Mulher indígena protesta em meio a nuvens de gás lacrimogêneo. Foto: David Díaz Arcos/Bloomberg
Depois de quase duas semanas de um
intenso levantamento de massas, o povo equatoriano foi traído por
direções oportunistas. Em negociações, líderes oportunistas do movimento
camponês aceitaram paralisar as mobilizações caso fosse derrubado o fim
do subsídio (que causaria aumento dos combustíveis), porém aceitaram as
demais medidas que afetam o salário, terceirização e outras.
O decreto 883, que punha fim ao subsídio
de combustíveis, foi revogado no dia 13 de outubro. Na mesa de
negociações para a revogação do decreto, os líderes indígenas
concordaram em dar fim aos protestos e bloqueios de rodovias.
Apesar de o decreto 883 ter sido
derrubado pelas massas, o governo, as lideranças oportunistas e a ONU
concordaram em criar um novo decreto, pois, afinal, é uma imposição do
Fundo Monetário Internacional (FMI) que novas reformas econômicas sejam
feitas. Também, a única medida retirada do "pacotaço" de Moreno foi o
decreto 883. Continuam a redução de salários, terceirização do trabalho,
entre outras medidas antipovo.
A Frente de Defesa de Lutas do Povo (FDLP)
do Equador, na conclamação para a Grande Greve Geral do dia 9 de
outubro, já afirmava: “As exigências das massas não cabem nas mesas de
negociação, com a liderança revisionista e oportunista cedendo ao velho
Estado. A única negociação válida será a condição de o regime de Moreno
só se retirar depois de retirar também as medidas de fome que ditou”.
No documento de balanço sobre as
jornadas de luta de outubro, a FDLP crava: “É importante não nos
deixarmos conquistar por oportunistas que querem mostrar-se
pacificamente, e que querem negar ao povo o direito legítimo de opor a
violência revolucionária contra a violência reacionária”.
E prossegue: “Há que dizer, aqui e
agora, que não haverá perdão ou esquecimento aos repressores do povo;
não haverá perdão ou esquecimento para aqueles que trafiquem e negociem
com o sangue do povo. E nisso queremos ser incisivos: líderes populares,
sindicalistas, camponeses que ousam negociar com o sangue que o povo
derrama terá que responder diante da história”.
Ao longo da história, continua a FDLP,
“sabemos que as lideranças oportunistas e revisionistas sempre acabam
negociando com os patrões, com a repressão, com os governos no poder,
enfim, com o velho Estado, o sangue e as lutas do povo”.
“Temos que aprofundar a luta, Temos que
militarizar a ação [...] É urgente dar respostas mais contundentes ao
velho Estado, ao seu aparelho repressivo e ao governo. Temos que
reivindicar a vida de nossos mártires, alimentando a rebelião popular. A
violência revolucionária tem de ser aplicada e desenvolvida; é essa a
consigna a ser levantada”, conclui a FDLP.
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