Morte
anunciada – mais um camponês assassinado no Vale do Jamari
Jaru,
3 de janeiro de 2016
No
dia 2 de janeiro, a família do jovem camponês Lucas da Costa
Silva recebeu a confirmação de que a polícia encontrou seu
corpo na fazenda Fluminense. Ele será enterrado hoje, em Buritis,
onde moram seus pais.
Em
busca do sonho de um pedaço de terra para viver e trabalhar com
dignidade, Lucas entrou no Acampamento Luiz Carlos, organizado para
lutar pelas terras da fazenda Fluminense, na linha 25, Gleba Rio
Alto, no município de Monte Negro, no Vale do Jamari. São terras
públicas cortadas pelo Incra há mais de 20 anos em lotes pequenos,
destinados a reforma agrária, mas que nunca foram entregues a
camponeses, foram grilados por fazendeiros e latifundiários, como
Jair Miotto, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Monte Negro. Lucas
tinha 23 anos, morreu nas últimas horas de 2015 com um disparo de
arma de fogo na cabeça, na fazenda Fluminense, provavelmente por
pistoleiros contratados pelo latifundiário Jair Miotto, que se diz o
dono das terras.
Lucas
nasceu em Cerejeiras, sul de Rondônia, no dia 15 de maio de 1992.
Trabalhava como ajudante de pedreiro e construindo cocheiras em
fazendas na região. Era filho da Dona Marta e do Senhor João
Antônio, camponeses do Paraná que vieram para Rondônia há cerca
de 30 anos em busca de um pedaço de terrra e de oportunidades de
emprego. Conseguiram um lote pelo Incra, mas tiveram que se desfazer
dele depois que o pai de Lucas perdeu uma perna num acidente de
trabalho, derrubando mato com motosserra. Hoje, o Sr. João é
aposentado, mesmo assim faz vários serviços na chácara da família,
e a Dona Marta trabalha na feira de Buritis.
Esta
é mais uma morte anunciada. No último dia 14 de dezembro, em Porto
Velho, a LCP, a Comissão de Direitos Humanos da OAB – Ordem dos
Advogados do Brasil e o Cebraspo – Centro Brasileiro de
Solidariedade aos Povos, organizaram uma Audiência Pública, com o
apoio da Unir – Universidade Federal de Rondônia, onde camponeses
de várias áreas e acampamentos de todo o estado denunciaram a
violência do latifúndio, especialmente na região do Vale do
Jamari: despejos, torturas, desaparecimentos e assassinatos.
Veículos
da imprensa marrom, como a página da internet Rondônia Vip, têm
divulgado mentiras disfarçadas de matérias jornalísticas, onde
afirmam que Lucas e outros camponeses assassinados no Vale do Jamari
são vítimas dos próprios trabalhadores. Não podemos esperar outra
coisa de meios de comunicação a serviço do latifúndio e
sustentados por verbas dos governos municipal, estadual e federal.
Eles cumprem o sujo papel de esconder os crimes dos latifundiários,
os verdadeiros bandidos.
Lucas
é mais uma vítima da política agrária do governo Dilma / Luiz
Inácio / PT que paralisa a reforma agrária falida do governo,
obrigando os camponeses a se organizarem e lutarem pelo sagrado
direito à terra. O governo federal, assim como o estadual de
Confúcio Moura / PMDB também não fazem nada para punir os crimes
dos latifundiários e seus bandos de pistoleiros, com a participação
de policiais. Até hoje seguem impunes os assassinatos e
desaparecimentos dos camponeses
Renato Nathan Gonçalves
Pereira, Luiz Carlos da
Silva, José Antônio Dória
dos Santos, Jander Borges Faria, Paulo Justino Pereira, Delson Mota,
Valdecy Padilha, Terezinha Nunes Meciano, Anderson Mateus dos Santos,
Francimar de Souza e tantos
outros.
Basta
de ataques de pistoleiros e policiais a mando de latifundiários
contra camponeses!
O
camponês quer terra, não repressão!
Terra
para quem nela vive e trabalha!
Companheiro
Lucas da Costa Silva, presente na luta!
LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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