Militares brasileiros e ianques selam acordo que permite maior intervenção do USA na América Latina, 2017
Editorial - As marionetes de sempre dos amos de sempre
No dia 26 de junho de 1964, o embaixador brasileiro em Washington, Juraci Magalhães, dava a famosa declaração, segundo a qual “o que é bom para o Estados Unidos é bom para o Brasil”. Mesmo no ambiente empesteado do regime militar, sua declaração repercutiu de modo bastante negativo no que restava de imprensa popular e democrática. Afinal, não foi o golpe dado com o verniz do “patriotismo” e da defesa da “honra nacional”?
Cinco décadas e meia depois, a história se repete como farsa da tragédia secular de nosso povo. Matéria veiculada no portal de “A Pública”, com nomes e indicações irrefutáveis, comprova a intervenção do FBI nos assuntos de política interna brasileira. Diversos agentes, vários dos quais sob codinome, agindo de maneira clandestina no País, orientaram pari passu a malfadada “Operação Lava Jato”, dirigidos por uma tal de Leslie R. Backschies. Antes, já haviam atuado na repressão aos protestos na Copa de 2014.
Confirma cabalmente o denunciado por AND, no Editorial A convulsão social inevitável e a necessidade da revolução, da edição nº 185 (março de 2017), em cuja denúncia certeira da acintosa ingerência ianque muitos viram "teoria da conspiração". Lá, afirmamos: "Ela [a "Lava Jato"] obedeceu ao 'Plano maior' do establishment e interesses do USA, preocupados com o grau de desmoralização no país que chegara a política oficial e as instituições do 'Estado Democrático de Direito', tão enaltecido como a 'democracia' e ideal de sistema de governo. Por trás dela estão mãos muito mais poderosas do que se imagina. Digamos que todo o planejamento das investigações, sua estrutura e método, foram preparados pelo FBI, tendo selecionado setores da Polícia Federal para operarem sob a centralização de alto mando militar das Forças Armadas como operação de fato. Como fachada legal preparou-se equipe de pessoal do Ministério Público 'imbuído' da causa da moralização da vida política e pública do país. Senão, como se iniciaria tal plano e, principalmente, como poderia chegar até onde tem chegado? A história política do país conhece inúmeras tentativas semelhantes arquitetadas neste objetivo e que foram aplastadas antes mesmo de dar seus primeiros passos".
A mesma potência estrangeira que articulou o golpe fascista elege e derruba governos no regime “democrático”. Certos círculos militares, extremados na defesa do bolsonarismo, que acusam a “mão invisível” da China mesmo em assuntos secundários (muitas vezes, através de conexões lógicas as mais extravagantes), silenciam ante as mãos e os braços explícitos de polícia norte-americana, pega no flagra, a intervir na política doméstica deste pobre Brasil semicolonial. Para completar o quadro vexatório – para eles, claro – não só estes fatos revelados não mereceram nenhum repúdio ou pedido de esclarecimentos públicos e contaram com o silêncio cúmplice dos monopólios de imprensa, como na mesma semana em que eles vêm à tona, Bolsonaro vai, acompanhado do general Ministro da Defesa, celebrar na embaixada do USA a data nacional deste país. É um escândalo.
Isto prova que, ao contrário do que seus ideólogos vituperam, o “Exército de Caxias” serve não ao Brasil, mas ao imperialismo. Nos tempos do seu sanguinário patrono, ao pré-imperialismo inglês; de 1945 em diante, ao imperialismo ianque. O golpe de 64, na verdade, foi dado para interromper um processo em marcha de ampliação da mobilização popular e reformas democráticas, que ameaçava a sujeição absoluta ao amo do Norte; agora, é como ofensiva contrarrevolucionária preventiva ao levantamento popular inevitável, dada à gravidade da crise geral a que foi levada o país por este sistema semicolonial de exploração e opressão e contra qualquer possibilidade de independência nacional que eles ameaçam a tal “ruptura”. No fundo, seu projeto nacional, inclusive para a Amazônia, é que o Brasil continue a ser, eternamente, um grande engenho. Ou um grande pasto.
Entreguistas! Vende-pátrias! Como bem falava o grande Nelson Werneck Sodré, estes generais verde-oliva nada mais são que fantoches de outros generais, estes sim com real poder de mando, quais sejam, General Eletric, General Motors etc etc. Villas-Boas, Mourões, Helenos, Azevedos, Ramos, Bragas Pazzuelos, são tão valentes em ameaçar seu próprio povo como dóceis em acariciar o amo. A entrega de mão beijada da Base de Alcântara está aí, como testemunho irrefutável destes tempos. Não podem afinal ser patriotas os que desprezam o elemento central de qualquer Nação, qual seja, o seu povo. De quebra, os valentes ainda completam seus privilégios de casta com os salários e as benesses do primeiro escalão federal, para o qual guindaram mais de 2,9 mil outros militares. Se houve algum empreendedorismo de vulto em nossa época, foi este. Ademais, em plena pandemia (um dos episódios mais sombrios de nossa história), o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) vê indícios de superfaturamento na produção de cloroquina pelo Laboratório do Exército. Substância que terá como único destino o lixo, porque inócua no tratamento do coronavírus.
Enganam-se, no entanto, estes senhores, se pensam que esta situação perdurará para sempre. As crises sanitária, econômica e política produzirão saltos na mobilização popular no curto prazo e levarão de roldão não só a Bolsonaro, como todo o gabinete de generais, que é o governo militar de fato. É sua culpa, sobre todos os outros, os prováveis mais de 100 mil mortos por Covid-19 e os milhões de famintos e desempregados. Para estes crimes, que superam os perpetrados entre 1964-1985, não haverá uma segunda anistia.
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