Denúncias
graves!
Mais
violências do latifúndio e do velho Estado contra camponeses
Jaru,
06 de dezembro de 2015
Em
novembro, dois ex-moradores da Área de posseiros 10 de Maio
sofreram um atentado, na cidade de Buritis. Era noite, várias
pessoas, inclusive mulheres e crianças, estavam na casa de um deles
quando homens armados chegaram de moto e deram muitos disparos de
armas de fogo. Os dois foram atingidos, um no braço e o outro na
perna, mas sem gravidade. A polícia militar foi chamada e chegou na
casa tratando os camponeses como bandidos, interrompeu o atendimento
do SAMU, mandou-os deitar no chão, sobre os cacos de vidro da janela
quebrada pelos tiros. Esta atitude levantou a suspeita de que alguns
policiais militares tinham conhecimento do atentado, que possivelemte
foi cometido por pistoleiros a mando da associação recém-criada
de latifundiários do Vale do Jamari.
Camponeses
da Área de posseiros Bacuri, nos antigos burareiros 14, 15 e
16, na linha 105, em Rio Crespo (Rondônia), fizeram várias
denúncias, especialmente contra a latifundiária Degmar, que se diz
a dona de um destes burareiros. Ela e seu esposo José Vieira
constantemente ameaçam de morte o camponês Cristiano, por
considerá-lo o líder e incentivador da resistência das famílias.
Ele estava com o camponês Maurício, que levou um tiro na noite do
dia 11 de novembro. Uma semana antes deste atentado, Degmar pagou a
fiança para libertar um pistoleiro que presta serviço para ela.
Policiais
civis e militares já fizeram 3 abordagens criminosas no lote do
Cristiano, revistaram a casa e o entorno, alegando denúncias de que
ele tinha armas pesadas e era o líder dos acampados. Nunca
apresentaram uma ordem judicial e sempre ameaçou Cristiano e seus
familiares apontando e manobrando suas armas pesadas. Numa destas
abordagens criminosas, o comandante se apresentou como policial
federal, mas depois, os camponeses descobriram que era o comandante
da patrulha rural da Polícia Militar de Cujubim. Em abril de 2014,
policiais comandados por ele pararam um trator que estava fazendo a
estrada, paga pelos camponeses, tiraram o maquinista e colocaram fogo
no maquinário. Este comandante disse que a PM quer destruir a LCP
por ser “um grupo de bandidos, uma quadrilha”. Mostrou várias
fotos aos camponeses perguntando quem eram os líderes, quem era o
Pelé e o presidente da LCP.
No
dia 1º de dezembro, 2 viaturas da PM escoltaram a caminhonete do
latifundiário Antônio Carlos Faitaroni na fazenda Santo Antônio,
que ele se diz dono, localizada na Gleba 6 de Julho, em Alto Paraíso
(Rondônia). Em novembro, 25 camponeses tomaram estas terras e deram
o nome de Acampamento de Paulo Justino. Segundo trabalhadores
da região, Antônio Faitaroni tem dito que não vai perder a fazenda
Santo Antônio porque tem 36 homens lá, e que busca mais caso
aconteça algo com eles. Ele manda recados aos líderes, que na
verdade, são ameaças: “são novos, é melhor desistirem.”
No
início de dezembro, camponeses da Área
de posseiros Monte Verde,
em Monte Negro (Rondônia) e áreas vizinhas sofreram humilhações e
ameaças de policiais militares em blitz e abordagens abusivas.
Policiais do GOE – Grupo de Operações Especiais, em duas viaturas
com placa de Porto Velho, xingaram de “velha
mentirosa”
uma camponesa, com cerca de 80 anos; proibiram os moradores da área
Élcio Machado entrarem na área Monte Verde; prenderam duas motos,
uma porque o documento estava atrasado, a outra porque a habilitação
do condutor estava vencida. Um policial ameaçou: “Queria
que um sem-terra entrasse na minha data para levar uma bala na
cabeça. Sem-terra não vale nem duas balas.”
Um policial militar de Buritis disse: “Da
linha 25 para cá, só tem bandido.”
No
dia 28 de novembro, a justiça determinou a reintegração de posse
do Acampamento Rancho Alegre 1, com cerca de 30 famílias, que
tomaram o lote 43, na Gleba Corumbiara, em Chupinguaia (Rondônia)
com o apoio da LCP – Liga dos Camponeses Pobres. A advogada dos
camponeses está preparando a contestação da decisão judicial.
Sem
preocupação alguma em esconder suas irregularidades e crimes,
membros da recém-criada Associação dos latifundiários do Vale do
Jamari têm convidado médios proprietários da região a se
associarem. Segundo informações de fazendeiros que foram
procurados, a Associação cobra inscrição que varia de 2 mil a 5
mil reais e mensalidade. Este fundo seria usado para comprar juízes
(3.500 reais) para darem ordens de despejo rapidamente e policiais
para despejar os camponeses, usando de toda violência necessária. A
associação já teria comprado uma viatura da PM que deve ficar a
disposição deles. As propriedades desses associados seria
identificada com uma placa verde.
Lutar
pela terra não é crime!
A
crise econômica e a falência da “reforma agrária” fajuta do
governo faz aumentar as tomadas de terra em todo o país. Os
latifundiários, representam o que há de mais atrasado no país,
porque mantém a concentração de terras entre as maiores do mundo,
grilam terras públicas, produzem matérias-primas para exportação
financiada com fartos recursos públicos. Eles tem aumentado sua
organização e provocado toda sorte de crimes contra camponeses na
tentativa de frear a justa luta pela terra. Juizes, policiais,
funcionários do Incra tem atuado com pistoleiros causando verdadeiro
terror e caçada a lideranças. É preciso uma ampla mobilização de
camponeses, trabalhadores da cidade, movimentos e entidades
democráticas para defender a luta pela terra e evitar mais mortes.
O
camponês quer terra, não repressão!
Conquistar
a terra, destruir o latifúndio!
LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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