domingo, 18 de mayo de 2014

Declaração da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo-Brasil acerca da atual situação na Ucrânia.



Proletários e povos e nações oprimidas de todo o mundo, uni-vos!


Declaração da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo-Brasil
acerca da atual situação na Ucrânia

Abaixo a guerra imperialista de partilha do Terceiro Mundo!
Viva a Guerra Popular de libertação contra o imperialismo!

O USA tem estabelecido, ao longo do mundo, centenas de bases militares num grande número de países. O território chinês de Taiwan, o Líbano e todas as bases militares dos USA nos territórios estrangeiros são como cordas no pescoço do imperialismo norte-americano. São os próprios norte-americanos e ninguém mais, os que fabricaram essas cordas, botaram-nas no pescoço e entregaram suas pontas ao povo chinês, aos povos árabes e aos demais povos do mundo, que amam a paz e se opõem à agressão. Por mais tempo que os agressores norte-americanos permaneçam nesses lugares, mais irão se apertando essas cordas em torno de seu pescoço”.

Presidente Mao Tsetung

O golpe de Estado na Ucrânia financiado pelos imperialistas norte-americanos e da União Europeia e dirigido por seus serviços de inteligência (CIA e FBI/USA, BND/Alemanha, DGSE/França, MOSSAD/Israel, etc.) desatou a mais negra onda fascista naquele país, desde sua ocupação pelas hordas sanguinárias de Hitler em 1941. Os grupos neonazistas no governo títere de Arseny Yatseniuk, como Pravy Sector (Setor Direito), sob a histeria xenófoba anti-Rússa, está cometendo as maiores atrocidades, torturas e assassinatos com requintes de crueldade contra membros do governo deposto, mas principalmente de democratas e comunistas.

Repudiamos com toda veemência a celerada e bestial sanha destes êmulos do imperialismo e saudamos a bravura dos combatentes antifascistas ucranianos e seus mártires, que honram com selo de ouro o heroico legado do grandioso povo soviético ucraniano, que ao preço de milhões de vidas de seus melhores filhos, expulsou os bandidos nazistas do solo da pátria soviética e os esmagou no seu covil em Berlin, após quase 5 anos de sangrenta guerra.

A ofensiva ianque

O imperialismo ianque desencadeou nova ofensiva por consolidar a sua condição de superpotência hegemônica e única no mundo, para o que necessita subjugar a Rússia. Neste objetivo lançou provocações e distúrbios nos países e áreas de influência do imperialismo russo, tais como Síria, Venezuela e Ucrânia. No mesmo objetivo mantém constantes provocações e agressões realizadas de forma direta ou indiretamente em outras zonas do Oriente Médio, na península coreana e na América Latina.

Esta ofensiva é parte dos planos estratégicos do imperialismo ianque que, vivendo sua maior e mais profunda crise, busca de todas as formas socavar a condição de superpotência atômica que Rússia ainda mantem e lhe obstrui o domínio total. Lançando ofensivas contra suas zonas de influência a fim de desestabilizar nelas sua presença, controle político, econômico e militar, tem agudizado as contradições interimperialistas e a luta por nova partilha imperialista de zonas inteiras da Europa, Oriente Médio e América Latina. Como produto da crise imperialista e das suas políticas de enfrenta-la a escalada da guerra imperialista e as contradições que esta engendra têm se desenvolvido rapidamente a níveis tormentosos.

A aparente solução apresentada na questão Síria, através do acordo de capitulação nacional proposto por Rússia e assinado por Assad, de desmantelamento do arsenal de armas químicas do Estado Sírio, ademais de debilitar a defesa do povo sírio, não fez mais do que acumular contendas maiores e mais profundas, como agora manifesta-se na questão ucraniana, venezuelana e como se segue na própria Síria. Tais acordos entre imperialistas repetem a velha “política de apaziguamento” que Inglaterra e França aplicaram frente à agressiva ação de Hitler sobre outros países da Europa no final dos anos de 1930. É como dar sangue aos leões, só serve a insuflar a sanha voraz belicista do imperialismo para a partilha do mundo.

Nestes três países e outras regiões do mundo, o imperialismo ianque está manejando amplamente o conceito de guerra de baixa intensidade, utilizando diferentes frações das classes dominantes locais e grupos de poder de acordo com as condições concretas de cada país. Maquina provocações para desviar as massas da verdadeira luta de libertação nacional, dividindo-as e não raramente lançando massas contra massas, empurrando-as a tomar parte de uns dos lados dos imperialistas em pugna. Ocultando a verdadeira contradição entre nação e imperialismo essas ações subversivas atiçam as massas a guerras fratricidas. Guerras insufladas pelo ufanismo, chauvinismo, nacionalismo estreito e pelo fascismo (também em sua forma populista, como se apresenta na América Latina) dos diferentes partidos e organizações nazistas, como no caso da Ucrânia e da Criméia, principal palco agora dessa ofensiva do imperialismo ianque.

Uma vez mais o imperialismo ianque está com sua contrapropaganda qualificando milícias fascistas e bandos mercenários como “lutadores pela liberdade”, com o objetivo de promovê-los a direção da luta das massas que almejam o fim de regimes de exploração e opressão e mesmo a dominação imperialista e uma verdadeira democracia e independência nacional.

Essas Guerras de Baixa Intensidade (GBI) têm sido amplamente utilizadas para criar um ambiente de instabilidade e desordem, servindo de esteira para fazer saltar estes conflitos a outros níveis, fomentando a guerra civil com o objetivo de dividir para impor seu domínio, deslocando a influência de seus oponentes, através da balcanização de nações e países, tal como se passou com Iugoslávia e agora está em marcha na Ucrânia e região.

O golpe de Estado fascista na Ucrânia agravará a crise imperialista

Só a revolução proletária pode tirar Ucrânia da mera condição de butim da disputa entre o imperialismo russo e o do USA/UE, derrotar o fascismo, conquistar sua independência, assegurar verdadeira democracia e reconstruir o socialismo. O levantamento do povo ucraniano desenvolveu-se como expressão da contradição entre as amplas massas populares e o velho estado burguês-burocrático e serviçal do imperialismo, principalmente russo. As amplas manifestações populares de repúdio às políticas do governo Victor Yanukóvich, surgidas no final de 2013, foram impulsionadas pelo deterioramento acelerado das condições de vida das massas nos últimos anos.

Assim, a natureza da luta do povo ucraniano é incontornavelmente a da luta contra a dominação imperialista e seus regimes e as suas manifestações, identificadas com a potência, até então dominante principal no país, a Rússia, é também contra as tentativas do imperialismo ianque de subtraí-lo para subjugar o povo e a nação. O imperialismo ianque, através das frações da grande burguesia local e diretamente através de seus agentes de inteligência e terceirizados, explora estas contradições de modo a desviar as manifestações e a atenção das massas noutra direção, estimulando todo tipo de ideologia ufanista, de um nacionalismo estreito e xenófobo, para atrair e enganar grupos ativistas e catalisar os sentimentos das massas a serviço de seus interesses.

O USA impulsionou o partido nazista Svoboda (Liberdade), que após a deposição de Victor Yanukóvich, assumiu cargos estratégicos no governo, como o Ministério da Defesa (Igor Tenyukh), o Vice-ministério para Assuntos Econômicos (Aleksandr Sych), o Ministério da Agricultura (Igor Shvaika), o Ministério da Ecologia (Andriy Moknyk), a direção do Conselho Nacional de Segurança (Andry Parubiy), a Procuradoria Geral de Estado (Oleh Makhnitsky) e o Ministério da Educação (Serhiy Kvit).

O Svoboda foi fundado em 1991 e surgiu como o sucessor da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (ONU). Fundado por Stepan Bandera, notório nazista ucraniano, o Svoboda tem suas raízes na contrarrevolução após a grande Revolução Bolchevique de Outubro 1917. Após a vitória do proletariado na Rússia em 1917, o Svoboda fora mantido e impulsionado enquanto força terrorista pelos imperialistas ingleses e ianques contra o então, recém instaurado, Poder Soviético. Com a arremetida nazista contra a URSS, em 1941, a “ONU” foi o principal pilar de sustentação da ocupação nazista e Stepan Bandera foi o principal aliado do regime nazista de Hitler na Ucrânia, chegando a dirigir dois batalhões que se fundiram às SS nazistas contra a União Soviética, durante a Segunda Guerra Mundial. Durante o governo de Victor Yuschenko, em 2010, Stepan Bandera foi condecorado como herói nacional, medida revogada por Victor Yanukóvich e que deve ser restabelecido pelo Svoboda no poder.

A ascensão ao governo das forças fascistas e pró-USA/UE não representou o triunfo das massas rebeladas contra o governo de Yanukóvich pró-russo, mas sim a traição às suas aspirações de libertação nacional e social. Estas forças, verdadeiras marionetes do imperialismo ianque e da UE, foram catapultadas à condição de “liderança das manifestações” e logo ao chegar ao poder revelou sua verdadeira natureza fascista e pró-imperialista. As maquinações do USA/UE, utilizando-se dos tão conhecidos operativos de inteligência em combinação com organizações fascistas, tal como execuções de manifestantes e de policiais, através de franco-atiradores, para criar comoção e gerar opinião pública interna e no exterior favorável aos manifestantes, justificar suas ações e legitimar a direção fascista escondida numa máscara revolucionária, que somente os trotskistas, ademais do imperialismo faz coro.

A euforia das massas ante a uma aparente vitória com a derrubada de Yanukóvich, foi rapidamente substituída pelo terror com o soar tenebroso do fascismo que está, mais uma vez, sob os céus da Ucrânia, marcando uma nova fase da dominação imperialista sobre ela e seu povo. O primeiro ato do novo parlamento com a abolição da língua russa – falada por grande parte da população – como idioma oficial, além dos acordos escusos firmados com as potências imperialistas da União Europeia e USA, prenunciaram uma nova era de rapina contra o país e o povo. Esta situação está favorecendo a predicação por setores de grande burguesia de que a única saída é se unir com a Rússia, tal como se passou na Crimeia, onde a imensa maioria da população aprovou a sua anexação à Rússia.

Por sua vez, o tirano Putin, encarregado pelos imperialistas russos de os defender por todos os meios das investidas do imperialismo ianque e europeu, está utilizando a retórica da luta contra o fascismo e do grande prestígio da URSS na Grande Guerra Pátria. Além do que, está fomentando o sentimento ufanista “Grã-russo” e “Pan-eslavista”, a fim de amalgamar os justos sentimentos das massas agredidas pelo imperialismo e o fascismo, escondendo seu caráter imperialista e justificar sua participação na nova partilha mundial, sob a cobertura de defender os cidadãos russos e proteger as ligações culturais e históricas de Rússia e Ucrânia.

Nesta tarefa, Putin está auxiliado por toda correia de transmissão dos falsos partidos “comunistas” revisionistas no mundo, a começar pelo Partido Comunista da Federação Russa de Guenady Ziuganov, que estão utilizando as imagens e estátuas dos grandes Lenin e Stalin, dos símbolos e da história gloriosa da URSS e um suposto retorno a ela. Na verdade manipulam bandeiras para se servir do forte sentimento pelo passado grandioso e soberano da URSS socialista, que cada dia mais, toma conta das massas das ex-repúblicas socialistas afundadas na podre sociedade capitalista atual, para iludi-las com um canto de sereias para leva-las a aceitar a subjugação nacional que os monopólios russos escodem por trás das encenações de Putin, tal como foi a parada do 9 de maio, dia do histórico triunfo da Grande Guerra Pátria comandado pelo grande Stalin.

Também o revisionista Partido Comunista da Ucrânia (KPU), que desde a restauração capitalista de finais dos anos de 1950 passou a servir ao poder da URSS social-imperialista e que, com o fim desta, prosseguiu dando suporte direto à dominação da grande burguesia ucraniana e do imperialismo russo, representado por Yanukóvich e o Partido das Regiões. O KPU revisionista tem sido um inimigo declarado do povo ucraniano, que deve ser desmascarado, para liberar toda a energia revolucionária das massas na revolução de libertação nacional e socialista.

Inevitáveis consequências da restauração capitalista

Toda esta situação, a que foi conduzida a Ucrânia, é parte dos trágicos desdobramentos da ação revisionista traidora de Kruschov e sua camarilha no XX Congresso do PCUS, em 1956, do golpe de Estado que a ele se seguiu e a decorrente restauração capitalista de toda a URSS. Logo a partir de então, as justas relações entre as Repúblicas Soviéticas da Rússia e da Ucrânia, guiadas pelo internacionalismo proletário e pelo direito fraterno à autodeterminação dos povos, construídas pelo socialismo, com a restauração converteram-se na mais vil política chauvinista de ‘Grande Rússia’ social-imperialista e logo de subjugação nacional e rapina da atual Ucrânia e demais ex-Repúblicas Soviéticas pela Rússia imperialista de Putin, principalmente.

Por isto mesmo, o fascismo que agora se apresenta abertamente, não estava em oposição a uma apregoada “natureza democrática” do Estado ucraniano durante do governo de Victor Yanukóvich. Muito ao contrário, é a continuação direta da restauração capitalista e da política de subjugação ao poder chauvinista “Grã-russo” dos que se adonaram do poder com a restauração capitalista. O fascismo que antes se achava encoberto, agora é revelado como contrarrevolução armada, para aferrolhar e submeter as massas levantadas e ao mesmo tempo, através de outras frações da grande burguesia local, passar das mãos do imperialismo russo às do imperialismo do USA/UE, numa nova fase de subjugação nacional, determinada pela nova partilha que está se desencadeando.

Contudo e apesar da ascensão ao governo do país do fascismo declarado e das terríveis consequências que acarreta para o povo e a nação, a derrubada de Yanukóvich abriu uma nova fase da luta do povo ucraniano contra a dominação imperialista, seja a russa ou das potências ocidentais. O sentimento patriótico de independência e o orgulho tão grandioso, como foi o da resistência contra o nazifascismo na Grande Guerra Pátria, pode levar a uma nova situação no movimento revolucionário no país. Nele, a esquerda pode avançar, mobilizando o povo no combate ao fascismo e para romper também com as ilusões reformistas dos revisionistas da pura e simples troca de amo imperialista, batendo-se pela conquista da completa independência nacional.

Esta situação impõe a necessidade de forjar a direção proletária, reconstituindo no fogo da luta revolucionária o Partido Comunista bolchevique, único capaz de levar a luta anti-imperialista e antifascista de forma consequente até o fim e varrer definitivamente a dominação imperialista russa, ianque ou qualquer outra. Isto será possível através da formação da frente única anti-imperialista e antifascista e, através da guerra popular, construir o novo poder de libertação nacional e para a reconstrução do socialismo na Ucrânia. Frente única baseada nas massas de operários e camponeses e a pequena-burguesia, bem como as demais forças democráticas. Os verdadeiros revolucionários ucranianos devem exigir do KPU a renúncia completa de suas posições caudatárias do imperialismo russo para que integre a frente única anti-imperialista e antifascista. No curso da luta o Partido Comunista reconstituído tem que conquistar a hegemonia para o proletariado para conjurar o perigo de capitulação na frente única diante às diferentes manobras dos inimigos no complexo cenário de disputas interimperialistas e para assegurar o rumo e o triunfo da revolução.

Crise imperialista, nova partilha, guerra mundial e revolução

Estas disputas, lutas e crises políticas não são episódicas e se inserem em um amplo contexto das confrontações no mundo, em decorrência do aprofundamento geral da crise do imperialismo, com a agudização de todas as contradições fundamentais da época: entre nação/povos oprimidos e o imperialismo, entre proletariado e burguesia, e entre os próprios países imperialistas. A principalidade da contradição entre nação/povos oprimidos e imperialismo reafirmou-se com o aumento das guerras de rapina lançadas por várias potências imperialistas, por um lado, e por outro, pelo crescimento das lutas de resistência e guerras de libertação dos povos. A profundidade e gravidade da crise do imperialismo está revelando, cada dia mais, que as contradições interimperialistas não podem ser resolvidas simplesmente pelos meios diplomáticos, da chantagem e das ameaças da superpotência USA e está se impondo a necessidade de uma nova e mais profunda partilha do mundo. Os acontecimentos estão resvalando pelo sinistro caminho de uma nova guerra mundial, situação dentro da qual se agudiza a luta de classes à escala internacional com as lutas de libertação social e nacional, como desenvolvimento de uma nova onda da revolução mundial.

A condição de superpotência hegemônica única do USA definiu-se sem guerra imperialista mundial, mas com a primeira guerra do Golfo em função do colapso da URSS social-imperialista, no princípio dos anos de 1990. Com o fim do sistema originado no “Tratado de Postdan”, restaram vastas zonas como butim da partilha imperialista, principalmente o Leste Europeu, que passaram a ser repartidas e açambarcadas entre USA e as potências da Europa Ocidental, segundo o interesse e força dos contendentes. O imperialismo ianque veio preparando sua ofensiva desde os anos de 1980 com Reagan e a chamada ‘Guerra nas Estrelas’, ampliando aceleradamente o estabelecimento de mais e mais bases militares e zonas de controle mundo afora. Porém não pôde completar seu objetivo de domínio total dada à condição de superpotência atômica que a Rússia seguiu mantendo, mesmo debilitada economicamente.

E sobre esta base pôde o USA impulsionar sua ofensiva contrarrevolucionária de caráter geral. Ofensiva que se arrancara nos anos de 1980, com as ações do revisionismo com Gorbachov e sua perestroika à cabeça, iniciativa com qual convergiu o USA, no objetivo de alcançar sua hegemonia única e conjurar o desenvolvimento das Guerras Populares no Mundo, principalmente a do Peru que atravessara invencível os anos de 1980. Percorrida uma década apenas (anos de 1990) e tal ofensiva contrarrevolucionária geral apontava para o declínio, ao manter-se a guerra popular no Peru e de outras serem impulsionadas no mundo, inclusive com a retomada da resistência armada do povo palestino e a persistência da luta de libertação do Afeganistão e do Iraque, países os quais pensava subjugar e apaziguar com sua versão blitzkrieg por ar, mar e terra. Ao contrário de uma vitória demolidora e rápida, cresceram as resistências dos povos, os ianques e aliados europeus caíram no atoleiro, a economia do USA não se levantou e nos anos seguinte eclodiu em crise, agravando-se mundialmente e se arrasta até os dias atuais. Ainda assim, a nova ofensiva planejada pelos ianques e desatada com as maquinações de 11 de Setembro de 2001, com as quais também não pôde deter a crise financeira-econômica do sistema imperialista. Ao contrário, têm agudizado todas as contradições fundamentais da época, impondo necessidade de nova e mais profunda partilha como saída. Nova partilha que o USA maneja como necessidade para a consolidação de sua condição de superpotência única e hegemônica e impor seu domínio total no mundo. Objetivos que passam, em primeiro lugar e principalmente, por subjugar Rússia, mas também por deter o avanço das guerras de resistência nacional e guerras populares, bem como do desencadeamento de novas.

E é exatamente nesta direção que os atuais acontecimentos estão marchando na política mundial, especialmente com a situação que se desenrola na Ucrânia, mas não somente. O USA está maquinando e movendo operativos para mudar a configuração da dominação mundial, pressionando as áreas de influência do imperialismo russo para varrê-lo. São ações para mantê-lo sob permanente tensão, desestabilizá-lo e debilita-lo ainda mais economicamente. São ações, particularmente, voltadas a reduzir a dependência da Europa Ocidental do petróleo e gás russos e aumentar o seu controle sobre ela, neutralizar a condição de superpotência atômica da Rússia e subjuga-la. Tal como é parte deste plano o objetivo de criar o mapa de “um novo grande oriente médio”, sem qualquer influência da Rússia na região para dominar posições militarmente estratégicas, controlar fontes de energia e aplastar os movimentos armados de libertação nacional. São passos cujos operativos há muito já estão em curso. Controlando amplas fontes de recursos naturais e bases estratégicas, apontando retomar o Irã, perdido em 1979, lança ofensiva de cerco sobre Rússia, para atacar suas posições em seu próprio território.
Nessa nova partilha que se desencadeia, as diferentes potências se posicionarão, cada dia mais, segundo sua condição econômica e militar partindo da situação atual, em meio à profunda crise que atravessa o imperialismo. Dentro disto, em torno dos dois principais contendores, USA e Rússia, as demais potências imperialistas irão se posicionando segundo as possibilidades de conjurar o seu próprio enfraquecimento e de como aumentar sua capacidade e elevar sua posição no campo imperialista. Dentre os dois principais contendores Rússia é o mais fraco, sua base econômica segue frágil assentada na exportação de matérias primas, gás, petróleo, armamento, é dependente da importação de produtos manufaturados de toda ordem, bem como carente de capitais frente a brutal competição imperialista. Apesar de que teve relativa recuperação de sua condição política nos anos 2000, preservando sua condição de superpotência atômica, dez anos após o colapso da URSS em que reestruturou o sistema de Estado e de governo, enfrenta crescentes gargalos em sua economia, na manutenção e desenvolvimento do seu arsenal de guerra e dos contingentes militares. Seu objetivo é manter suas semicolonias e esferas de influência, buscando expandi-las para defender sua base estratégica principal, seu próprio território e seu entorno conformado pelos países da antiga URSS e estreitar mais e mais as relações e compromissos mútuos com China social-imperialista.

Os dois principais contendentes estão alertando de que um passo adiante da outra parte trará sérias consequências. Ainda que novos acordos terão lugar no curso do agravamento da crise, todos os acontecimentos estão servindo de acúmulo para contendas maiores, seus desdobramentos dependerão como irão agudizar-se mais no curto e médio prazos. Expressão da manipulação dessas ideologias “grã-russa” e “pan-eslavista” Putin afirmou, em seu discurso oficial sobre a anexação da Criméia, que os russos são um dos maiores, senão o maior, grupo étnico do mundo divididos por fronteiras. Por sua vez, o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Exércitos estadunidenses, Martin Dempsey declarou: “Temos compromissos perante os nossos aliados da OTAN. Assim, quero lhes assegurar que, caso surja uma situação que nos obrigue a cumprir esses compromissos, reagiremos”. O general acrescentou que se permitir à Rússia intervir em um Estado soberano, sob pretexto de proteção da minoria étnica da Ucrânia, toda a região do Leste Europeu e os Bálcãs ficará ameaçada de desestabilização. O USA está “sugerindo” a entrada da Ucrânia na OTAN, que seria passo decisivo para a instalação de seus escudos antimísseis naquele território, parte de seu objetivo de construir um amplo escudo antimísseis, neutralizando a capacidade ofensiva atômica russa.

Na correlação de forças nas três frentes dessa sua ofensiva, a Ucrânia é o fiel da balança, no qual o USA já ganha vantagem pela grande desestabilização criada, que deslocou o domínio russo da maior parte daquele território. Porém isto pode despertar outras forças e desencadear reações e processos diversos que venham convulsionar toda essa grande região, afetando rapidamente Europa Ocidental. Esta situação não é diferente da do Oriente Médio, Leste Europeu e também do Cáucaso. Em outras regiões do mundo, como no Sul da Ásia e América Latina, conflitos de mesma natureza apresentam-se de forma e em níveis distintos, como está se desenvolvendo a crise na Venezuela. Se por uma razão ou outra fracasse o jogo diplomático da imposição do acordo que está exigindo USA, a situação derrapará para a guerra em nível e magnitude novas. De qualquer forma, acordos que venham a surgir destas pugnas, só poderão agudizar mais ainda todas as contradições, provocando novos e maiores distúrbios, nos quais ou a revolução eclodirá e se desenvolverá conjurando a guerra mundial imperialista, ou caso a guerra mundial estale, ela atiçará, por sua vez e inevitavelmente, a revolução.

USA e Rússia possuem interesses vitais nos acontecimentos da Ucrânia: para o USA porque é parte essencial de seus planos estratégicos de cercar e derrotar a Rússia em seu próprio território. Nestas condições Rússia se apresenta para o USA como o principal inimigo a ser batido, sendo este seu objetivo estratégico principal. Situação que configura a nova partilha imperialista como única saída para o USA soerguer sua economia, em meio à profunda crise geral e consolidar seu domínio mundial. Já para Rússia manter Ucrânia pelo menos dividida, podendo controlar parte de seu território é chave para impedir, pelo menos no curto e médio prazos, sua subjugação pelo USA, através do cerco militar e do estrangulamento comercial-econômico.
Sobre o território ucraniano está sendo desenhada a linha vermelha de uma nova Guerra Imperialista Mundial. Todos estes desdobramentos, mesmo diante da possibilidade de horrores indescritíveis que uma nova guerra imperialista mundial represente, só confirmam a natureza reacionária e sanguinária do imperialismo, revelando o grau avançado de sua decomposição e sua condição de tigre de papel. São nestas condições objetivas e em luta contra ela por uma nova ordem revolucionária mundial que os povos de diferentes partes do mundo estão se levantando uns e se despertando outros. Isto é, em último termo, o desenvolvimento do processo de afundamento geral em que se encontra o imperialismo, processo também de seu arrasamento completo pela revolução mundial, cuja situação se desenvolve de modo desigual, sendo sua base os países do Terceiro Mundo.

A necessidade da linha de classe na luta contra o imperialismo em meio da sua partilha

Respectivamente, em Venezuela e Síria, Maduro e Assad, tal como Yanukóvit na Ucrânia, não representam as massas populares e nem mesmo a burguesia nacional (média burguesia). Como passou com Muamar Kadafi da Líbia e Mahmoud Ahmadinejad do Irã, a sua época, estes governos e regimes representam a grande burguesia burocrático-compradora local e latifundiários, em particular sua fração burocrática, serviçal e completamente submetida ao imperialismo russo, principalmente. A contradição do imperialismo ianque com estes regimes não está em suposta contradição de classe ou destes serem supostamente regimes revolucionários, anticapitalistas ou mesmo reformistas burgueses.

Do ponto de vista de classe e do gerenciamento econômico não há contradição alguma entre eles e o imperialismo ianque, são regimes cujos Estados são expressão do poder político da grande burguesia e latifundiários e magnatas locais, mas sim por serem regimes e esferas de influência do imperialismo russo. E é esta a condição que impossibilita o açambarcamento geral pelos monopólios, principalmente norte-americanos, e bloqueia o domínio completo mundial do imperialismo do USA e particularmente da consolidação de sua condição de superpotência hegemônica e única. Ou seja, é a contradição interimperialista que se agudizou formidavelmente com o agravamento da crise geral imperialista, a qual está cobrando nova partilha do mundo para o sistema sair adiante.

Apesar destes regimes e seus mandatários sustentarem uma retórica de resistência contra a iminente agressão estrangeira, mantêm-se no fundamental enquanto partidários da ‘teoria da subjugação nacional’. Teoria e política, segundo a qual, não é possível para um país atrasado e seu povo alcançar a independência nacional e o progresso sem submeter-se a uma ou outra potência estrangeira, isto está evidente no papel lacaio frente ao imperialismo russo. Nisto são apoiados por partidos revisionistas e mesmo por posições oportunistas de partidos revolucionários, que se servem do peregrino argumento de que se trata de aproveitar as contradições no campo do imperialismo a favor da independência nacional e da revolução.

Nestas condições, os verdadeiros revolucionários devem mobilizar as massas populares, exigindo dos governos destes países que reclamam contra o imperialismo ianque a promoção da democracia para as massas, com a libertação dos presos políticos democratas e revolucionários, a cessação das perseguições contra os revolucionários e o armamento geral da população. Da mesma forma, todos os partidos que dizem se opor às agressões e provocações do imperialismo do USA nesses países, devem romper por completo com sua linha nacionalista-chauvinista e de apoio ao imperialismo russo. Por sua vez, a necessária frente anti-imperialista e antifascista somente poderia conquistar uma vitória decisiva para o povo na condição de que o proletariado, através de seu partido revolucionário, conquiste a sua direção para fazer a guerra de libertação de forma resoluta, impedir a capitulação dos vacilantes e assim completar a luta contra o imperialismo com a Revolução de Nova Democracia e transitar ininterruptamente ao socialismo.

Nos conflitos em curso, como parte da nova partilha que se desencadeia, estão jogando três forças: 1) o imperialismo ianque como superpotência hegemônica única juntamente com outras potências, como as da UE no caso da Ucrânia, além de seu governo títere e demais forças reacionárias locais, e no caso da Síria com o apoio do Estado sionista de Israel e dos governos reacionários da Turquia, Arábia Saudita, etc., e hordas mercenárias; e no caso de Venezuela contando com uma oposição marionete sua, setores abastados das classes médias e operações de provocação e terrorismo aplicadas pelos serviços de inteligência, coordenados pela sua embaixada e apoio da burocracia da OEA; 2) o imperialismo russo com o apoio de governos subalternos, como no caso de Síria e Venezuela, bem como dos partidos revisionistas; e 3) as verdadeiras forças anti-imperialistas democráticas e revolucionárias ainda débeis, dispersas e sem uma direção proletária. A disputa interimperialista se agudiza em função da profundidade da crise geral do sistema que cobra nova partilha do mundo sendo o butim principal o Terceiro Mundo como saída dessa crise. Isto significa que o Primeiro Mundo está impondo redefinição, a qual implica alinhamento dos países do Segundo Mundo em torno dos dois principais contendentes, o imperialismo ianque por um lado e o imperialismo russo por outro.

Os países do Terceiro Mundo, sendo o butim da disputa e partilha do mundo pelos imperialistas é base da revolução mundial. Em todos eles de modo geral e segundo cada particularidade, devem desenvolver seus partidos comunistas maoístas, constituí-los ou reconstituí-los onde o oportunismo e o revisionismo ainda impera no movimento operário-popular, para conformar e dirigir a frente única revolucionária das classes oprimidas pelo imperialismo, onde ainda também não estão organizadas, apoiar as guerras populares e as guerras de libertação nacional, desencadeando-as onde elas ainda não são realidade, para destruir os regimes lacaios do imperialismo com a revolução de nova democracia, ininterrupta ao socialismo. Esta é a tarefa incontornável dos revolucionários hoje nos países, principalmente nos que são palco de agressões abertas do imperialismo, palco da pugna interimperialista, que faz agudizar formidavelmente a contradição principal entre países oprimidos e imperialismo, podendo mesmo passar a uma agressão direta do imperialismo ianque e outros.

Tal situação exige para o proletariado e as massas populares, da mesma forma que nas outras zonas de conflito, a única linha marxista possível, a de constituir-se uma verdadeira frente única patriótica anti-imperialista e antifascista, a qual depende de firme direção proletária, demandando o partido comunista marxista-leninista-maoísta para impulsionar um verdadeiro levante popular, a guerra popular prolongada expulsar o imperialismo e esmagar seus lacaios, com vistas a generalizar-se no futuro como guerra popular mundial para derrotar a guerra imperialista mundial.

Abaixo a guerra imperialista de partilha na Ucrânia e em todo o mundo!
Viva a resistência anti-imperialista e antifascista!
Morte aos fascistas da Ucrânia e região!
Abaixo o imperialismo ianque, europeu e russo!
Viva a guerra popular de libertação nacional!

Brasil, maio de 2014

Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo – Brasil

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