Editorial 112
A
juventude se levanta, toda a canalha treme!
Explosões
da juventude em várias grandes cidades do Brasil, 100 mil no Rio, 80 mil em SP,
e agora já são centenas de milhares nas capitais, grandes e médias cidades do
país. A princípio contra os abusivos e sequenciais aumentos das tarifas dos
transportes públicos, destamparam mais uma vez um caldeirão lotado de motivos
para a justa rebelião das massas no Brasil.
E
tem sido assim: basta uma gota para transbordar todo o ódio represado por
incontáveis crimes cometidos contra o povo por esse Estado genocida, que já há
12 anos é presidido pelo oportunismo de PT/PSB/PCdoB, apoiados no rebotalho da
politicagem e da corrupção.
À
gente do povo, é fácil compreender porque os protestos de centenas de milhares já
não se dão apenas por 10, 15 ou 20 centavos das passagens de transportes. Logo
do início, as demandas se ampliaram enormemente e expuseram as entranhas da
política eleitoreira, da usurpação de direitos fundamentais, da superexploração
dos trabalhadores, os abusos de toda ordem, a criminalização da pobreza e dos
movimentos populares, e a matança de pobres.
Toda
a ofensiva lançada por Lula e Dilma contra os camponeses em luta pela terra
para adular o latifúndio e apostar no “agronegócio” como salvação da economia
não pôde deter a luta dos pobres do campo. Ninguém mais do que eles, que antes
de se engancharem no topo do velho Estado, prometiam tanto aos camponeses e são
exatamente os que mais repressão e assassinatos têm cometido contra lideranças
e massas em luta. E quando não se trata de assassinatos cometidos pelos
próprios agentes do Estado, é o gerenciamento petista que encoraja e se coaduna
com a livre ação dos bandos armados pelo latifúndio, através da covarde
criminalização que faz da luta pela terra.
Nas
cidades vigora a brutalidade sistemática contra os pobres de favelas e
periferias com a militarização e a aplicação de um Estado de sítio não
declarado a título de “política de pacificação”, que humilha, rouba, tortura e
assassina pobres.
E
tinha que ser um “governo” desse “Partido dos Trabalhadores” vendido ao capital
para massacrar de forma tão vil os operários, particularmente nas obras bilionárias
do PAC, repressão às greves, prisões e tortura de operários, etc.
Não
com menor fúria genocida ataca os povos indígenas, expulsando-os diariamente de
seus territórios em defesa dos interesses dessa chaga purulenta do latifúndio,
como recentemente assassinou o Terena Oziel.
Ademais
das greves de professores e funcionários públicos, greves estudantis e ocupação
de reitorias, greves e rebeliões operárias e tomadas de terra que nos últimos
anos tem sacudido o país, também já de algum tempo cresce o clamor em
mobilizações continuadas pela punição dos criminosos do regime militar (mandantes
e executores de torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados) e
manifestações contra a farsa das eleições.
Tudo
isso, mergulhado no caldo de cultura da crise geral de superprodução do
capitalismo que ronda o mundo, cujos impactos na economia endemicamente enferma
de nosso país, não podem ser mais escondidos pela gerente Dilma. Crise que afeta
diretamente a vida do proletariado e demais trabalhadores, vai impelindo crescentemente
as massas para a luta e expondo rachaduras nos arranjos das classes dominantes
e de seus lacaios à frente desse Estado em decomposição. Os gerentes de turno
não conseguem mais seguir governando como antes, não poderão seguir governando
como antes!
Já
não poderá funcionar sua abominável política de pão e circo – pão da bolsa
família e da farra do crédito e circo da Copa e Olimpíadas – para alienar e
embrutecer as massas. O basta a todo esse fascismo sofisticado, Senhores,
iniciou-se!
E
já preocupados com a farsa eleitoral de 2014, PT e PSDB, que dividem o governo
de São Paulo, se uniram para proferir um discurso de rara sintonia, revelando
que, mais que a política econômica, os une um profundo ódio a tudo que cheire a
povo consciente, independente. Descarregam todo o arsenal repressivo nos jovens
em luta, jornalistas e transeuntes.
Sonhando
que o aumento brutal da repressão pudesse sufocar a rebelião popular, taxada
sempre e ao estilo dos generais gorilas por badernas, o que viram com assombro
foi o contrário. Que o afluxo poderoso de pessoas a esses protestos é tanto
maior quanto mais atrocidades são cometidas por suas polícias cevadas nos
genocídios de pobres. E como que pegos em flagrante delito da mentira,
celeremente trocam a toada, somando-se ao novo coro orquestrado por essa
imprensa reacionária, de que agora se trata de movimentos pacíficos e que os
distúrbios são atos de uma minoria de vândalos. É o velho cacarejo da minoria
subversiva infiltrada!
Senhores,
nos movimentos de massas há um pouco de tudo, há também pacifistas, naturalmente,
e inclusive gente que pensa que o é até sair às ruas e ser agredida
covardemente pelas hordas armadas até os dentes por vocês enviadas. Não se
preocupem, este é um problema dos manifestantes, o de vocês é de como safar-se
e seguir enganando. As massas saberão resolver democraticamente sobre os
métodos de luta a empregar. E nisto a experiência histórica é pródiga em demonstrar
que, na ação espontânea, é no seu próprio curso que as massas elegem seus
métodos e formas de luta, segundo o que lhes propõem suas lideranças mais comprometidas
e firmes e em correspondência ao que a reação contra elas arremete. E essa nova
fase da luta popular está apenas em seus inícios.
E
como não poderia deixar de ser o monopólio de imprensa, depois de ver agigantar
o mar de massas nas ruas, tenta tanger o movimento e a rede Globo já quer
dirigir os protestos, editando suas imagens para provar que agora as
manifestações são pacíficas e que só uma minoria é que pratica vandalismo. Ora
veja! Esses editorialistas dos meios mais reacionários, mal iniciaram as
manifestações outro dia, apressaram-se em cobrar a prisão de manifestantes, de enquadrá-los
por “formação de quadrilha”, como não bastasse ser a ação dessa polícia bestial
e genocida. Querem mais, que se passe a tratar as lutas populares como
terrorismo, numa antecipação do que já vem sendo gestado há anos como meio de prevenir
os levantes populares.
Não
por acaso, estima-se que até o fim de junho seja aprovada na Câmara federal o
projeto de lei antiterrorismo acalentado pela gerência PT/FMI e ditado pelo
imperialismo ianque com a desculpa da proteção aos megaeventos esportivos
sediados no Brasil.
A
outra frente de atuação das siglas oportunistas (além de reprimir desde os
aparatos de onde manejam) é dividir para dominar, algo já bastante conhecido.
Assim, a juventude do PT e PCdoB, a UNE e outros grupos governistas vem
tentando sistematicamente usurpar a direção das manifestações e fracassando, já
que vem sendo rechaçadas suas bandeiras pelas massas indignadas, que atacam
também repórteres da Globo e automóveis da emissora. Estes e outros partidos
eleitoreiros que se travestem de “esquerda” podem enganar, quando não uns poucos
e já são repudiados nas manifestações.
Outras
siglas eleitoreiras como PSOL e PSTU também se esmeram para usurpar a direção das
manifestações e imprimir nelas seu reformismo tacanho, fracassam também, pois
quando a polícia parte para cima das massas, enrolam suas bandeiras e fogem
covardemente, para depois, desavergonhadamente, condenar a justa violência da
juventude combativa, fazendo parte do asqueroso coro da reação. E o rechaço dos
manifestantes aos partidos é expressão da ira da juventude a toda essa podridão
dessas eleições farsantes e corruptas.
A
grande verdade é que desde o fim de 2011 o mundo vem sendo varrido pelos ventos
da rebelião. A juventude do norte da África e Oriente Médio deu demonstrações
de infinita bravura, conquistando direitos e derrubando governos em sangrentos
combates que resultaram em morte e destruição. Na Grécia o povo ocupa quase
permanentemente as ruas e também paga sua cota de sangue para não afundar na
miséria extrema imposta pelo capital financeiro internacional.
Dessas
manifestações é da Turquia é que irradiam as mais vigorosas demonstrações de
combatividade, espírito e moral de classe dos explorados e oprimidos. Lá também
uma aparentemente localizada luta deu origem a um movimento multitudinário por
todo o país, que vem enchendo os olhos do mundo e obrigando o imperialismo
ianque a adiar seus planos de um Novo Oriente Médio. Diferentemente dos outros
países, onde houve revezes e perda da direção para as forças reacionárias, na
Turquia pode-se esperar algo mais consequente e duradouro, visto que lá se desenvolve
há quatro décadas heroica guerra popular dirigida por um partido comunista
provado no fogo das batalhas pela expulsão do imperialismo, pela destruição do
fascista Estado turco e pela construção de uma nova democracia.
Nada
de grande jamais foi conquistado pelo povo dando flores a repressores e
genocidas. Todas as revoluções vitoriosas se ergueram sobre a destruição de
tudo que era velho e reacionário. Mais que nunca, é válida a consigna de que “a
rebelião se justifica”.
Desde
nossa trincheira saudamos calorosamente nossa bela juventude em luta nas
cidades brasileiras, na Turquia, na Palestina, no Chile, em todo mundo enfim.
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