Goiânia,
05 de janeiro de 2015
Abaixo a odiosa campanha de desinformação para acobertar mais
um crime do latifúndio contra os camponeses do Vale do Jamari, Rondônia!
O sangue de Lucas da Costa da Silva não terá corrido em vão!
No dia 01 de Janeiro de 2016 a Liga dos Camponeses Pobres de
Rondônia e Amazônia Ocidental denunciou o desaparecimento do jovem Lucas da
Costa da Silva, de 24 anos, que teria ocorrido em 31 de dezembro, após um
ataque de pistoleiros contra os camponeses do Acampamento Luiz Carlos, Fazenda
Fluminense, linha 25, em Monte Negro.
O nome do Acampamento é uma homenagem ao camponês Luiz Carlos da
Silva, que desde 2012 luta junto com outras famílias para que as terras
públicas desta Gleba sejam entregues aos seus legítimos donos, os camponeses, e
que está desaparecido desde a manhã do dia 28 de novembro de 2014, quando saiu
para trabalhar. Como relata a nota da LCP “por sofrerem vários ataques de
pistoleiros a mando de Jair Miotto, como medida de segurança, os camponeses só
trabalhavam em grupos. Na manhã do dia 28 de novembro de 2014, o camponês Luiz
Carlos da Silva saiu sozinho para trabalhar e desde então desapareceu. A
família do camponês tentou diversas vezes registrar a ocorrência policial do
desaparecimento em Monte Negro, mas a polícia se recusou. A PM só iniciou as
buscas depois que familiares denunciaram na imprensa e bloquearam a rodovia R0
421 por várias horas. Um parente de Luiz Carlos teve sua casa queimada,
possivelmente como represália por ter participado destes protestos. Camponeses
acompanharam policiais militares de Buritis no local do seqüestro e seguiram
pegadas que conduziam à sede da fazenda Fluminense”.
No dia 02 de janeiro de 2016, a Liga de
Rondônia e Amazônia Ocidental informa o assassinato de Lucas, conforme a nota
“Morte anunciada- mais um camponês assassinado no Vale do Jamari”, publicada no
dia 04 de janeiro de 2016 no site Resistência Camponesa (ambas foram publicadas
também pelo site Alerta Rondônia).
Neste período, o site Rondônia Vip, que têm
sido o porta-voz da polícia e dos latifundiários contra a LCP, desencadeou seu
arsenal de ódio e mentiras contra os camponeses, primeiro às 12h48minh com a
matéria “Terror e destruição: Bando armado invade fazenda da família Miotto em
Monte Negro”, com o subtítulo “A propriedade fica localizada na Linha
C-25, Gleba Rio Alto, no município de Monte Negro, divisa com Buritis. A
fazenda pertence ao ex-deputado estadual Jair Miotto e irmãos, Miotto é pai do
prefeito de Monte Negro Junior Miotto”; às 13h35minh, Rondônia Vip
tenta colocar na boca do Superintendente do Incra a versão da polícia e do
latifúndio, com a matéria “Incra confirma que mortes na região do Vale
do Jamari ocorre por disputas internas, entre invasores”. Ou seja, o
latifúndio não tem nada com isso, e a culpa é da LCP (de maneira sorrateira RV
tenta colocar essa frase na boca do Superintendente do Incra); e às 20h40minh
Rondônia Vip termina sua “série de reportagens” com a matéria “Polícia
encontra corpo de integrante de bando que atacou a fazenda fluminense”.
Quem tiver estômago para ler o lixo de Rondônia
Vip vai se deparar com os camponeses sendo tratados como “bando de sem terra”,
“comparsa”, “invasores”, e todos os camponeses ou moradores da região que já
tiveram passagem pela polícia como “membro da LCP”, “integrante da LCP”, e por
aí vai, enquanto o ladrão de terras públicas, chefe de pistoleiros e
ex-deputado Miotto (e hoje no Brasil “deputado” é quase que um sinônimo de
ladrão, corrupto, sem-vergonha e sem-caráter) é tratado como legítimo
proprietário da Gleba em questão, mesmo que por diversas vezes camponeses e
advogados já provaram por mapas e documentos que se trata de área pública destinada
à “Reforma Agrária” que estão ocupadas ilegalmente pelo latifúndio, onde no
conjunto poderiam ser assentadas 4.000 famílias.
Outros sites, como Ariquemes 190 e o G1 do
Globo, reproduzem o Rondônia Vip, e em 04/01/2016 o G1 publica: “Suspeito
baleado por comparsa em ataque a Fazenda é encontrado morto”. Mas tem
mais: na sua sanha de proteger e inocentar o latifúndio e a Polícia Militar de
Rondônia, que dirigem os grupos de pistoleiros que aterrorizam a região, e
criminalizar, satanizar e atacar os camponeses, Rondônia Vip publica em
03/01/2016 a seguinte matéria: “Suspeito preso em Monte Negro pode ter
matado policial rodoviário federal (em 2010, grifo nosso) e ser integrante da
LCP”. Esse suspeito seria “integrante da quadrilha do Dé”, “o líder Dé
fugiu do Presídio Urso Branco...” “o bando é ligado à Liga dos Camponeses
Pobres”, “os policiais militares pediram que divulgassem a identidade desse
líder da LCP...”.
Mas é importante que não vejamos o trabalho
sujo de Rondônia Vip para acobertar os crimes do latifúndio (que vamos
responder a seguir) como um fato isolado, como a voz do latifúndio de uma
determinada região do país; a situação é mais grave, pois esse trabalho
criminoso é parte de um todo, como o demonstra a “reportagem especial” do
“Fantástico” exibida pela Rede Globo no último domingo (03/01). Nesta, o grande
problema pelo qual os camponeses aguardam anos na fila esperando por um pedaço
de terra para serem “assentados” é a ocupação irregular dos lotes já divididos
pelo Incra. Reportagem pífia, inconsistente e mentirosa, que para granjear
credibilidade mostra alguns casos que indignam qualquer pessoa, como o caso do
Delegado da Polícia Federal, do Procurador do Estado e do Assessor do Deputado
Vicentinho do PT que têm lotes que deveriam ser para os assentados, mas o
ataque mesmo é sobre milhares de camponeses que produzem nestes lotes sem a
devida regularização do Incra. Só mesmo a falida e desmoralizada Direção
Nacional do MST, que dirige o Incra em vários Estados há 13 anos, para
corroborar esta reportagem sob a falsa premissa de elogiar o trabalho da CGU e
combater as “irregularidades em assentamentos”. É muita velhacaria...
Sobre
tudo isso, eis a verdade:
1.
O jovem
camponês Lucas da Costa da Silva foi assassinado pelos pistoleiros que junto
com policiais militares a mando do latifúndio, compõe grupos de extermínio que
aterrorizam a região. São eles que invadem casas, prendem motos, fazem blitz
ilegais contra todos os moradores, fazem reintegrações de posse quando bem
entendem, matam e se escondem no guarda-chuva das gerências de turno Confúcio Moura/Dilma-PT,
que têm a frente na questão agrária o Ouvidor dos latifundiários Gercino José
da Silva.
2.
Além de
todo o processo histórico brasileiro, esse ataque aos camponeses acontece agora,
combinado com os ataques aos povos indígenas e aos remanescentes de quilombolas,
porque a gerência PT/PMDB/PCdoB, que aprofundou a desindustrialização, a
privatização e a desnacionalização do país, só têm o agronegócio e a mineração
para adquirir divisas, e desatou uma guerra contra o campesinato brasileiro, e
para o que demonizam, criminalizam e empreendem campanhas de extermínio contra
os movimentos combativos de luta pela terra com prisões, torturas e
assassinatos de lideranças.
3.
Se a
Rede Globo quer mesmo saber por que não têm Reforma Agrária, pergunte aos
Superintendentes do Incra de Rondônia, Pará, Mato Grosso, e outros estados do Norte,
porque o GOVERNO FEDERAL IMPEDE QUE ESTAS SUPERINTENDÊNCIAS ENTREM COM AÇÕES NA
JUSTIÇA PARA RETOMAR AS TERRAS PÚBLICAS QUE FORAM GRILADAS, QUE ERAM PARA SEREM
ASSENTAMENTOS E ESTÃO OCUPADAS POR LATIFÚNDIÁRIOS, como é o caso dos Miotto e
de outras centenas de latifúndios nesta região?
4.
Se a
Rede Globo quer mesmo saber por que não têm Reforma Agrária, porque não
pergunta aos Superintendentes do Incra de outras regiões do país, porque está
suspensa a desapropriação dos chamados “latifúndios improdutivos” como reza a
Constituição Federal? Perguntem a estes senhores, na grande maioria indicados
pela direção do MST, se eles não são orientados a só assentar famílias em
propriedades adquiridas pelo governo em comum acordo com latifundiários através
do decreto 477? Perguntem quantas famílias foram assentadas nos últimos anos?
5.
E se a
CGU quer mesmo saber por que tantos camponeses “vendem” lotes (eles são menos
de 10%), porque não verifica se o governo cumpriu com as suas obrigações com
estes assentados, em quanto tempo fez estradas, poços artesianos, escolas,
postos de saúde, liberou crédito, enfim tudo o que está previsto na mesma lei
da Constituição, nestas áreas que estão, segundo a CGU, ilegais. Estas famílias
não devem nada ao governo, muito pelo contrário. Estes gerentes de turno devem
a todos os assentados legais ou “ilegais” o TÍTULO DE PROPRIEDADE DA TERRA, que
já deveria ter sido entregue há muito tempo. Ninguém pode ser obrigado a viver
onde não têm condições de trabalhar. E ainda mais sob o “cativeiro” do Incra e
de direções mal intencionadas, que metem a mão nos parcos recursos que chegam
às mãos dos camponeses.
6.
Quanto
à Rondônia e ao Vale do Jamari, na audiência pública promovida pela LCP e pelo
CEBRASPO em dezembro de 2015 na UNIR, o Presidente da Comissão de Direitos
Humanos da OAB de Rondônia Rodolfo Jacarandá afirmou que, de 88 áreas
identificadas pelos órgãos do Estado como “áreas de conflitos” (nós chamamos de
áreas onde os latifundiários acobertados pelas forças policiais do Estado e
pelo judiciário cometem mais crimes contra a população), no máximo em 26 destas
foram identificadas a participação de “movimentos sociais” (nós chamamos de movimentos
políticos de organização do povo para lutar pela terra, e política não é ficar
nesse jogo eleitoreiro de PT X PSDB e Cunha x Dilma não).
7.
Quanto à
“violência” na região ser praticada por “disputas internas, entre invasores”, o
Rondônia Vip sabe do que fala. Pois foi assim que o latifúndio, os órgãos de
segurança do Estado na região, o Delegado Agrário Lucas Torres, o Ouvidor
Agrário Gercino José, a Ouvidora do Incra-RO e agente da Abin Márcia, o Major Enêdy
e outros conceberam o combate à organização dos camponeses da região. O “líder
de um bando” que era aliado da Liga, que depois era “líder da Liga” (afinal,
era aliado ou líder da Liga?), o Dé, NUNCA
FOI DA LIGA. Sua família, que foi acampada em Jacinópolis, respeitava os
companheiros da Liga, que contribuíram em muito para que centenas de famílias
da região, pela organização, se mantivessem em seus lotes. Mas o Dé sempre
sabotou a luta dos camponeses fazendo o jogo de gerentes de fazenda e
latifundiários, vivia da delinqüência até que num assalto a um carro que
transitava na 421, em uma troca de tiros, matou um policial rodoviário federal.
Foi preso e surpreendentemente escapou do Urso Branco. Dé, tanto antes como
agora, trabalha para a polícia em grupos de extermínio de camponeses. Podem
saber os honestos que lerem e divulgarem esta denúncia, que quando forem
revelados os assassinos de Zé Bentão, Renato Nathan, Élcio, Gilson, e outros companheiros
da Liga; e também os responsáveis pelos assassinatos de Terezinha e seu marido
(lideranças camponesas), os assassinos do jovem Lucas (camponês que lutava pela
terra) e quem desapareceu com Luiz Carlos da Silva, além muitos outros crimes, vão
aparecer entrelaçadas a mão do Estado, do latifúndio, destes grupos de
extermínio dos quais o Dé faz parte e a voz da Corja do Rondônia Vip. Que por
falar nisso é um serviço de quinta categoria que quer se passar por imprensa,
na tentativa de substituir os falidos e corruptos órgãos da imprensa marrom de
Rondônia como o “Estadão do Norte”, já completamente desmoralizado.
8.
Quanto
à tentativa de desmoralizar, demonizar e incriminar as vítimas, os camponeses,
neste caso o jovem Lucas da Costa da Silva, com as matérias de “invasão e
destruição de propriedades”, “bando”, “comparsa”, “membro da Liga”, etc., para
acobertar os crimes do latifúndio, isso só engana quem quer ser enganado.
9.
Quanto a
essa canalha ficar falando que todo mundo é da Liga e a culpa de todo mal é da
Liga, continuem. O feitiço vai virar contra o feiticeiro. As massas estão vendo
os crimes da canalha; estão comendo o pão que o diabo amassou vendo seus filhos
serem assassinados por tentarem trabalhar nessa crise e não virarem delinqüentes;
as massas estão vendo a roubalheira em Brasília, a corrupção e a degeneração
das altas esferas do Estado no Executivo, Legislativo e Judiciário; as massas
estão vendo o ódio com que nos atacam e as atacam, e certamente cada vez mais vão
abraçando nossos princípios de organização e de luta, um dos quais é de que “são
as massas que fazem a história, somente elas podem transformar”. E aos poucos
vão descobrindo que só elas podem acabar com toda essa podridão. E então todos trabalharão
em paz, ninguém precisará vender seus lotes, o latifúndio, a exploração e a
opressão não mais existirão. Todos terão de tudo, e muito!
10.
Lucas
da Costa da Silva, sua morte não será em vão. Você foi um entre os milhares de
camponeses, indígenas e quilombolas assassinados pelo latifúndio na gerência
oportunista do PT/Lula/Dilma/PMDB/PCdoB, governo de banqueiros, latifundiários
e transnacionais. Nem você e nem nenhum destes filhos e filhas mais honrados de
nosso povo serão esquecidos.
Terra para quem
nela vive e trabalha!
Morte ao
latifúndio!
Viva a
Revolução Agrária!
Comissão
Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
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