profundamente racista, considera aos povos originários indígenas meros ocupantes de um habitat, colocando-os em um nível de estado de natureza próximo ao de animais. É preciso dizer a Echazú que as culturas, os povos indígenas, não só habitavam um espaço, um habitat, como ele diz, mas que através de tramas sociais, políticas, econômicas e culturais transformaram o espaço em território.
Echazú menciona de passagem os aportes de Stalin sobre o problema nacional, como uma continuidade e desenvolvimento das proposições de Lenin, mas nos perguntamos se ele está preocupado em estudar estes problemas na Bolívia em profundidade? A resposta é não, em seu calhamaço El desafio de las Naciones, não consegue ingressar de maneira séria nessa compreensão. O que faz é um mero estudo de gabinete, a partir de fontes secundárias, onde em uma grande quantidade de páginas realiza grandes citações escolásticas de textos de Lenin e Stalin, descontextualizados de uma análise concreta aplicada à Bolívia. Também emprega longas citações de outros autores como Álvaro Garcia Linera (seu atual aliado) e Benedict Anderson, com quem faz questão de sustentar uma polêmica. No entanto, o texto não faz um seguimento sério, histórico, político, econômico e cultural das nações, das que tanto proclama sua autodeterminação, sem ter idéia do que fala; salvo pequena menção da localização geográfica de uma e outra etnia.
Por isso se escandalizou quando dissemos:
“O outro é ir pelo mundo reconhecendo nações de pouco mais de dez pessoas (ex. Toromonas), etnias cujas estratégias de manter vivas suas culturas foi a fusão com outros grupos étnicos, como ocorreu na Amazônia boliviana (ex. Pacahuaras com Chacobos), ou ir obsequiando títulos de Terras Comunitárias de Origem (TCO) a etnias nômades que consideram como invadidos seus territórios sobre os quais não renunciam a seguir transitando (ex. Ayoeros), ainda que a invasão pela modernidade seja inexorável e irreversível.”
Não como “histeria racista”, mas pelo que nossas investigações sobre o tema apontam, deve-se assinalar que o problema das “nações” foi manipulado por Organizações Não Governamentais, tanto bolivianas quanto estrangeiras, com a intenção de satisfazer aos interesses de alguns espertalhões. Perguntamos se não lhe parece suspeita a entrega de muitas TCO em territórios privilegiados em recursos naturais estratégicos a pequenos grupos facilmente cooptados e manipulados por latifundiários, transnacionais e empresários privados. Se preocupou em saber o que fazem as transacionais dos hidrocarbonetos com os “guaranis, tapietes e weenhayek” no Chaco boliviano, a Cervejaria Boliviana Nacional com os aymaras de Huari, os empresários madeireiros com os Lecos de Apolo, no Norte de La Paz, a Mina San Cristóbal com os aymaras de Oruro. Quem sabe não tenha a mais remota idéia. Excetuando-se o caso da Mina San Cristóbal, já que o PC-MLM maneja o Ministério de Minas e debaixo de seus narizes observam como as transnacionais, os sindicateiros e pseudo-representantes indígenas traficam com o discurso da multiculturalidade.
Como se pode perceber, por trás do discurso da multiculturalidade pós-moderna, que Echazú enverniza com o pseudo-discurso leninista, se escondem interesses capitalistas na Bolívia. É que não basta fazer citações de maneira escolástica, a teoria de Lenin é magistral quando empregada para fazer a análise concreta da situação concreta e não quando ela é utilizada para repetir citações aleatoriamente fragmentadas, como bem o sabem fazer os testemunhas de Jeová quando pregam suas curiosas teorias sobre o Armagedom bíblico de porta em porta.
Por outro lado, nos referimos a esta situação quando falamos da “invasão da modernidade como inexoravelmente irreversível”, onde efetivamente estávamos falando do capitalismo como fator que independentemente de nossa vontade e luta gera mudanças na reterritorialização das nações. As move ou as faz desaparecer, isto não é nosso desejo, é o que sempre fez o capital, recordemos como pulverizou nações na França e na Itália.
Problemas das classes nas zonas rurais na Bolívia
É totalmente estranho que um partido que se autodenomina maoista desconheça de maneira tão dramática a problemática camponesa. Nos perguntamos: se não utilizam o maoismo para compreender a realidade rural camponesa na Bolívia, por que diabos se auto-reputam maoístas?
Em parte, esta situação explica duas questões:
Primeira, o motivo da proliferação do indianismo na Bolívia, assim como o enorme trabalho antimarxista dentro do campesinato da Bolívia, que permitiu que gente como Fausto Reynaga e seus seguidores esparramem sua podridão indianista e anticomunista por vastos setores do campesinato, principalmente aymara.
Segunda, que a falta de ligação do PC-MLM com o campesinato boliviano, sua jactância de ter participado neste engendro revisionista chamado Assembléia Popular da década de 1970 e certas posturas obreristas convertem este partido em mera carreta à reboque do trotskismo boliviano, inspirado nas formulações de Lora. Que para justificar sua filiação maoista criou uma exótica proposta de autodeterminação das nações na Bolívia, aplicando de maneira escolástica fragmentos aleatórios da obra de Lenin, sem o menor intento de estudar o processo histórico, político, econômico e cultural de cada uma destas nações que segundo sua proposta devem autodeterminar-se.
Echazú faz a seguinte citação de Mariategui (os destaques são dele)
“O termo ‘gamonalismo’ não designa só uma categoria social e econômica: aos latifundiários ou grandes proprietários agrários. Designa todo um fenômeno (totalidade social N.n). O Gamonalismo não está representado somente pelos gamonais própriamente ditos. Compreende uma ampla hierarquia de funcionários intermediários, agentes parasitários, etc.” (José Carlos Mariategui. Obras. Tomo 2. Sete ensaios de interpretação da realidade peruana. Biblioteca Amauta. Pg 37)
Nessa mesma citação Mariátegui assinala que “o gamonalismo não está representado somente pelos gamonais”, hoje em dia já não existem os grandes latifundiários no Altiplano e Vales andinos da Bolívia, mas, como dissemos:
“Echazú desconhece a perenização, na realidade rural do Ocidente boliviano, de alguns medifúndios, como parte de terras consolidadas aos ex-patrões, que hoje se reciclaram como uma casta neo-patronal de ‘gamonaizinhos’, vinculados aos camponeses pobres ou ao semi-proletariado rural, através de relações de produção semifeudais, como a parceria (meia) ou a mink'a (jornada paga com alimentos, bebida ou dinheiro). Em outros casos, onde os patrões foram expulsos da área rural, camponeses que exerciam cargos de secretaria geral nos sindicatos se reciclaram como neo-patrões..
A isto é preciso agregar que as relações entre dirigentes sindicais e camponeses pobres e médios como produto do forte corporativismo sindical existentes no altiplano e vales, permitiu a subida ao poder de certos dirigentes sindicais aos níveis supracomunais (Centrais Agrárias, Federações e Confederações Camponesas de um lado ou o Conselho Nacional de Markas e Aillus do Qollasuyo). Estes dirigentes estão aferrados a seus cargos, utilizam as massas camponesas como carne de canhão para conquistar cotas de poder com o governo de Evo Morales ou com a oposição. Ou ainda cooptam as bases em um claro manejo clientelista que revela um forte enraizamento semi-feudal.
Finalmente, deve-se recordar que a reforma agrária de 1953 não varreu as diferenças econômicas e sociais camponesas. O campesinato boliviano não é uma massa classista uniforme. Existe uma forte diferenciação camponesa, nos termos que Lenin apresentou em seu Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia, como também é analisada de maneira contundente pelo presidente Mao Tsetung em sua obra Como analisar as classes nas zonas rurais, onde há camponeses ricos, médios, pobres e semi-proletários. Na Bolívia existe suficiente informação e investigação a respeito, que detalha a existência desta diferenciação camponesa, e entretanto ela está ausente nas análises de Echazú sobre a realidade boliviana. Acaso Echazú crê que a revolução de 1952 barrou a semi-feudalidade da Bolívia e agora não existe Capitalismo Burocrático? Demos provas suficientes de sua existência e assim como já se dissemos em outros momentos, o governo de Evo Morales e seus aliados (entre eles Echazú) estão contribuindo para o aprofundamento do Capitalismo burocrático na Bolívia.

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