Camponeses foram sequestrados e mantidos presos em
fazenda
Desde
a manhã do dia 4 de setembro, Daniel Sfalsini e Paulo Sérgio, dois camponeses
do Acampamento Gilson Gonçalves estavam desaparecidos. O acampamento fica no
município de Chupinguaia-RO.
No sábado (5/09) diversas entidades já haviam
denunciado o desaparecimento preocupadas com a situação dos camponeses. Ontem (7/09)
pela manhã, uma missão de solidariedade composta de 20 membros de entidades de
defesa dos direitos do povo se dirigiu ao distrito de Boa Esperança para exigir
da Polícia Militar local, que prestasse informações sobre o paradeiro dos
camponeses, pois era sabido que viaturas da PM estiveram na sede da fazenda e
no acampamento na noite anterior ao desaparecimento. Os policias alegaram não
saber de nada e que não poderiam fazer nada sem autorização do comando do
Batalhão de Vilhena.
No
início da tarde a missão chegou na área do acampamento, para prestar
solidariedade às famílias, mas foi proibida de entrar por um homem que soubesse
depois era o genro do latifundiário (vulgo Katiça). Ele junto com outros homens armados vigiava a única
estrada de acesso ao acampamento.
Katiça
que ora se apresentava como “funcionário” e ora como da “família do patrão”
disse eu não sabia sobre o paradeiro dos
camponeses e também havia dito que o latifundiário Heládio Cândido Senn (Nego
Zen) estaria em outra fazenda. Mas a mentira tem perna curta. Primeiro porque jornalistas
da missão fotografaram o latifundiário ao lado de uma caminhonete ouvindo a
conversa de longe. Também foram fotografados 3 veículos que haviam sido
denunciados de participar do desaparecimento dos camponeses. Segundo que a
noite os advogados, familiares e entidades receberam a informação que os dois
camponeses haviam sido resgatados pela policia de Boa Esperança na sede da
fazenda de (Nego Zen).
Os
camponeses sequestrados foram ouvidos ainda ontem na delegacia de Vilhena e
tiveram o primeiro contato com familiares e advogados.
Nego
Zen “pioneiro” de Vilhena, responde a dezenas de processos na justiça
trabalhista, agora deve responder também por sequestro, formação de quadrilha, cárcere
privado e tortura. Diversas entidades estão tomando as medidas para que sua
prisão seja decretada. Também vão pedir que a Ouvidoria Agrária e Comando Geral
da PM tomem providencias em relação a possível
participação de policiais militares no sequestro dos camponeses e de sua
atuação com bandos armados.
Famílias resistem ao cerco de bandos armados
Acampados
que conseguiram furar o cerco e sair do local, relataram que dezenas de
disparos de armas de fogo foram efetuados durante três noites seguidas pelo
bando armado que cerca o acampamento. A preocupação é com as famílias e
crianças que estão acampadas na área e precisam de alimentos, roupas, remédios
e utensílios de cozinha, pois tiveram seus pertences roubados pelos capangas do
latifundiário.
Uma
nova Missão de solidariedade será organizada nos próximos dias para arrecadar
todo o material necessário e prestar apoio as famílias que seguem acampadas e
que depois desta vitória estão ainda mais decididas a tomar e cortar as terras.
Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia
Ocidental
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