No dia 14 de dezembro, as 80 famílias camponesas da
Área Revolucionária José Ricardo (antiga fazenda Riachão de Dentro), em
Lagoa dos Gatos (PE), celebraram mais uma vitoriosa Festa do Corte
Popular. Em sua 10ª edição, a Festa foi um evento popular que reuniu
centenas de pessoas vindas de várias comunidades camponesas das regiões
do Agreste e da Mata Sul do estado de Pernambuco, além de famílias da
Mata Norte Alagoana. Também marcaram presença movimentos e entidades
populares, como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Movimento Estudantil
Popular Revolucionário (MEPR), Fóruns e Redes de Cidadania e Direitos
Humanos do Maranhão (FeR) e a Escola Popular, ademais de lideranças
camponesas de Pernambuco e Alagoas.
Desde a primeira semana de novembro, vários ativistas
espalharam cartazes anunciando a Festa pela região, especialmente nos
sítios, engenhos, assentamentos e acampamentos. Dois carros-de-som foram
utilizados para divulgar e convidar todo o povo para celebrar os 10
anos do Corte Popular, assim como foram publicados anúncios em duas
emissoras de rádios. Os camponeses também realizaram panfletagens nas
feiras do município. Tal qual as lutas para combater os despejos
ilegais, a campanha pela celebração do Corte Popular contou com amplo
apoio do povo da cidade, dos pequenos comerciantes e de outras famílias
camponesas da região.
Na mesa de abertura, diante de uma plenária com cerca
de 400 pessoas, o representante da Coordenação Nordeste da LCP fez uma
saudação a todos os presentes pela comemoração dos 10 anos do Corte
Popular, relembrou que nesta Festa celebra-se duas vitórias contra os
despejos ilegais nos últimos dois anos (2018 e 2019), o fortalecimento
da organização camponesa e os avanços da luta pela regularização das
posses dos camponeses pelo governo do estado. Também afirmou que a luta
pela terra no Agreste Pernambucano e nas terras da antiga fazenda
Riachão de Dentro não são recentes. Pois, as terras que foram tomadas,
cortadas e distribuídas para o povo pela Revolução Agrária, em 2009, no
ano de 1830 já haviam sido palco da Guerra dos Cabanos.
O representante da Coordenação Nordeste da LCP
afirmou ainda que que “ao comemorarmos uma década de Corte Popular,
reafirmamos que estamos fazendo justiça a todos os cabanos que tiveram
suas terras roubadas pelos coronéis latifundiários”. Ele disse ainda que
a LCP continuará à disposição para continuar lutando em conjunto com o
campesinato pobre pela destruição do latifúndio em 2020, sem vacilar
diante da ofensiva contrarrevolucionária e as ameaças do governo
reacionário contra a luta camponesa.
Ainda na mesa de abertura, os camponeses da Área
Revolucionária José Ricardo realizaram uma cobrança pública ao prefeito
de Lagoa dos Gatos, Edmilson Morais/PDT, para que ele pressione o
governo do estado pela titulação das posses das famílias que vivem,
produzem e lutam nas terras da antiga fazenda Riachão de Dentro. O
prefeito e seus vereadores se comprometeram diante de todo o povo a
pleitear uma audiência com o governador para que solucione esta
importante questão pendente no município. O representante da oposição
eleitoral do município, o Sr. Boró, que disputará a prefeitura em 2020,
também se pronunciou à disposição para apoiar a luta pela titulação.
Os representantes dos FeR, além da saudação
combativa, realizaram a leitura de uma carta escrita pela direção do
movimento onde saudaram a passagem dos 10 anos do Corte Popular e
reafirmaram seu compromisso pelo caminho da luta camponesa.
Uma ativista do MEPR, numa fala combativa, reafirmou o
compromisso desta organização em continuar avançando junto com os povos
do campo para impulsionar a Revolução em nosso país.
Os professores da Escola Popular, por sua vez,
fizeram um breve histórico das lutas na Área Revolucionária José
Ricardo. Uma histórica liderança camponesa da Mata Sul Pernambucana, da
luta pela tomada e pelo Corte Popular nas terras dos antigos engenhos de
cana-de-açúcar do município de Catende, no mesmo estado, fez um
retrospecto da luta que viveu para realizar o Corte Popular no antigo
engenho Santa Luzia, onde vive e produz até hoje. Afirmou que se não
fosse a luta da LCP não teriam conseguido cortar aquelas terras e
finalizou reafirmando que sempre defenderá a Revolução Agrária que
garanta a terra para o povo.
As festividades continuaram. Após a mesa de abertura,
iniciou-se o sorteio de bingo de eletrodomésticos e de um boi. Mais
pessoas começaram a chegar, porque houve grande propaganda. Após o
bingo, houve apresentação com banda de forró ao vivo num palco
improvisado em cima de um caminhão. Churrasco de carne de boi, porco e
frango, bolos, água e refrigerante, tudo ofertado gratuitamente para as
famílias camponesas da Área. Para os demais participantes da Festa,
estavam montadas barracas de comidas e bebidas, no estilo quermesse,
para atender a população. Comissões de alimentação, segurança, estrutura
e cultura, todas funcionando unidas com muita organização e disciplina.
No dia seguinte, 15/12, ocorreu uma segunda festa,
desta vez para os companheiros e companheiras que haviam trabalhado
durante toda a programação da festa principal. Todos que participaram da
organização se reuniram novamente na sede da área, prepararam um almoço
e comemoraram a realização não apenas de uma grande Festa, mas de um
grande ato político contra o latifúndio e o velho Estado
burguês-latifundiário serviçal do imperialismo, principalmente ianque.
Os brindes e todo clima de companheirismo demonstraram que nesta Área o
povo está disposto a lutar das formas que forem necessárias. Um brinde à
Revolução Agrária!
Camponeses comemoraram os 10 anos do Corte Popular. Foto: Comitê de Apoio - Recife/PE
Centenas de pessoas participaram do evento popular. Foto: Comitê de Apoio - Recife/PE
Vários movimentos e entidades populares prestigiaram o evento. Foto: Comitê de Apoio - Recife/PE
Várias das falas dos presentes na
mesa exaltaram a Revolução Agrária, defendendo o direito à terra para
quem nela trabalha. Foto: Comitê de Apoio - Recife/PE
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