jueves, 6 de agosto de 2015

BRASIL: SE AS CONTAS NÃO ABAIXAREM O PROJETO VAI PARAR!" (A Nova Democracia)




RELATO DIRETO DA LUTA ENVIADO PELA LIGA DOS CAMPONESES POBRES DO NORTE DE MINAS E SUL DA BAHIA A NOSSA REDAÇÃO

O grito ecoou quando centenas de irrigantes empunhando faixas com suas reivindicações, bandeiras vermelhas da Liga e estandartes entraram em passeata no Mocambinho, centro do Projeto de Irrigação do Jaíba onde funciona a administração do Distrito de Irrigação e escritórios da Codevasf. Moradores e comerciantes locais vieram para porta ver, receber os panfletos e prestar seu apoio, estudantes vieram para o muro da escola quando a passeata passava.

A concentração iniciou às 5 da manhã, apesar dos boatos de que a PM faria blitz para impedir a manifestação, os companheiros foram chegando de todas as linhas centenas de pessoas à pé, de bicicletas, motos, carros que vinham também trazendo os vizinhos, bicicletas. Os foguetes anunciavam a disposição dos companheiros de lutar por seus direitos.

Com a chegada do carro de som formaram duas colunas ao longo da pista fechando o acesso ao Mocambinho, dezenas de carros e motos formaram um bloco no final das colunas com buzinaço por todo trajeto, a agitação contagiava a todos, palavras de ordem eram puxadas e do carro de som os companheiros denunciavam a situação dos irrigantes diante do absurdo aumento das taxas de água e energia.

O efetivo policial reforçado com policiais da cidade de Jaíba e de Janaúba, que acompanhava a movimentação desde o início, se posicionou diante da entrada da Estação de Bombeamento 1 e da sede do Distrito de Irrigação. Firmes os camponeses irrigantes mantiveram a passeata organizada, convocando a população do Mocambinho a se somarem na luta contra os aumentos, seguiram até frente do Distrito onde pararam e foi aberto o microfone a todos irrigantes presentes.

Dezenas de irrigantes denunciaram a gravidade da situação enfrentada com os aumentos nas contas, um camponês já idoso apresentou sua conta de água (1) do mês de junho de R$733,00 dos quais R$300,00 são as taxas (2) e impostos cobrados, “como é possível um pequeno continuar produzindo quando a caixa de 20 quilos de banana chegou a ser vendida por R$5,00?” Irrigantes com contas de água que chegam ao absurdo de R$1500,00! A taxa K2 fixo tem preço diferenciado entre as linhas é cobrada mesmo sem haver irrigação no lote varia entre R$84,00 e R$140,00 para os pequenos! “É uma forma de expulsar os pequenos do Projeto, da terra irrigada” denunciavam.

Foi decidido em assembleia montar acampamento na porta do Distrito até a presença dos órgãos Codevasf, Cemig, Ruralminas e outros para reunir com irrigantes, apoiadores se somavam a luta dos irrigantes denunciando também os aumentos das contas. O prefeito de Jaíba esteve no local, sendo cobrado pelos presentes das péssimas condições para população do município, e que firmasse o compromisso de cobrar a presença dos órgãos para tratar da situação com os irrigantes. O gerente do Distrito Marcos Medrado não saiu de dentro do prédio para receber os irrigantes e na hora de sair foi pelas portas do fundo escoltado pela PM, sob vaias da população presente.

Na parte da tarde foi informado a presença de representante da Codevasf e Ruralminas para 4ª feira, dia 5, para reunir com os irrigantes a decisão é de manter acampamento até a reunião. A Comissão de Luta dos Irrigantes, que organizou a manifestação, conseguiu contribuição de lanche para servir aos presentes na manifestação e fez a arrecadação de contribuições para compra de um boi para fazer a alimentação. Como em todo processo de mobilização os irrigantes contribuíram e à noite fizeram churrasco, vários companheiros trouxeram frutas da própria produção, café, farofa, cozinhas foram montadas. O som tocando musicas da região ficou até tarde.

No amanhecer do dia chegavam outros companheiros com um cafezinho, centenas de camponeses estão fazendo rodízio dos lotes para o acampamento, divulgando a luta, distribuído panfletos, rodando com som, convidando mais gente, levando apoios para garantir a permanência no local.
A decisão dos irrigantes é clara: se as contas não abaixarem o projeto vai parar!

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(1) A conta de água do Projeto de Irrigação Jaíba é calculada, cobrada e cortado o fornecimento pelo próprio Distrito de Irrigação que administra patrimônio da Codevasf.
(2) No Projeto de Irrigação Jaíba existe uma taxa, apresentada como o custo da energia elétrica, cobrada pelo bombeamento da água que sai do Rio São Francisco até o canal principal – a Estação de Bombeamento 1 – para distribuição nos canais de irrigação, o chamado K2 fixo que teve reajuste de 60% desde abril.

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