miércoles, 5 de febrero de 2014

BRASIL: Editorial do jornal A Nova Democracia nº 125 (1ª quinzena de fevereiro de 2014)

O que aumentará no país é a crise e os protestos


Janeiro sempre é um mês aguardado ansiosamente, tanto pelos “analistas” da direita declaradamente fascista quanto pelos oportunistas, porque é quando são divulgados os dados e estatísticas sobre desempenho econômico do país e demais números sobre a atuação da gerência semicolonial, seja de que facção do Partido Único for.
E os números oficiais e oficiosos de 2013 não são nada bons, como o editorial da edição passada de AND mostrou. Mesmo com toda estripolia estatística feita pela gerência petista, é impossível esconder que a economia brasileira galopa para o aprofundamento da crise.
Ainda assim, como de costume, Dilma e Mantega fizeram seu périplo pela Europa, no Forum Econômico Mundial, e cometeram vários discursos que mal escondem a ansiedade pelos “investimentos” estrangeiros no Brasil, apesar dos maus presságios.
Depois de prestar contas e renovar as garantias de imensos lucros para a Fifa em reunião com o presidente da entidade/empresa mafiosa que gerencia o futebol mundial, Dilma foi ao encontro de seus homólogos em Davos, onde se reuniram os chefes imperialistas e seus serviçais nas semicolônias.
Em seu discurso, despejou a cantilena de que a maioria da população brasileira está na classe média e novamente tergiversou sobre as jornadas de protesto popular de junho/julho de 2013, afirmando que foram resultantes do “progresso” que vive o País, enquanto PT e seus se recusam deixar o delírio de que tudo foi obra da “direita”. Disse mesmo que não reprimiu os protestos, ou seja, não houve bombas, gás pimenta e lacrimogênio, balas de borracha, nem feridos e nem mortos!
Mais ainda, Dilma jurou de pés juntos que a economia brasileira é sólida e rejubilando-se por ter privatizado petróleo, ferrovias, estradas, portos e aeroportos, disse que tem mais para entregar e “convidou” a que os monopólios estrangeiros sigam “investindo” no país.
Já Mantega assegurou que os BRICS (sigla tecnocrática que designa Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) continuarão liderando o crescimento mundial, eludindo que a China novamente teve uma desaceleração na produção industrial, que teve como efeito a derrubada das principais bolsas de valores do mundo. As moedas do Brasil, Índia, África do Sul, ademais de Turquia, Argentina e outros países considerados “emergentes” sofrem desvalorização acentuada desde meados de 2013.
Desmascarada a manobra de vender plataformas de petróleo ao exterior e alugá-las através da Petrobras para positivar o saldo da balança comercial, bem como divulgado o número consolidado e oficial do déficit nas contas correntes de 82 bilhões de dólares, pouco sobra de margem à contrapropaganda ufanista que o oportunismo petista faz de sua política econômica, que em nada difere de seus antecessores tucanos, ou seja, está destinada à falência em toda a linha.
Enquanto isso, no Brasil, o povo vê sua situação piorar a cada dia. O fato é que esses índices atingem a economia popular das mais diferentes maneiras, como através da inflação, do arrocho dos salários, etc. O ano nem bem começou e já houve demissões em massa na indústria automobilística, algo já há muito anunciado.
Este é apenas mais um ingrediente atirado ao caldo de cultura da revolta popular que já explodiu em 2013 e que já começa a despontar em 2014. Os altos preços e péssima qualidade do transporte público; a falta de luz e água nos bairros proletários, desabastecendo o povo no verão, quando mais se precisa desses serviços; o alto preço dos combustíveis e dos alimentos; as mortes e prejuízos causados pela chuva e pelo descaso dos sucessivos gerenciamentos de turno, etc., tudo isso deve se agravar, principalmente por causa do empenho do gerenciamento petista em servir aos monopólios e às oligarquias nativas.
No campo a situação ainda é mais grave. Depois de ter jogado a derradeira pá de cal sobre a já falida “reforma agrária”, Dilma ampliou enormemente a repressão com tropas federais aos camponeses, indígenas e remanescentes de quilombolas mais combativos. E ainda acoberta a ação impune de grupos de pistoleiros a soldo do latifúndio e incita o ódio contra a luta pela terra desses setores da população.
Até o dia do fechamento desta edição de AND, 29 de janeiro, 30 ônibus haviam sido incendiados em São Paulo por diferentes razões em protestos na periferia. Manifestações contra a Copa haviam ocorrido em 16 cidades, o Rio tem jornadas de luta semanais contra o aumento anunciado das passagens dos transportes coletivos e há já um grande calendário de lutas em todo o país, principalmente contra a Copa da Fifa e a farsa eleitoral.
Claro, o oportunismo eleitoreiro em geral, no governo ou na oposição, de tudo faz para que os protestos sejam identificados com a direita, já que foram derrotados em sua tentativa de domesticá-los. PT e pecedobê se esmeram sem sucesso em tachar de “anti-Brasil” os protestos contra a Copa da Fifa, enquanto que PSOL, PSTU, etc., seguirão resmungando e choramingando contra o radicalismo da juventude combatente.
E se, como sempre, o oportunismo tenta dar um caráter plebiscitário à disputa eleitoral, não deixa de reconhecer que seu verdadeiro inimigo é o povo organizado nas ruas, que já rejeitou todas as siglas eleitoreiras e explicitou seu repúdio às eleições farsan

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