Em Cabixi, camponeses sofrem patrulha abusiva da polícia comandada pelos fascistas Confúcio e Ênedy
Camponeses do Acamamento Igarapé Preto denunciaram que no último dia 26
de março, 8 policiais das polícias militar e de fronteira, em duas
viaturas, realizaram blitze abusiva no entorno do acampamento. De forma
agressiva eles abordaram quem passava na estrada e tentaram humilhar e
intimidar dizendo calúnias e ofensas do tipo: “São vocês que estão indo
levar dinheiro para manter o acamamento de pinga?”, “Então você faz
parte daquela máfia, daquela bandidagem, daqueles vagabundos?” Toda esta
ação criminosa ocorreu em frente a uma igreja de uma área de posseiros
vizinha ao acampamento e assustou os moradores que assistiam à missa.
Quatro camponeses foram levados para a delegacia e liberados em seguida.
Segundo notícia na imprensa vendida, um deles estava portando um
revólver. Nenhuma palavra sobre os bandos de pistoleiros que atuam a
serviço dos latifundiários da região. E como sempre, a polícia não
vistoriou as sedes dos latifúndios, provando mais uma vez que o
governador Confúcio Moura (PMDB) e o comandante geral da PM Ênedy Dias e
suas tropas são cães de guarda do latifúndio em Rondônia.
Latifundiário, gerente e pistoleiros da fazenda acumulam crimes, mas seguem impunes
Os camponeses do Acampamento estão lutando pela fazenda Igarapé Preto /
Pontal do Cabixi, conhecida como Codrasa, de15.241 hectares, localizada
no município de Comodoro (MT). Sabe-se que antes da fazenda, as terras
eram se seringueiros. Léo Manieiro, empresário que mora em Cajamar/SP, é
quem se diz o dono da fazenda. Comenta-se na região que o gerente da
fazenda transformou-a num ponto de tráfico. Anos atrás, o Exército
encontrou uma pista de pouso, droga, arma e avião escondidos no mato,
fato inclusive noticiado na imprensa.
Também há denúncias de ex-funcionários da fazenda que não receberam
direitos trabalhistas. E que Léo Manieiro também tinha uma mineradora no
estado de São Paulo, onde igualmente não pagou direitos trabalhistas
aos funcionários.
Em novembro de 2008, o Incra realizou uma vistoria preliminar, onde consta: “Por
estar em faixa de fronteira, cabe à União (Incra) verificar se os
títulos dominiais que deram origem ao imóvel foram expedidos
corretamente. MT efetuou milhares de alienações e concessões de terras
devolutas na faixa de fronteira, comumente denominadas de 'a non domino' daí porque carecem de convalidação estabelecida na lei 4947/66.” A fazenda faz fronteira com a Bolívia.
Em audiência em Comodoro, o gerente Silvino afirmou que a fazenda tinha
apenas 30 alqueires de pasto formado, o resto era de pasto nativo, e que
tinha apenas gado arrendado. A vistoria confirmou, atestando se tratar
de grande propriedade improdutiva, com apenas 219 novilhas, 5 equinos, 6
asinino, 2 muares. Mas terminou dando parecer contrário à
desapropriação do imóvel para reforma agrária.
Vizinhos comentam que os técnicos do Incra sequer foram na fazenda fazer
a vistoria, ficaram churrasqueando numa fazenda vizinha, acompanhados
da PF e Exército. Foram apenas numa parte da fazenda, uma ilha, onde
acharam muitas armas. Policiais federais não quiseram apreendê-las,
alegando não estarem ali para isso e os soldados do exército foram
coniventes. O caseiro comentou sobre isso na cidade e cerca de 3 dias
depois, apareceu morto. A conclusão dos camponeses é que o parecer foi
contrário à destinar as terras para reforma agrária para favorecer
outros latifundiários vizinhos que já vinham tentando grilar as terras
de Léo Manieiro para incluí-las em suas propriedades, como reserva em
bloco delas .
Camponeses denunciam que já ocorreram várias mortes na fazenda, mesmo
antes da primeira invasão, a maioria de funcionários. Um dos corpos foi
encontrado por pescadores. Mas nenhum dos crimes foi investigado e
ninguém foi preso.
Comenta-se na região, que em 2004, José Paulo de Souza virou chefe de
pistolagem da fazenda em troca de 20% da área. Ele também arrendou o
pasto da fazenda. José Paulo foi um dos pistoleiros assassinos da
Batalha de Santa Elina, conhecida como Massacre de Corumbiara.
Tomar todas as terras do latifúndio!
No final de 2002,
mais de 200 famílias invadiram a fazenda pela primeira vez, cortaram as
terras por conta, construíram casas, estradas e criaram a Associação
Pequenos Produtores do Igarapé Preto. Os camponeses derrubaram e
queimaram cerca de 1.200 alqueires, onde produziram vários tipos de
roças e criações.
Em outubro de 2004 policiais militares e oficiais da “justiça” foram
cumprir uma ordem de reintegração, derrubaram os barracos, despejaram
cereais, queimaram pilhas de arroz. O latifundiário colocou 30
pistoleiros defendendo a área. Os camponeses acamparam no município
vizinho, Cabixi, no Cone Sul de Rondônia, mas como estavam na beira da
estrada, uma a uma, as famílias foram desanimando e abandonaram até
acabar o acampamento.
Em 2016, apoiados pela LCP, várias daquelas famílias, e outros
camponeses sem terra ou com pouca terra, se organizaram para retomar a
luta pelo direito sagrado à terra, com mais consciência, organização e
combatividade.
Conclamamos a todos camponeses, estudantes, professores, trabalhadores
em geral, pequenos e médios comerciantes, especialmente do Cone Sul de
Rondônia para apoiarem os camponeses do Acampamento Igarapé Preto e para
denunciar mais um crime comandados pelos fascistas Confúcio e Ênedy.
Lutar pela terra não é crime!
Terra para quem nela vive e trabalha!
Jaru, 05 de abril de 2017
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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