Camponeses resistem a ataque covarde de policiais e pistoleiros a mando de latifundiários. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
Segue a escalada da violência reacionária do latifúndio e o velho Estado contra os camponeses do Acampamento Manoel Ribeiro.
Camponeses relataram uma movimentação atípica no latifúndio Nossa Senhora, entre 18h e 20h da noite do dia 20 de janeiro: uma viatura policial entrou na sede; 4 caminhonetes, carros e motos ficaram rondando pela estrada principal que dá acesso à Chupinguaia (Linha MC01) e nas estradas dentro do latifúndio; um drone sobrevoou próximo ao acampamento. Acampados denunciaram que em seguida, pistoleiros dispararam com arma de grosso calibre contra um posto de segurança do Acampamento Manoel Ribeiro.
Devido à presença da viatura policial na sede do latifúndio, estes crimes cometidos por pistoleiros do latifúndio Nossa Senhora teve a conivência de policiais. Isto é certeza, mas pela história do Brasil, especialmente de Rondônia, é certo que este foi mais um caso em que a polícia atua como segurança privada do latifúndio.
As famílias do Acampamento Manoel Ribeiro seguem firmes na luta pelo último pedaço do solo regado com o sangue dos heroicos combatentes de Corumbiara.
Camponeses impedem tentativa de despejo ilegal. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
CAMPONESES DO ACAMPAMENTO MANOEL RIBEIRO RECHAÇAM POLICIAIS E PISTOLEIROS EM UM DIA INTEIRO DE RESISTÊNCIA
Camponeses resistem com barricadas em chamas e fogos de artifício. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
Famílias do acampamento Manoel Ribeiro resistiram com firmeza à ataques da polícia e do latifúndio que se estenderam por todo o dia 18 de janeiro.
Após a vã tentativa do latifúndio de intimidar os camponeses enviando pistoleiros até a área ocupada, dezenas de policiais de diferentes órgãos de repressão empreenderam dois ataques contra as famílias.
Os trabalhadores conseguiram registrar em vídeo o momento das agressões.
VEJA O VÍDEO:
PISTOLEIROS DO LATIFÚNDIO, TENTAM INTIMIDAR OS CAMPONESES
Segundo relato das famílias, na manhã do dia 18, 2 homens do latifúndio Nossa Senhora, portando armas curtas na cintura, um deles encapuzado, se deslocaram em direção ao acampamento em uma caminhonete (bandeirante branca) e se aproximaram de uma das porteiras da área ocupada.
Homens armados se aproximam do Acampamento Manoel Ribeiro. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
Ao perceberem que os camponeses não se intimidaram, disseram que desejavam apenas conversar e que queriam que os trabalhadores desocupassem a área alegando que precisavam retirar parte do gado do latifundiário.
Frente à intimidação, reunidos, os camponeses se mantiveram firmes e recusaram-se a sair do local.
Camponeses erguem barricada para impedir invasão da polícia a Acampamento. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
EM AÇÃO COORDENADA COM LATIFÚNDIO POLÍCIA FAZ TENTATIVA FRUSTRADA DE DESPEJO ILEGAL
Polícia tenta executar despejo ilegal no Acampamento Manoel Ribeiro. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
Na tarde do mesmo dia, por volta das 15 horas, as famílias avistaram 7 viaturas policiais chegando à sede do latifúndio. Depois, junto com caminhonetes do fazendeiro, os policiais se dirigiram para o acampamento Manoel Ribeiro com o objetivo de expulsar os camponeses da Fazenda Nossa Senhora.
Participaram do ataque viaturas da polícia militar e outras escuras camufladas, de tropa especial, mas que os camponeses não conseguiram identificar.
Cerca de 30 policiais portando escudos e em formação de ataque confrontaram as famílias acampadas em uma odiosa operação ilegal.
Viaturas e policiais tentam executar despejo ilegal no Acampamento Manoel Ribeiro. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
Respondendo ao avanço das forças de repressão que ameaçavam invadir parte da área ocupada, os camponeses ergueram barricadas em chamas e lançaram fogos de artifício.
A todo o momento os camponeses denunciaram o caráter criminoso da operação feita sem qualquer mandado, como se já não fosse absurda por sua própria natureza antipovo. “Lutar não é crime!”, “Nem que a coisa engrossa, essa terra é nossa!”, “Se o camponês não planta, a cidade não almoça nem janta!”, “1, 2, 3, 4, 5, mil, avança a Liga por todo o Brasil!”, “Pistoleiros do latifúndio!”, "Estas terras não tem documento. O fazendeiro grilou tudo", "Estas terras são da antiga Santa Elina! Estas terras são do povo", bradaram os trabalhadores em meio à canções de luta.
Camponeses resistem a tentativa de despejo ilegal no Acampamento Manoel Ribeiro. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação
POLÍCIA BLOQUEIA ESTRADA
Em seguida, os policiais e as viaturas bloquearam a principal estrada que corta as Áreas Revolucionárias vizinhas e que dá acesso ao acampamento. Foram identificados veículos do batalhão de choque da polícia militar e da polícia ambiental.
Organizadas, as famílias empunharam bandeiras vermelhas, entoaram canções de luta, palavras de ordem e ergueram suas ferramentas de trabalho.
Diante da vibrante resistência, após cerca de meia hora, as viaturas suspenderam o bloqueio, se dirigiram para a sede da fazenda Nossa Senhora Aparecida, onde fizeram uma parada, e se retiraram para a cidade Chupinguaia.
Policiais retiraram bandeiras e placas indicando a entrada do Acampamento Manoel Ribeiro – mais uma ação ilegal, pois elas estavam colocadas em propriedades particulares de camponeses. Na manhã seguinte as bandeiras já voltavam a tremular, recolocadas nos mesmos lugares pelos camponeses.
Acampamento Manoel Ribeiro sofre mais uma tentativa de despejo. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação.
CAMPONESES DENUNCIAM ARTICULAÇÃO DE LATIFUNDIÁRIOS LOCAIS
As suspeitas por parte dos trabalhadores de que outros latifundiários da região estão apoiando o latifúndio Nossa Senhora Aparecida aumentam.
Segundo denúncias de camponeses das áreas vizinhas, desde os 3 dias que antecederam os ataques, a sede da fazenda Nossa Senhora tem apresentado movimentação atípica de diferentes carros e caminhonetes.
A rápida e constante entrada e saída de veículos relatada pelos moradores seria resultado de uma possível reunião dos latifundiários locais, um dos quais é o ladrão de terras Antenor Duarte, conhecido por ser um dos mandantes do crime hediondo ocorrido em 1995 conhecido como "Massacre de Corumbiara".
Além disso, também foi denunciada a presença de pistoleiros durante a noite parados na estrada, próximo à entrada da sede do latifúndio.
Conforme apontamos em nossa última matéria, esta articulação dos latifundiários se dá pelo medo de que mais camponeses sem terra, e desempregados dos municípios vizinhos sigam o exemplo do acampamento Manoel Ribeiro e tomem outros latifúndios, empurrados pela grave crise.
No Acampamento Manoel Ribeiro camponeses frustram tentativa de despejo ilegal. Janeiro de 2021. Foto: Divulgação
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