miércoles, 10 de enero de 2024

BRASIL: Dirigente da Frente Nacional de Luta sofre atentado com arma de fogo em Minas Gerais (A Nova Democracia)

Geraldo Pires, direção nacional da FNL, foi alvejado com um tiro na mão em Pirapora, Minas Gerais. A FNL respondeu reafirmando o seu compromisso em continuar a luta pela terra.

por Enrico Di Gregorio
4 de janeiro de 2024·
1 minuto de leitura

Dirigente nacional da FNL foi alvejado com tiro na mão, e organização camponesa prometeu continuar a luta pela terra. Foto: Reprodução/F


O integrante da Direção Nacional da Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL), Geraldo Pires de Oliveira, de 52 anos, foi alvo de um ataque a tiros no dia 3 de janeiro no município de Pirapora, em Minas Gerais. O homem foi atingido na mão enquanto pilotava uma moto e se encontra hospitalizado. Geraldinho, como é conhecido, é uma destacada liderança da luta pela terra na região e já havia sofrido ameaças e sequestros por parte de pistoleiros e policiais anteriormente.

A emboscada ocorreu após Geraldo sair do Acampamento da Fazenda Prata, um dos palcos de ocupação da FNL no estado mineiro.

Em pronunciamento, a FNL afirmou que “reafirma seu compromisso de continuar a luta pela terra” e que “este atentado é mais um dos tantos praticados pelas milícias armadas dos latifundiários contra as lideranças dos trabalhadores sem-terra, pastorais, sindicalistas”.
Repressão constante

O Acampamento da Fazenda Prata é um dos palcos de ocupação da FNL no estado mineiro. Antes de ser ocupada pelos camponeses, a fazenda era improdutiva. As terras foram hipotecadas há mais de 20 anos por um acúmulo de dívidas não pagas, e atualmente pertencem ao Estado.

Isso não impede as ameaças e perseguições aos camponeses e dirigentes que ocupam as terras. Em junho de 2023, Geraldo foi sequestrado por policiais militares e acusado de ser o líder das ocupações de terra na região. A FNL denunciou o caso como parte das atuações pró-latifúndio dos PMs em conluio com a pistolagem.

“Todos têm conhecimento que as fazendas da região trabalham com milícias armadas, ou seja, policiais militares que fazem os chamados “bicos”, quando em suas folgas, vão trabalhar […] para os latifundiários”, disse a declaração.
Sai ano, entra ano, prossegue a repressão

O atentado cometido logo nos primeiros dias de 2024 segue na esteira de outros graves ataques à massas, ativistas e dirigentes da luta pela terra no ano passado, expressão do próprio recrudescimento da luta pela terra no País.

O primeiro mês de 2023 também ficou marcado por atentados desse tipo, que ceifaram a vida de três camponeses somente em janeiro. Foram eles Patrick Gasparini, Raniel Laurindo e Rodrigo Hawerroth.

A tendência não se alterou ao longo do ano, com novos assassinatos, torturas, invasões e intimidações contra camponeses, indígenas, quilombolas e demais massas em luta pela terra no país. Com a elevação desses conflitos, organizações como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) emitiram um comunicado que convocavam os camponeses a formarem grupos de autodefesa armados para resistirem às investidas dos pistoleiros.

Os camponeses também demonstraram firme determinação em manter a luta pela terra na forma de novas ocupações e defesa das terras já tomadas. De fevereiro a dezembro, tomadas de terras ou importantes mobilizações de defesa dos territórios ocupados ocorreram de Norte a Sul do País, em um movimento que deve continuar a alastrar nos próximos meses.

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